Jão pode ser considerado herói, mesmo trazendo ao público seu disco denominado anti-herói. Herói por dar o melhor de si em disco denso mesmo assim, arrebata os jovens fãs. No show apresentado no Palácio das Artes, em BH, nesta sexta-feira, dia 1, devoção da plateia foi o que não faltou. O cantor entregou um espetáculo com cuidado estético em um ambiente que parece ter sido novidade para boa parte dos seguidores dele.
O terceiro sinal ainda não havia tocado e o público correu desesperadamente para a frente do palco. Apesar da apresentação ter sido no teatro, quem preferiu ficar sentado, certamente não conseguiu ver. O melhor foi entender como é importante que a nova geração ocupe o Palácio das Artes, mesmo que quebrando regras antigas. O que vale é estar lá.
O terceiro show da turnê do novo álbum, lançado no mês passado, durou pouco mais de uma hora. Jão surgiu no palco assim que uma cortina caiu e a plateia foi à loucura. O cenário – todo branco – revelava o cuidado estético do artista. Dessa maneira, no centro havia um painel de LED. Do lado direito, uma cabeça inflável, gigante. Do outro, a banda. Mas não pense que de um modo tradicional. Cada músico estava em um nível diferente. Tudo branco, o que valorizou a iluminação.
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Repertório
Triste para sempre foi a canção escolhida pra abrir o espetáculo. O repertório foi mesclado: hora duas canções de ‘Anti-herói’, outrora duas de ‘Lobos’, primeiro disco da carreira. Ao todo foram 17 canções, exatamente o mesmo roteiro do show do Rio de Janeiro.
Jão não é um cara de muito discurso. Mas quando fala, arrebata o público. Após interpretar quatro canções falou sobre transformação, entrega e sobre o momento da vida dele. “Estou feliz de estar na cidade. Sempre que venho aqui alguma coisa me transforma. Obrigado a cada um de vocês. Fiz esse álbum para me livrar de muita coisa ruim e tenho muita sorte de ter vocês para compartilhar minha música. Me sinto egoísta, mas uso esse momento para me curar. Contudo, hoje quero que me usem para se curarem de qualquer coisa da sua vida. Você escolhe se quer lembrar ou esquecer. Coloque o sentimento na garganta e cante”, disse.
E sentimentos não faltaram no show. Foi possível ver pessoas chorando, se emocionando, completamente entregues a Jão. Vale lembrar: é uma plateia bem distinta daquela que tem o hábito de frequentar o Palácio das Artes. Com as letras na ponta da língua, os fãs contribuíram para que o show ficasse ainda mais lindo. A cada música um coro se formava.
Performance sobre amor
Jão é muito verdadeiro no que canta. Mostra isso no palco que, aliás, ocupa muito bem. Neste disco, compartilhou o fim de um relacionamento. Dessa maneira, o fim do romance, segundo ele, foi responsável por fazê-lo sentir as coisas mais bonitas e as mais desafiantes. Após lançar ‘Lobos’, em 2018, Jão disse que planejava algo mais colorido e intimista, do jeito que a rádio gosta. Contudo, não era o que ele sentia.
“Sempre escrevo minhas musicas pensando no show. Imaginando a luz, o telão, o momento que vai jogar para a plateia”, comentou. As projeções no telão acompanham as canções. Uma apresentação em que o artista mostra sua versatilidade nos instrumentos. Jão toca percussão e teclado.
Todas as canções do novo disco foram apresentadas no show, mais alguns sucessos de Lobos. VSF Finalizou a apresentação, que chegou a ser interrompida por alguns fãs que invadiram o palco. Jão lidou com bom humor e seguiu. Final com apogeu em dueto com a backing vocal. Show de arrepiar e emocionar o público. Quem diria que o jovem que começou a cantar cover no banheiro de casa seria um sucesso tão arrebatador.