O premiado espetáculo, que acompanha o álbum homônimo (lançado por Luiza Lian no último ano), será realizado no Teatro Sesiminas
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Luiza Lian conta que, em certo período da vida, chegou a acalentar um sonho bem específico: o de morar na capital mineira. “BH é uma cidade pela qual eu sempre simpatizei. Tive a fantasia de morar aqui pelo fato de que, ao mesmo tempo que se trata de uma cidade grande, consegue preservar essa característica do carinho do povo mineiro, que é muito particular”, elogia a cantora, compositora e artista visual brasileira. Para não falar de outros aspectos. “A culinária é maravilhosa”.
E, óbvio, em se tratando de uma artista da música, este universo também não ficaria de fora do rol de elogios a Minas. “Tem uma tradição musical aí que é muito poderosa e inspiradora. A da canção, do violeiro… Vejo como um berço tão importante da música brasileira”. Não por outro motivo, é com alegria assumida que Luiza volta agora à cidade – no caso, para apresentar o show “7 Estrelas | quem arrancou o céu?”.
O show
O encontro com o público será neste sábado, dia 27, no palco do Teatro Sesiminas. O repertório tem como base o álbum homônimo, lançado pela artista no ano passado. Aliás, Luiza Lian ressalta que a construção visual do show teve início concomitantemente ao processo do álbum. “Durante todo o período de maturação do disco, eu já ficava lá, sonhando com o espetáculo”, confessa. (abaixo, Luiza Lian, em foto de Larissa Zaidan/Divulgação)
Na verdade, trata-se de um espetáculo cênico-musical, que inclusive traz a participação de duas dançarinas, bem como projeções e um elaborado desenho de luz. Todas as músicas do disco serão apresentadas. Entre elas, “A Minha Música É” e Tecnicolor”. “São faixas que acho muito estruturantes da primeira parte da história (do disco), que gosto de chamar de A Esfinge”. Do mesmo modo, “7 Estrelas” e “Desabriga”, que, diz ela, abordam o processo de reencontro, de conexão, de que trata o novo trabalho. “E também apontam para um novo caminho, um renascimento”.
Jornada
O disco, lembra ela, foi todo pensado como uma espécie de jornada. “Um filme mesmo, uma história. E, nessa jornada, está uma pessoa que acaba mergulhando em espelhos – digitais – e se perdendo de si mesma. Ou seja, é como se fosse uma jornada dessa pessoa em um labirinto até se reencontrar”, sintetiza Luiza.
Ópera digital
A presença das dançarinas, conta Luiza, ao Culturadoria, foi pensada junto à coreógrafa Lua Gabanini, fundadora do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos, que utiliza elementos da cultura hip-hop na realização de trabalhos teatrais. “A Lua é dançarina, é do teatro… Maravilhosa, uma artista muito interessante. E (a presença das dançarinas), aqui, foi pensada de uma forma, digamos assim, um pouco alternativa de como elas costumam ser colocadas”. (abaixo, a artista, em foto de Michele Diniz/Divulgação)
Sendo assim, há horas em que elas estão ali, dançando com Luiza, e outras nas quais têm um papel mais coadjuvante, compondo uma cena. “Como se fossem elementos daquilo que estou contando. Do que se desdobra de mim nessa jornada, digamos assim, visual”, esclarece. Além das dançarinas e de Luiza Lian, o palco também abriga Charles Tixier.
Projeções e desenho de luz
No geral, o espetáculo traz referências a várias figuras, como a de Narciso, assim como a alguns filmes. Tais referências são espraiadas por meio dos recursos já citados, como as luzes e projeções. Mas Luiza esclarece: nada foi pensado de forma isolada. Ao contrário, sempre visando o todo. “Por exemplo, no caso das projeções, o que vale é como elas compõem a cena. Tudo o que está ali tem um papel. Não é que a dança seja protagonista, nem os vídeos: eles têm um papel em conjunto (com os demais elementos)”. Abaixo, a artista, em foto de Leon Gurfen/Divulgação.
E o papel das imagens projetadas, assim como das em laser, prossegue Luiza Lian, é, ao fim, reconfigurar a arquitetura do palco ao longo do show. “Desse modo, tem horas que vai parecer que estou mergulhada numa nuvem de pixels, assim como, em outra, o laser vai formar uma espécie de um trono. (Tal qual) Tem horas que vai parecer que estou mergulhada numa galáxia, sei lá, viajando no espaço (risos). Então, o papel da junção das imagens com os lasers é exatamente ir transformando esses ambientes na travessia do show”. Outro elemento importante nesta equação é o figurino.
Prêmio APCA
Importante salientar que o espetáculo “7 Estrelas | quem arrancou o céu?” arrebanhou o prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte) na categoria Melhor Show de 2023. Perguntada sobre o reconhecimento, Luiza Lian pontua que o considerada como uma espécie de aval à trajetória artística. “Para mim foi muito importante, o reconhecimento desse caminho que venho percorrendo já há um tempo. Na verdade, desde (o disco) ‘Oyá Tempo’, de 2017, que nasceu como uma performance mesmo”.
(Abaixo, foto de Luiza Lian, por Larissa Zaidan/Divulgação)
Luiza relembra que, lá, em cena, vestia uma imensa saia de plástico, que ocupava o palco inteiro. Assim, uma projeção ia transformando a roupa, assim como o ambiente. Depois, veio o disco “Azul Moderno”, no qual ela já recorria aos lasers. “E agora, no ‘7 Estrelas’, esses elementos estão dançando de uma forma única. Então, ter ganhado o APCA… Eu senti como um prêmio não só desse disco, mas de toda a minha trajetória. Ou seja, dessa proposta, de uma forma nova mesmo, de pensar esse espetáculo musical dentro da cena da música contemporânea brasileira”.
As montanhas de Minas
Em tempo: além do apreço particular por BH, Luiza Lian também revela que tem um carinho enorme por Minas como um todo. “E por muitas razões diferentes. Na adolescência, foi um destino muito importante, muito mágico, místico. Eu ia muito ao Festival de Diamantina. Então, foi um lugar de muitas descobertas, de muitos encontros preciosos. Lá, era muita gente junta, reunida, querendo pensar arte. Tudo isso foi muito precioso. Fora o fato ser Diamantina, aquela cidade maravilhosa… Eu tenho um vínculo muito forte com essas paisagens, as montanhas”.
Serviço
Luiza Lian – “7 Estrelas | quem arrancou o céu?”
Quando. Sábado, 27 de abril, às 20h
Onde. Teatro Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)
Classificação: Livre
Ingressos: de R$ 50 a R$ 130
Ingressos: https://bileto.sympla.com.br/event/92457/d/247461
Duração: 70min
Classificação: Livre