Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Jorge Furtado oferece curso de criação de roteiro a partir de 16 de março

Ao lado do Centro Cultural b_arco, Casa de Cinema de Porto Alegre e Projeto Paradiso, o diretor e roteirista compartilha décadas de conhecimento com o público

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O roteiro é uma base fundamental para qualquer produção audiovisual, seja para o cinema ou para a televisão, por exemplo. Por isso, deve ser desenvolvido com habilidade. Pensando nisso, o diretor e roteirista Jorge Furtado (Meu tio matou um cara, O homem que copiava, Sob pressão) se une ao Centro Cultural b_arco, Casa de Cinema de Porto Alegre e Projeto Paradiso para realizar o curso Roteiro: do começo ao fim, passando pelo meio. 

Ele tem início em 16 de março e será dividido em 27 aulas. Dessa forma, são nove horas de conteúdo, que ficarão gravadas, explicando as etapas e processos de criação de um roteiro de cinema e televisão. Além disso, vai falar sobre elementos da linguagem, personagens, trama, gêneros etc. As inscrições podem ser feitas até um dia antes do início do curso no site do b_arco e custa R$ 299 na pré-venda. 

Jorge Furtado

O diretor e roteirista começou a gravar o piloto de um curso em vídeo em 2019, após vencer um prêmio da Fundação Paradiso. Mas a experiência em aulas veio de bem antes. “O primeiro curso de roteiro que dei – olha só a pretensão! – foi em 1993. Eu nunca tinha feito um longa-metragem, apenas curtas, programas e séries de TV. De lá para cá fui acumulando anotações sobre o ato de escrever um roteiro”, revela. O primeiro material só foi organizado, de fato, em 1994, quando ministrou aulas na Escola de Cinema em Cuba. Depois disso, deu vários cursos e o material cresceu para aproximadamente 600 páginas. 

Jorge Furtado
Foto: Rogerio Resende / R2Foto

Sobre o curso Roteiro: do começo ao fim, passando pelo meio especificamente ele conta que após 32 séries, mais de 30 filmes, curtas e longas, aprendeu muito com o processo de produção das aulas. “Meu esforço é que o conteúdo fosse útil tanto aos jovens estudantes, que querem fazer um curta na escola, como aos roteiristas experientes que têm problemas no segundo ato, ou no primeiro capítulo da terceira temporada de uma série. Ou mesmo para quem quer apenas entender como as histórias são contadas”, explica. 

Jorge Furtado respondeu, ainda, sobre como tantos anos de experiência influenciam no seu trabalho, a produção na pandemia e um panorama das produções atuais. Confira!

– O senhor começou a sua carreira profissional nos anos 1980 na TV Educativa e depois trabalhou como repórter, apresentador, editor, roteirista etc. Fundou também a Casa de Cinema de Porto Alegre, deu aula em universidades e agora concilia a atuação como roteirista com palestras, seminários, cursos e oficinas. De que forma todas essas experiências refletem no seu trabalho? Há uma espécie de diálogo entre elas?

Acredito que, para quem vive daquilo que escreve, todas as experiências – estudar, trabalhar, namorar, viajar – podem ser úteis. Fiz muitas coisas, garanto que todas elas já me serviram de material para histórias. (Acho que meus anos de estudo de medicina me ajudaram bastante a escrever o roteiro da série Sob Pressão, por exemplo. E meu curso de mecânica Volkswagen – que fiz com 16 anos – me apresentou tipos engraçados, com características que já usei em personagens, além de me ensinar como desmontar um motor de fusca.)

Sobre os cursos e palestras, tento refletir sobre o meu ofício e continuar aprendendo, estudando. Desde 1995 eu acumulo estas reflexões, especialmente sobre roteiro, e sigo escrevendo e pensando sobre o tema, que tentei organizar de forma didática e, se possível, divertida. Refletir sobre o meu ofício diário, compartilhar minhas experiências e dúvidas com alunos, tem me ensinado muito.

– O seu trabalho representa uma certa renovação na dramaturgia brasileira, como em Ilha das Flores e O Homem que copiava, por exemplo. Como o senhor enxerga a produção cinematográfica brasileira hoje? Tanto o cinema comercial quanto as produções mais independentes e alternativas, dá para imaginar para onde estamos caminhando?

O momento é de muita diversidade, pela proliferação de mídias e maior facilidade técnica para produzir filmes e séries, e de grande transformação do mercado. Vivemos uma revolução das formas de ver e também de produzir audiovisual. Pela primeira vez, por exemplo, os produtos audiovisuais brasileiros competem, nas plataformas de streaming, nos canais a cabo, diretamente com as séries e filmes estrangeiros. Isto já acontecia nas telas dos cinemas, mas as telas dentro de casa eram, até 10 anos atrás, um terreno quase que reservado às novelas e séries brasileiras.

E mais: a pandemia fez crescer muito o consumo de filmes e séries, entretenimento caseiro e seguro. Por quanto tempo isso vai durar, e os reflexos que a peste terá na dramaturgia audiovisual, ainda não sabemos. Felizmente, em qualquer formato – série, minissérie, filme, novela – sempre será necessário alguém, uma voz, que conte uma história, de interesse humano. E esta história tem que ser transformada num roteiro antes de ser filmada.

– Como está sendo a sua produção em tempos de pandemia? Alterou a sua rotina de alguma forma?

A epidemia alterou minha vida de muitas formas, acho que como a vida de todos, mas minha rotina de trabalho diário, quando não estou em produção, dirigindo, é ler e escrever. Vários projetos foram adiados, outros surgiram. Em 2020 fiz uma série, Amor e sorte, de 5 episódios, gravados pelos próprios atores em suas casas. E trabalhei em alguns roteiros, em duas peças e num livro. E também gravei o curso. Trabalhei bastante.

Jorge Furtado
Foto: Mariana Fontoura

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