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Literatura infantil: entenda a importância de criar pequenos leitores

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Estimular a literatura infantil entre os pequenos é um investimento no futuro

Helena Tomaz | Assistente de Conteúdo

Para quem adentra uma livraria virtual ou física sem um título específico em mente, muitos fatores podem influenciar a escolha por uma entre tantas obras disponíveis – entre esses fatores, estão o gênero, o tema, o autor ou até mesmo a capa. No entanto, quando a intenção é adquirir um livro para presentear uma criança, a questão assume ares mais complexos, uma vez que os padrões que asseguram um bom conteúdo para esta faixa etária, em particular, podem ser um tanto quanto diferentes dos que se referem à publicação para adultos.

Estimular a literatura infantil entre os pequenos é um investimento no futuro.
Foto: Pixabay

No entanto, se, por um lado, a escolha se torna mais difícil, a importância dela aumenta, como pontua Camila Petrovitch, professora e pesquisadora sobre literatura infantil. “A literatura permite engrandecer, aumentar o repertório estético, aumentar o repertório ético, deixar essa criança criar e construir suas próprias opiniões”, enfatiza ela.

Em seu perfil no Instagram, Camila Petrovitch compartilha o dia a dia como professora da educação infantil e pesquisadora, além de compartilhar dicas de leituras para os pequenos.

O papel dos livros

Para Camila, a importância de formar pequenos leitores se encontra na possibilidade. Ela explica: “A literatura não tem que servir a nada, mesmo que sirva. Assim, não tem o objetivo de formar essa criança para nada – mas forma”.

A pesquisadora completa: “A literatura possibilita à criança contribuir subjetividades textuais, assim como elaborar metáforas de sentimentos que até tem, mas que, às vezes, não consegue explicar. Do mesmo modo, (possibilita) viajar em mundos e culturas pelos quais talvez não conheceria, e oferecer a um grupo uma bagagem comum da cultura”.

Em 2019, durante o governo do presidente Jair Bolsonaro, um programa federal de incentivo à literatura infantil, chamado “Conta pra Mim”, chegou a ser criado. A política, no entanto, foi duramente criticada por grupos de educadores. Assim, um manifesto, assinado por cerca de três mil profissionais, contra o programa, chegou a ser publicado. É que os livros chancelados pelo governo alteravam o teor de narrativas clássicas, como a das histórias de João & Maria e Chapeuzinho Vermelho, em sintonia com valores alinhados a um governo assumidamente de direita.

Acesso ao livro é ponto importante

De todo modo, a pesquisadora salienta que o Estado, somado à família e à escola, pode exercer um papel importante na formação de crianças leitoras, uma vez que torna possível que crianças – especialmente de classes sociais empobrecidas – tenham acesso aos livros.

Sobre esse tipo de censura, Camila explica: “Se essa criança vai ler, e quanto mais ela ler, quanto mais repertório ela tiver, ao longo da sua formação, ela vai poder discernir o que é interessante do que não é. A gente precisa possibilitar a essa criança uma ampla gama, para ela construir esse senso crítico para a vida inteira.”

Capas atraentes e uma multiplicidade de títulos deixam os consumidores em dúvida sobre qual obra escolher (foto Patrícia Cassese)

A professora destaca ainda, a importância do papel da escola e da família para o incentivo à leitura. Para ela, é obrigação da escola formar crianças interessadas em literatura e a família também é um importante aliado nessa formação. “As famílias são um elo importantíssimo: elas que vão estabelecer essa relação de afeto, de curiosidade, de instigar a vontade nessa literatura. Em casa, quando a criança se habitua a ver o pai só mexendo no telefone ou vendo TV, vai imitar. Assim, a literatura também faz parte disso.”

O que procurar em um bom livro?

De acordo com as pesquisas da educadora Cláudia Pimentel, autoridade no assunto no Brasil, três pilares definem a qualidade de um livro infantil: os aspectos temáticos, a qualidade textual e a qualidade gráfica.
A qualidade temática diz respeito àquilo que a história traz de novo, de instigante e enriquecedor. Já a qualidade textual fala sobre as técnicas e recursos textuais empregados pelos autores, como rimas e frases complexas, que não subestimem as capacidades intelectuais infantis.

Os livros abrem inúmeras possibilidades ao público leitor; no caso das crianças, o hábito da leitura vai sendo edificado (Foto: Patrícia Cassese)

Por fim, a qualidade gráfica representa as imagens e ilustrações, além das outras possibilidades materiais que envolvem a criação de um livro.

O que evitar ao escolher um livro infantil?

Camila Petrovitch sugere não escolher livros de histórias já conhecidas pelas crianças, livros que são comercializados como subprodutos de desenhos animados. “Se eu pudesse ditar uma regra, seria: Pense em um livro que vai ampliar. Se a gente trouxer mais do mesmo, como a literatura vai ampliar? Os filmes da Disney são lindos, mas eles já são filmes. Para que trazer isso para a literatura? Pule fora desses personagens da televisão, estereotipados!”, comenta.

Editoras
Para ajudar na busca por livros infantis, selecionamos uma lista de editoras para ficar de olho! *

Companhia das Letrinhas

Selo Pequena Zahar
Editora Abacatte
Grupo Editorial Lê
Aletria
Jujuba (publicações para a primeira infância, de 0 a 3 anos.)
Editora Aneli
Martins Fontes
Rocquinho
Nova Fronteira
Editora Globinho (que lançou os livros infantis escritos por Rita Lee)
Coleções da Mazza Editora, como Meninas Negras (a editora também tem o selo Peninha Edições, voltado a este público)

* (evidentemente, existem várias outras, independentes ou não, Brasil afora; para quem estiver em dúvida, vale acompanhar os vários perfis de Instagram dedicados a apontar boas leituras)

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