
Foto: Renato Mangolin / Divulgação
Da montagem do espetáculo Gonzagão – A lenda (2012) nasceu o grupo A Barca dos Corações Partidos. O elenco rodou o Brasil durante cinco anos em um tributo a Luiz Gonzaga e continua junto até hoje. O trabalho mais recente, Jacksons do Pandeiro, estreia em 10 de outubro, às 20h pelo YouTube e pelo Canal Bis, na televisão.
A diretora da peça, Duda Maia, participou do Show da Tarde, que vai ao ar todas as quartas-feiras no Instagram do Culturadoria. Ela contou sobre o processo de produção e relação com os integrantes do grupo. O maior desafio, talvez, será apresentar online.
“O diretor da transmissão, Diego Godoy, está acompanhando os ensaios há 15 dias e escolhendo por onde vai mostrar. Não é uma linguagem de cinema, o que ele vai mostrar é uma linguagem de teatro com várias possibilidades de câmera”, explica a diretora da peça. O espetáculo é uma homenagem a Jackson do Pandeiro, o Rei do Ritmo. O artista gravou mais de 400 canções ao longo da carreira, inserindo gêneros como forró, samba, baião, frevo e coco. A Barca apostou em uma montagem diferente.
Construção não-tradicional
Para além de uma narrativa linear, que conta vida e morte do artista, o texto de Braulio Tavares e Eduardo Rios aposta em uma dramaturgia que interage com a vida e experiências dos atores. “A gente já tem uma característica de procurar uma contramão desse lugar mais tradicional. Então, tivemos a sacada de dialogar. Sendo assim, tem um ator que gosta muito de futebol, o Jackson também gostava. Outro veio do interior da Paraíba. Assim vamos costurando a história deles e falando do Jackson do Pandeiro”, resume Duda.
Por isso, são vários Jacksons. É como Jogo de Cena, de Eduardo Coutinho. As histórias se entrelaçam e não dá para saber exatamente de quem é. Tudo isso atrelado à música, à poesia e ao teatro. Características do elenco versátil da Barca dos Corações Partidos.
Pesquisa e música
“Trabalhar com Jackson me fez voltar para a casa da minha avó. Para o berço da cultura popular, ou seja, para essa brasilidade que me pertence tanto, mas que talvez eu tivesse um pouco afastada da linguagem que eu busco”, declarou Duda. A diretora também é preparadora corporal, dançarina e coreógrafa, o que faz a relação com o grupo fortalecer a questão corporal dos atores. “É experimentar o corpo que dança, que anda e que fala”.
E foi dessa forma que o novo trabalho foi desenvolvido. O elenco se debruçou na ideia de corpo-rítmico de Duda e na obra de Jackson. O resultado seria apresentado no início do ano. Mas foi adiado por causa da pandemia. Além disso, conta com participações. Everton Coroné, Lucas dos Prazeres e Luiza Loroza também estiveram envolvidos nas pesquisas, oficinas e no processo dos ensaios.
Além de revisitar canções clássicas de Jackson do Pandeiro, o espetáculo pede licença à obra e insere novos arranjos, letras e canções criadas ao longo do processo de produção da apresentação. Mas e o texto? Só veio depois. A diretora preza pelo sentir, pelo corpo e, só então, insere o texto. O que será que vem por aí?

Foto: Renato Mangolin / Divulgação
Outros trabalhos
A Barca dos Corações partidos se formou a partir de Gonzagão – A lenda e seguiu junta em outros trabalhos. Na sequência, estrearam uma versão da Ópera do Malandro (2014), de Chico Buarque, Auê (2016), com dramaturgia e músicas inéditas dos próprios integrantes do grupo. Já em 2017, estreou Suassuna – O Auto do Reino do Sol em comemoração aos 90 anos do autor. Por último, em 2019, foi a vez da companhia mergulhar na obra Macunaíma, de Mário de Andrade, e lançar Macunaíma – Uma rapsódia musical. Falamos dela aqui, confira!
Jacksons do Pandeiro será apresentado em 10 de outubro no YouTube da Barca dos Corações Partidos. É gratuito, mas você pode colaborar com um ingresso solidário pelo Sympla.
Confira a conversa com Duda Maia: