A segunda edição do evento, fruto de parceria entre a Livraria Jenipapo e o projeto República da UFMG, terá início às 19h, com entrada franca
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Acontece nesta terça-feira, a partir das 19h, mais uma edição – a segunda – do projeto República Jenipapo, parceria da Livraria Jenipapo e do Projeto República da UFMG, este último, coordenado pela professora Heloisa M. Starling.
O República Jenipapo, vale dizer, nasceu com o objetivo de promover debates ao ar livre, fomentando um espaço de diálogo aberto em Belo Horizonte. O lugar em questão é a praça que fica logo em frente à sede da Jenipapo, na rua Fernandes Tourinho, 241, na Savassi.
O segundo encontro traz o lançamento e debate do volume zero da série “Quem foi que inventou o Brasil?”, do jornalista e escritor Franklin Martins. A obra traz o subtítulo: “A música conta a história do Império e do começo da República (1822-1906)”. A entrada é gratuita.
Mais que letra da marchinha
No livro, Franklin Martins mostra que a invenção do Brasil pela música é ainda mais antiga do que apontava Lamartine Babo na marchinha “História do Brasil”, sucesso do carnaval de 1934.
Na letra, o músico cita Pedro Álvares Cabral, ainda que também mencione, por meio do personagem Peri, de José de Alencar, os povos originários.
Para endossar sua teoria, Franklin Martins se debruçou em pesquisas e reuniu cerca de 300 canções, a maioria gravada pela primeira vez para o livro, lançado pela Kotter Editorial.
O material, vale dizer, está disponível para audição.
Debate público
O embrião do projeto República Jenipapo se localiza em setembro no ano passado, mais precisamente, por conta do lançamento do livro “Independência do Brasil: As mulheres que estavam lá” (Bazar do tempo).
Organizado por Heloísa Starling e Antonia Pellegrino, o livro teve sua apresentação oficial na Livraria Jenipapo, que é administrada por Tatiane Fontes Ladeira e Frederico Alves Pinho.
Na ocasião, os dois resolveram promover um bate-papo na praça situada ali, em frente.
Uma conversa, claro, ligada à temática da obra. “Era um sábado, e, ali, a gente viu o tanto que era interessante, legal, ter um espaço de debate público na praça”, comenta Frederico.
Daí, prossegue ele, começaram as conversas entre as partes sobre uma possível parceria. Logo depois, a Jenipapo recebeu o Guilherme Amado, autor de ‘Sem Máscara – O Governo Bolsonaro e a Aposta pelo Caos” (Companhia das Letras).
Discussão acalorada
Naquele dia, Guilherme Amado também fez uma pequena explanação sobre o teor do livro. “A obra dele, como se sabe, trata de bastidores do governo (Jair) Bolsonaro. Como a gente estava naquele período de eleições, esperando o segundo turno, foi um debate muito interessante e acalorado”, expõe Frederico.
“Também serviu como uma espécie de ensaio e incentivo para a gente seguir pensando o projeto”, pontua Frederico.
Pautas diversas
Outro fator que pesou na hora de estabelecer a parceria do República Jenipapo foi que Heloísa foi professora de Frederico.
Não bastasse, ela era cliente da extinta Livraria Ouvidor, cuja loja, hoje, abriga a Jenipapo. “E passou a ser nossa cliente”, diz o livreiro.
Tudo isso, prossegue ele, fez com que as partes estabelecessem canais de conversa. “E aí nasceu a ideia de criar o projeto, com uma frequência de encontros mensais, convidando bons autores”.
Escritores cujos temas que permeiam as obras mais recentes pudessem ser discutidos na praça. “Temas relacionados à política, à república, mas também temas que, de algum modo, atravessassem outras pautas relacionadas à nossa cultura. Que sejam dignos de debate público”, diz Frederico.
“Corpo Desvelado”
O primeiro evento do República Jenipapo, conta a sócia Tatiane, foi o lançamento e debate de “Corpo Desvelado”, livro lançado pela Cepe, editora de Pernambuco.
Com organização de Eliane Robert Moraes, pesquisadora da USP, a obra é uma reunião de contos eróticos brasileiros, abarcando o período que vai de 1922 a 2022.
“É um pouco de um retrato do país, já que passa por vários autores, autoras, épocas, estilos. O Brasil se revela também um pouco através desses contos. E o sucesso foi um evento, ficou muito cheio”, brinda ela. “Aliás, estamos tendo que providenciar mais cadeiras”.
Além da presença da autora, o evento contou com a presença de Schneider Carpeggiani, o publisher da Cepe, que veio especialmente de Pernambuco.
Tatiane lembra que, além do público que acorreu ao local já ciente da realização do lançamento, muitos transeuntes acabaram sendo fisgados, engrossando o público. “Inclusive, o evento abriu espaço para perguntas da plateia”.
Música e projeções
Franklin Martins, segue a sócia da Jenipapo, vai lançar o volume zero da série sobre música e política. “Ele já lançou três volumes, que dizem respeito à República, e agora lança esse zero, que trata do Império e do começo da República”.
Tatiane conta que os mentores do República Jenipapo estão com uma perspectiva de o evento ser mais uma vez excelente, “de gerar uma conversa muito rica sobre política e música”.
Ela salienta, ainda, que uma das marcas do projeto República Jenipapo são as projeções que livraria faz no vidro da fachada. “Sempre relacionadas à temática do livro da vez”, frisa.
Nesta terça-feira, o República Jenipapo também reserva espaço para a música. “Vamos colocar algumas músicas (citadas por Franklin Martins na obra) e ele vai comentar sobre elas e sobre os períodos da história a que fazem alusão”, finaliza Tatiane.
Serviço
Projeto República Jenipapo
Nesta terça-feira, 25, às 19h, na praça da Livraria Jenipapo (rua Fernandes Tourinho, 241, Savassi).
Entrada gratuita.