Filme de Lucas Weglinski, sobre a flautista, arranjadora e compositora Léa Freire, terá sessão especial em BH, com debate
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Pensado para colocar em relevo a importância da flautista, arranjadora e compositora brasileira Léa Freire, o documentário “A Música Natureza de Léa Freire”, de Lucas Weglinski, terá uma sessão especial na capital mineira – precisamente, neste sábado, 31 de agosto. O local é o cinema do Centro Cultural Unimed-BH Minas. A boa notícia é que, após a exibição, haverá um debate, e com a participação da própria Léa Freire. Tal qual, de Arthur Andrés, Natália Mitre e Alexandre Andrés.
Urgência
Em entrevista ao Culturadoria, Lucas Weglinski conta que o filme nasceu dessa urgência de “apresentar” Léa Freire (“essa que é considerada a maior compositora da nossa geração aqui no Brasil”) para o público brasileiro. Isso porque, mesmo aclamada mundo afora, a paulista, que atualmente está com 67 anos, ainda é pouco conhecida pelo público em geral.
Weglinski detalha: “Eu tive a sorte de acompanhar a Léa Freire pela Europa, pelos Estados Unidos, diversos lugares. Acompanhar ela sendo homenageada por orquestras e fazendo shows de jazz – porque, afinal, a Léa transita por todas as áreas, da música popular brasileira, jazz, free jazz, improviso, piano solo, quartetos, trios, quintetos, quarteto de cordas, com orquestras de câmara… E, finalmente, a Léa sinfônica, com as grandes orquestras”.
Expulsa de casa
No entanto, ele lamenta ter feito uma constatação. “Percebi que o público brasileiro – inclusive o de música instrumental, o de música popular, o de jazz e o de música clássica ou sinfônica, que são públicos que muitas vezes convergem, mas são diferentes – não conhecia, ou conhecia muito pouco, sobre a história e a obra da Léa Freire”. De todo modo, Weglinski compartilha o quanto foi maravilhoso, durante o filme, descobrir fatos curiosos sobre a vida da flautista. “Para citar um exemplo, como ela, bem nova, aos 16, 17 anos, acaba sendo expulsa de casa por estar tocando na noite com o Filó Machado e grandes nomes da música brasileira, como o Manézinho da Flauta, Arismar do Espírito Santo, Silvia Goes, Amilton Godoy”.
Não só. Lucas Weglinski lembra que, ficando sem casa, Léa Freire acaba sendo ‘adotada’ por Alaíde Costa. “Assim, passou alguns anos morando na casa da grande Alaíde, sendo cuidada por ela e, tal qual, vivendo essa musicalidade preta brasileira – que, vale dizer, também ainda precisa ser apresentada ao Brasil. Filó Machado, Alaíde Costa – que, agora, aos quase 90 anos, vem ganhando notoriedade”.
Educadora
Weglinski prossegue: “Outra descoberta bonita desse filme foi o trabalho que eles fizeram nas antigas Febems – hoje, Fundação Casa. Casas de detenção nas quais eles iam para levar um pouco de música. Um pouco de sensibilidade, como diz a Léa. E, depois, como a Léa virou uma grande educadora. No caso, informal. Ela não é uma professora oficial em nenhum instituto, mas vive dando oficinas, master classes e aulas em universidades públicas, em escolas públicas de música”.
O diretor cita, por exemplo, o Projeto Guri, que envolve 300 escolas públicas de música. “Em Minas, ela está passando pelo Conservatório da UFMG, também passou em São João del-Rei. Na Universidade Federal em Brasília, na escola pública, enfim. Então, são muitas camadas que unem cultura e educação, e que acho que é o grande caminho de transformação do povo brasileiro. E o filme traz, além dessa história, muitas músicas da Léa, em vários formatos, sabe? De piano solo à orquestra completa, do jazz do improviso ao choro, à música popular, à canção. Então, acho que vai valer muito a pena ir lá, assistir ao documentário e ainda ter a presença da Léa Freire”.
O diretor
Diretor de “A Música Natureza de Léa Freire”, Lucas Weglinski tem, em seu currículo, filmes como o premiado “Máquina do Desejo”, cuja direção é de Joaquim Castro. A produção participou de diversos festivais brasileiros e estrangeiros. Recebeu prêmios como Melhor Documentário – New York Tri State Film Festival – 2023, Melhor Música – Roma International Film Festival – 2023, Melhor Documentário – Los Angeles Brazilian Film Festival – 2022, e Prêmio de Empoderamento Feminino – Tokyo International Film Festival – 2022, entre outros. Além disso, festivais como Vision du Réel, In-Edit, Toronto Indie, Festival de Cinema Latino de São Francisco e Festival Internacional de Cinema de Bern exibiram o doc.
“A Música Natureza de Léa Freire” é um lançamento da Descoloniza Filmes.
Confira, a seguir, o trailer
Ficha Técnica
Direção e roteiro: Lucas Weglinski
Protagonistas: Léa Freire, Alaíde Costa, Amilton Godoy, Silvia Góes, Filó Machado, Arismar do Espírito Santo, Joana Queiroz, Erika Ribeiro, Tatiana Parra, Jane Lenoir, Keith Underwood
Produtores: Carolina Kotscho e Clara Ramos
Produção Executiva: Heloisa Jinzenji, Fernando Nogueira e Lucas Weglinski
País: Brasil
Ano: 2022
Duração: 99 min.
Distribuição: Descoloniza Filmes
Serviço
Sessão de estreia de “A Música Natureza de Léa Freire”, com debate (*)
Quando. Sábado, 31 de agosto, às 20h30
Onde. Cinema do Centro Cultural Unimed BH Minas (Rua da Bahia, 2.244, Lourdes)
*Participação de Léa Freire, Arthur Andres, Natália Mitre e Alexandre Andres.