Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Little Fires Everywhere: por que você deveria ver a série disponível na Amazon Prime?

Série é protagonizada, e produzida, por Reese Witherspoon em mais uma ótima atuação

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No início de Little Fires Everywhere você tem a impressão de estar vendo uma novelinha bem convencional americana. Bom, ainda bem que é só impressão mesmo, e bem no início. À medida em que a trama avança, todos os problemas estruturais da nossa sociedade vão sendo revelados. Aí descortina-se o mundo hipócrita que vivemos, marcado por diferenças sociais, raciais e de gênero. 

Resultado? A partir do quinto episódio você fica morrendo de vontade de encontrar um amigo que tenha visto para colocar angústias para fora. Os diálogos certeiros, os preconceitos velados, os privilégios… ah, os privilégios… tudo faz pensar. Esta é, a meu ver, a função da arte. 

 

Little Fires Everywhere
Little Fires Everywhere. Credito: Hulu /Divulgação

Sinopse

A série é protagonizada por Reese Witherspoon que, aliás, tem feito ótimas escolhas para atuar e produzir, vide Big Little Lies. Ela interpreta Elena Richardson, uma jornalista frustrada no interior americano que abriu mão da carreira para cuidar da família. Tem quatro filhos. Posa de esposa ideal e mãe perfeita. Típica configuração de propaganda de margarina.

Fazendo a linha “boa alma”, resolve ajudar Mia Warren (Kerry Washington), mãe solteira recém-chegada ao bairro com a filha adolescente, Pearl. Rapidamente, a menina entrosa com os filhos de Elena, passa a frequentar a casa grande. Ah, Mia e Pearl são negras, nômades, viviam dentro de um carro. Aí já deu para sacar que o conflito logo vai aparecer, né? 

Plot Twist

Mas o bacana de Little Fires Everywhere, como o nome sugere, é que aos poucos o roteiro vai revelando como, de fato, existem pequenos incêndios por toda parte. Vale ressaltar que a série é escrita por Liz Tigellar, que tem no currículo sucessos como Revenge, Bates Motel e Once Upon a Time.

Sabe aquela coisa do teto de vidro? Pois é. Quem foi criado bom base em privilégios, segue o fluxo, repete e assim a sociedade continua o seu ciclo vicioso repleto de problemas estruturais. 

Todos os personagens têm conflitos. Todos. São humanos.  Homens, mulheres. Brancos, negros. Jovens, adultos. São todos frutos de situações cotidianas, convivências, relacionamentos. Sendo assim, fica fácil – e incômodo, claro – perceber que são reais. Será que você conhece alguém que já viveu situação parecida? E aquele jantar em família quando tudo está pegando fogo, mas aparentemente tudo parece normal?

 

Little Fires Everywhere
Little Fires Everywhere. Credito: Hulu /Divulgação

Melhores personagens

Talvez seja cedo para começar a torcer, mas Reese Witherspoon e Kerry Washington são sérias candidatas aos troféus da temporada de prêmios. Gosto mais da atuação de Kerry, pela contenção, pela sutileza de cada movimento. É aquele tipo de atuação que só o jeito que ela olha tem um “bife” inteiro de frases. 

Achei curioso o fato dos homens terem papeis “secundários” embora a discussão sobre o machismo estrutural esteja presente. Na verdade, a série é também o retrato de um mundo moldado por eles, em posição de poder, e que, ao longo do tempo, contou com a ajuda até mesmo das mulheres para reforçar estes lugares. Ou seja, machismo não apenas estrutural, mas estruturado também. 

Críticas

Embora não tenha gerado burburinho, Little Fires Everywhere recebeu boas críticas no Brasil. Bárbara Demerov, do AdoroCinema, chama atenção para o fato da série abordar questões sociais essenciais. Já Adriana Izel, do Correio Brasiliense, afirma que tem tudo o que uma boa produção precisa. 

Patrícia Kogut, do Globo, chama atenção para os clichês que o roteiro tem. Ainda assim, elogia: “Apesar das obviedades, “Little fires everywhere” prende a atenção e é bom entretenimento. Merece a sua atenção.”

Mais que atenção, Little Fires Everywhere merece também sua reflexão. 

 

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