O cantor, compositor e pianista Rafael Macedo fará três show na capital mineira, o primeiro, no domingo, 8 de setembro, no Galpão Cine Horto
Para ganhar movimento, a palavra dança precisaria ser grafada com as curvas da letra “s” — e não com “ç”, como é registrada na forma culta da língua portuguesa. Foi assim, a partir dessa ideia poderosa e divertida da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen (1919-2004), o músico, compositor, arranjador, pianista e cantor mineiro Rafael Macedo concebeu o álbum “Talvez uma dansa”, lançado em LP pela Rocinante, bem como nas principais plataformas de streaming de música (escute aqui).
O disco, repleto de deslocamentos musicais, com composições que colocam berimbau e violino no mesmo prumo, por exemplo, é a base para três shows inéditos que o artista realiza em Belo Horizonte, nos meses de setembro e outubro. Primeiramente, no Galpão Cine Horto, dia 8/9 (domingo), às 18h; no Teatro Raul Belém Machado, dia 19/9 (quinta-feira), às 20h; e no Parque Ecológico da Pampulha, dia 26/10 (sábado), às 15h. Os ingressos para as apresentações no Galpão Cine Horto e no Teatro Raul Belém Machado custam R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada) e podem ser adquiridos pela Sympla. Já para o show no Parque Ecológico, o acesso é gratuito e aberto ao público.
No palco
Para as apresentações, ainda que em formato mais enxuto do que no álbum, Rafael Macedo estará acompanhado por sete instrumentistas e cantores. Desse modo, estarão, no palco, Ayran Nicodemo (violino/voz), Joana Boechat (piano/voz), Kamila Druzd (viola), Nat Mitre (percussão), Alberto Fernandes (contrabaixo) e Zé Soares (percussão), bem como Sylvia Klein (canto).
No entanto, o disco não será tocado na íntegra nas apresentações. De acordo com o artista, “porque há músicas que não condizem com adaptações de nenhuma ordem ou que precisam de um grupo bem maior”. Assim, ele optou por trocá-las por outras músicas. “Que também estão se conectando muito ao repertório”, justifica. O show inclui, ainda, releituras de obras de Nelson Cavaquinho e Chico Buarque, em arranjos assinados por Rafael Macedo. Tal qual, de outras músicas inéditas do mineiro, apresentadas ao vivo pela primeira vez.
Universos variados
Segundo Rafael Macedo, a ideia de unir instrumentos de universos aparentemente díspares ou até antagônicos vem de uma busca intensa de sua movimentação universal em relação à música, com influências que vão do Manguebeat a Villa-Lobos. Daí um dos lampejos para o conceito de dansa em sua mais recente obra. “Eu queria que a ideia de dansa com ‘s’ sugerisse o movimento que a Sophia (poeta portuguesa) defende. Depois, até fui revisitar Guimarães Rosa e ver que ele também grafava assim a sua dansa. Ótima companhia para o baile dos corpos ouvintes”, diz o músico.
Influências poéticas
Além das referências poéticas de Sophia de Mello Breyner Andresen e de Guimarães Rosa – que endossam a dansa com “s” de Rafael Macedo e todos os movimentos que ele propõe em seu novo disco – o álbum também conta com outras inspirações nascidas diretamente dos poemas, acrescentando aspectos filosóficos às músicas. A faixa “três” é uma espécie de conversa com os escritos do poeta gaúcho Paulo Leminski (1944-1989).
Já em “do instante”, dois versos emblemáticos do poema “Instante”, de Carlos Drummond de Andrade (1902-1987), são musicados na voz de Lívia Nestrovski, acompanhada apenas de piano e violino: “o que se desatou num só momento / não cabe no infinito, e é fuga e vento”. Além de Lívia, Rafael também divide os vocais com a cantora Jhê, o cantautor Kristoff Silva e um coro lírico feminino de dez vozes.
Em tempo: este projeto é realizado com recursos da Lei Municipal de Incentivo à Cultura de Belo
Horizonte e possui o patrocínio do UniBH.
Rafael Macedo
Multiartista que se divide nas tarefas de compositor, cantor, pianista, arranjador, produtor musical e professor, Rafael Macedo tem uma carreira de mais de duas décadas de estrada. Formado em Educação Artística com Habilitação em Música pela UEMG, o mineiro possui quatro projetos autorais no currículo. É considerado um poeta-alquimista, dotado de inclinação para ressignificação de sonoridades.
Já dividiu o palco com Hermeto Pascoal, Toninho Horta, Gabriel Grossi, Benjamim Taubkin, Juliana Perdigão, Kristoff Silva e Rafael Martini, bem como com o grupo UAKTI, entre outros não menos importantes. Por seu trabalho como compositor, foi agraciado em duas edições do Prêmio BDMG Instrumental (2006 e 2013). Tal qual, pelo Circuito Funarte de Música Popular (2010). Enquanto arranjador, colaborou em obras de diversos artistas, como Graveola, Leopoldina Azevedo, Leonora Weissmann, Coletivo Ana e Edu Pio. Na produção musical, Macedo trabalhou em discos da Misturada Orquestra e da cantautora Sofia Cupertino.
Serviço
Rafael Macedo apresenta “Talvez uma dansa”
Quando. 8/9 (domingo), às 18h
Onde. Galpão Cine Horto (R. Pitangui, 3.613 – Horto)
Quanto. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Venda online neste link
Quando. 19/9 (quinta-feira), às 20h
Onde. Teatro Raul Belém Machado (R. Jauá, 80 – Alípio de Melo)
Quanto. R$ 10 (inteira) e R$ 5 (meia-entrada). Venda online neste link
Quando. 26/10 (sábado), às 15h
Onde. Parque Ecológico da Pampulha
(Av. Otacílio Negrão de Lima, 6.061 – Pampulha)
Quanto. Entrada gratuita, sem retirada de ingressos