
O escritor Itamar Vieira Junior, em foto de Adenor Gondim/Divulgação
Autor do premiadíssimo “Torto Arado”, Itamar Vieira Junior chega à capital mineira para lançar seu mais recente livro
“Salvar o Fogo”, novo romance de Itamar Vieira Junior, autor do sucesso de público e de crítica “Torto Arado”, chegou às livrarias de todo o país no dia 24 de abril, após uma pré-venda de 37 mil exemplares. Publicado pela editora Todavia, o livro será autografado pelo autor na capital mineira nesta quinta-feira, a partir das 19h, na Livraria Leitura do Pátio Savassi.
Em entrevista ao Culturadoria, publicada em 12 de maio, Itamar Vieira Junior falou sobre o seu viés literário, que é reafirmado em “Salvar o Fogo”: “Durante muito tempo, eu, como leitor de literatura – e leitor de literatura brasileira -, fiz buscas por histórias que espelhassem a condição da minha família, das minhas origens. A condição das pessoas que eu conhecia, da minha comunidade, que estavam à minha volta”, relatou ele .
Mais tarde, prosseguiu ele, “trabalhando com mais afinco com pessoas que estão em situação de vulnerabilidade”, a sensação de ausência de representatividade só se acentuou. “Eu não via a voz, a imensidão, a vida íntima daquelas pessoas, narrada de maneira digna, justa e honesta nas artes”, comentou Itamar, que, nascido em Salvador, em 1979, formou-se em Geografia, sendo servidor público (no momento, licenciado) do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária, o Incra.
Sobre “Salvar o Fogo”
Na trama do novo livro de Itamar Vieira, o personagem Moisés vive com o pai, Mundinho, e a irmã, Luzia, em um povoado rural conhecido como Tapera do Paraguaçu. Logo, às margens do rio Paraguaçu, no interior da Bahia. Os outros irmãos estão espalhados pelo mundo. Tapera é uma comunidade de agricultores, pescadores e ceramistas de origens afro-indígenas. No entanto, a localidade vive à sombra do poder da Igreja Católica, que é dona de um mosteiro que foi ali construído, no século XVII. Assim, vive a partir dos humores de seus religiosos, também suscetíveis à cobiça e aos desejos mais terrenos.
Órfão de mãe, Moisés encontra afeto — não livre de escaramuças — em Luzia, uma jovem estigmatizada entre a população por seus supostos poderes sobrenaturais. Para ganhar a vida, Luzia se torna a lavadeira do mosteiro. Logo, passa a experimentar uma vida de profundo sentido religioso, o que a faz educar Moisés com extrema rigidez. Todavia, sua proximidade com a Igreja também garante ao menino a formação que os irmãos mais velhos nunca tiveram.
Reencontro possível
A narrativa de Itamar Vieira Junior aponta que a vida escolar junto aos padres, porém, colocará Moisés em contato com experiências que marcarão sua vida. Não só. Seus reflexos podem até mesmo estremecer sua relação com a irmã.
Luzia, por sua vez, carrega a recordação dos irmãos que partiram em busca de uma vida melhor por não encontrarem na aldeia perspectiva de trabalho e dignidade.
Assim, sozinha, teve que cuidar da casa e do irmão, amparar o pai e lidar com a violência de um povo que parece esquecer as próprias raízes. Ela ainda alimenta a esperança de reunir a família novamente, em especial a irmã mais nova, que deixou a casa ainda na adolescência.
Anos depois, um grave acontecimento pode ser a oportunidade para que a família se reúna, e esse reencontro promete deixar de lado décadas de segredos, sofrimentos e silêncios.
Serviço
Lançamento do livro “Salvar o Fogo” (Editora Todavia)
Nesta quinta-feira, a partir das 19h, na Livraria Leitura do Pátio Savassi (Av. do Contorno, 6.061 – Lojas 235/236 – São Pedro)