Em três dias de programação, o IMuNe traz uma grade com shows, podcast, palestras, oficinas e rodadas de negócio, além de homenagens
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Um dos maiores eventos de música negra do país, o Festival IMuNe – Instante da Música Negra, idealizado pela cantora e diretora artística Bia Nogueira e outros artistas da cena afromineira, dá início à quinta edição nesta quinta-feira, dia 2 de novembro, feriado. Daí até o sábado, dia 4, o público vai conferir shows, lançamento de podcast e showcases, além de palestras, oficinas e rodadas de negócio, com foco no ecossistema da música.
Na abertura, no dia 2, às 15h, no Espaço Jardim do Sesc Palladium, haverá, no IMuNe, a estreia do podcast “Ninguém Manda Ni Mim”, comandado pela cantora Bia Nogueira e pela influenciadora e produtora cultural Malu Tamietti. O evento vai contar com participação da rapper Karol Conká. Às 20h, no Grande Teatro, a artista curitibana abre o festival com o repertório do novo disco, “Urucum”, celebrando os 50 anos do hip hop. No show, Conká convida o Coletivo IMuNe (formado por Bia, Cleópatra e Raphael Sales). A noite de abertura do IMuNe vai ter início com uma homenagem a Maurício Tizumba. Haverá, ainda, uma performance, com a participação de Avelin Kambiwá, Guidá e Kátia Aracelle. A direção é de Carlandréia Ribeiro.
Proposta
Nesta 5ª edição, a proposta do IMuNe é ampliar a representatividade com a SeMPre – Semana da Música Preta. Assim, a programação multidisciplinar, realizada pelo segundo ano consecutivo no festival, prevê cinco palestras. Conforme o material de apresentação do evento, foram selecionados, via chamamento, dez musicistas. Desse modo, eles participarão de pitchings, rodadas de negócio e mentorias. Os cinco finalistas vão realizar showcases e apresentações abertas ao público, distribuídas nos três dias do IMuNe.
Ao Culturadoria, Bia Nogueira ressalta que é muito alegria que ela constata a proporção que o IMuNe foi adquirindo no curso das edições. “Esse ano, além da música negra, estamos abrindo as portas do nosso quilombo. Eu brinco com isso porque a gente vai abarcar, na programação, a produção indígena, periférica e de pessoas LGBTQIAPN+, além de pessoas negras. Porque a gente entende que é tempo de amplificar as vozes. Nesse planeta, hoje, a gente precisa aprender a respeitar a vida de todas as pessoas”, pontua.
Conhecimentos milenares
Bia Nogueira prossegue: “Os povos pretos que vieram da África nos deixaram um legado de conhecimento milenar. Assim, a gente tem que celebrá-lo junto à sabedoria dos povos originários, porque isso é essencial para vislumbrarmos um futuro possível. Entendo que só é possível que a humanidade continue a existir se a gente olhar para trás e recolher esses conhecimentos milenares dos povos originarios e do povo preto”, pontua a idealizadora do IMuNe.
Não por outro motivo, prossegue Bia Nogueira, o IMuNe reforça o braço do afrofuturismo. “Logo, a grande imagem do Sankofa, que é o pássaro que voa para frente olhando para trás, justamente colhendo esse conhecimento ancestral para seguir em frente”, pormenoriza.
Homenagens
Também por isso, pontua ela, a edição deste ano rende uma dupla homenagem. Primeiramente, aos 50 anos de carreira de Maurício Tizumba. “Esse nosso grande artista negro, que traz a cultura do congado, do reinado, nos pés”. Do mesmo modo, aos 50 anos do movimento hip hop, com a presença da Karol Conká. “Assim, eu faço o convite a todos (para comparecerem). Os ingressos para o show custam R$ 20 (inteira) e R$ 10 (meia, para as categorias previstas e para quem levar um quilo de alimento não perecível). Todo o restante da programação do IMuNe é gratuito – exceto as festas, que são os afters, depois do dia 2”.
Festa
Neste dia, a partir das 23h, haverá a festa Ninguém Manda Ni Mim, na Mascate Runeria. Produzido pela cantora e diretora artística e pela influencer e produtora Malu Tamietti, o evento conta com o show de Cleópatra (integrante do Coletivo IMuNe). Já a discotecagem fica por conta de duas DJs selecionadas via chamamento público. “Este espaço fica bem ali, na região central, na Contorno. E também no sábado, 4, dia do encerramento, a gente terá uma festa lá”. Na ocasião, Bia faz o pré-lançamento do novo disco dela, enquanto Raphael Sales, também do coletivo, também faz show. Ao fim, DJ Roxie comanda a noite. “Está uma programação muito legal”, afiança ela.
Podcast
Bia Nogueira lembra que ela e Malu Tamietti trabalharam juntas no selo A Quadrilha. “Ela era a diretora criativa lá. E a A Quadrilha é o selo do Djonga, então, a gente é super ligada em cultura urbana, em comportamento, política, moda. Assim, resolvemos fazer essa festa juntas (a Ninguém Manda Ni Mim), mas também um podcast. Portanto, o lançamento do podcast vai ser no dia 2, com a gravação. São 30 vagas só, para quem quiser assistir. E a Karol Conká vai ser a nossa primeira convidada. Eu estou muito feliz de lançar o podcast, a festa, dentro do nosso festival. Pra mim, é muito especial”.
Gunga
A programação da sexta-feira, dia 3, tem início às 9h30, no Espaço Jardim do Sesc Palladium, com o workshop “Gunga: Interseção entre as danças urbanas e a ancestralidade”. Quem ministra é a capitã da Guarda de Congo de Oliveira Kátia Aracelle e a bailarina e coreógrafa Guidá. Por meio da Gunga – que, explica Bia Nogueira, é um chocalho amarrado no tornozelo, “e você dança enquanto toca ou toca enquanto dança” -, a proposta é pesquisar a interseção entre linguagens, a partir das ancestralidades negras na arte contemporânea.
Marketing de Influência
“E às 18h30, a gente tem um super bate-papo sobre Marketing de Influência e Carreira artística, com Victoria Silva”, diz Bia Nogueira. A oficina foca na construção de carreiras artísticas na área da música, a partir do marketing de influencers. Às 19h30, tem início a palestra “Música e tecnologia: as possibilidades dos eventos no Metaverso e inteligência artificial e o diálogo com a carreira artística”, com mediação de Cleópatra. “O Gustavo Vaz, produtor de conteúdo aqui, de BH, e o Tom Tom, já estão confirmados, mas a gente tem mais duas convidadas surpresa”.
Metaverso
A multiartista, produtora e empresária alerta que, na sequência, haverá um bate papo sobre música e tecnologias. “Assim, vamos falar, por exemplo, sobre possibilidades de eventos no metaverso, inteligência artificial e o diálogo com a carreira artística”. Desse modo, Bia ressalta que, no ano passado, o IMuNe aconteceu também no metaverso. “Teve o show do Djonga no festival e no metaverso também. E foi impressionante, porque, quando a gente apresentou no metaverso, foram 60 mil pessoas assistindo por meio dos streamers. Logo, pessoas que ficavam jogando ali, com seus avatares e com audiências gigantescas”.
Três dias depois que a produção havia apresentado o projeto no metaverso, um milhão de pessoas já haviam visto. “Então, é um impacto muito grande na cultura. Assim, acho que a cultura tem que olhar mais para a tecnologia. Por isso, a gente está trazendo esse debate. Também vamos trazer, para discutir isso, o Aluísio Tocafundo, especialista em inteligência artificial. Aliás, ele foi o artista que fez, com inteligência artificial, a nossa identidade visual desse ano. Então, acho que vai ser um bate-papo massa, para abrir nossas mentes, já que a gente está com essa dinâmica. Você vê que, no mesmo dia, a gente tem uma oficina que mistura o debate de ancestralidade com o contemporâneo”.
Sábado
E no sábado, último dia do Festival IMuNe, Bia Nogueira cita, que haverá, às 14h, no Espaço Jardim, do Sesc Palladium, uma grande roda. Desse modo, a iniciativa envolve os programadores, os players do mercado da música, produtores culturais, curadores e artistas negros, indígenas, periféricos, LGBTQIA+, mais. Vai ter rodada de negócio e pitching, vai ser bem massa. E às 17h30, a gente tem uma oficina, que é a Produção Cultural na Música Negra, com a Elisa de Sena. Às 19h, showcase com os artistas selecionados”, elenca, acrescentando, ainda, a já citada festa de encerramento, na Mascate Runeria.
Serviço
6ª edição do Festival IMuNe
Programação 2023
Abertura da Sempre – Semana da Música Negra, Indígena, Periférica e LGBTQIAPN+
2 de novembro, quinta-feira
15h – Lançamento Podcast “Ninguém Manda Ni Mim” com Bia Nogueira, Malu Tamietti. Convidada: Karol Conká. Tema: “50 anos e hip hop: Mulheres Negras e o Rap”
(Espaço Jardim Sesc Palladium)
Entrada Franca mediante retirada de ingresso | Vagas: 40
20h – Show de abertura do Festival – Karol Conká convida Bia Nogueira, Cleópatra e Raphael Sales (Coletivo Imune). (Grande Teatro Sesc Palladium)
Ingresso: R$ 20 (inteira) R$ 10 (meia) – carteirinha de estudantes, idosos e quem trouxer um kg de alimento não perecível para o projeto Sesc Mesa Brasil
23h – Lançamento da Festa “Ninguém Manda Ni Mim”
Discotecagem + Show de Cleópatra (integrante do Coletivo Imune)
Mascate Runeria (Av. do Contorno, 1790 – Floresta)
Ingresso preço único: R$15
3 de novembro, sexta-feira
9h30 – Workshop: Gunga: Interseção entre as danças urbanas e a ancestralidade
Ministrante: Kátia Aracelle e Guida
(Espaço Jardim Sesc Palladium)
Entrada Franca mediante inscrição
18h30 – Marketing de influência e a carreira artística
Palestrante: Victoria Silva
(ESPAÇO JARDIM) Sesc Palladium
Entrada Franca mediante retirada de ingresso | Vagas: 40
19h30 – Música e tecnologia: as possibilidades dos eventos no Metaverso e inteligência artificial e o diálogo com a carreira artística
(ESPAÇO JARDIM) Sesc Palladium
Entrada franca mediante retirada de ingresso | vagas: 40
4 de novembro, sábado
14h – Circulo dos saberes, Rodada de negócios e pitchings com programadores e artistas negros, indígenas, periféricos e LGBTQIAPN+
Híbrido: Presencial e on line no youtube do Imune
(Espaço Jardim) Sesc Palladium
Entrada franca mediante retirada de ingresso | vagas: 40
17:30h – A Produção Cultural na Música Negra e Feminina com Elisa de Sena
(Espaço Jardim) Sesc Palladium
Entrada franca mediante retirada de ingresso | vagas: 40
19h – Showcases com artistas selecionados via chamamento
(Teatro de Bolso) Sesc Palladium
Entrada franca mediante retirada de ingresso
22h – Festa de encerramento do Festival Imune
Show com Raphael Sales
Pré-lançamento do Álbum de Bia Nogueira
DJ Roxie
Mascate Runeria (Av. do Contorno, 1790 – Floresta)
Ingresso preço único: R$15