Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Tempo real: conheça o trabalho do artista audiovisual Henrique Roscoe

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Mariana Peixoto – colaboração especial para o Culturadoria

Sincronicidade. Este é um bom começo para conhecer o trabalho do artista audiovisual Henrique Roscoe. Basicamente ele trabalha com áudio, som e vídeo. Mas cada projeto tem um conceito próprio e utiliza diversas ferramentas – que podem ser instrumentos musicais, computadores e toda a sorte de ferramentas, digitais e analógicas.

Muitos o conhecem pelo nome de 1mpar, principalmente quem frequentou a noite eletrônica de Belo Horizonte a partir dos anos 2000. Envolvido com música desde a adolescência, começou a atuar como VJ há 15 anos.

Participou dos grandes festivais do boom da música eletrônica do início do milênio – Skol Beats, Creamfields, Nokia Trends, Eletronika. Ao mesmo tempo, passou a fazer trabalhos para terceiros, na criação de vídeo-cenários. Gente grande mesmo: Roberto Carlos, Skank e Earth Wind and Fire. Foi ainda um dos idealizadores do Festival de Arte Digital (FAD), onde atua como curador.

Outras áreas

“Até hoje faço trabalhos como VJ, mas acabei diversificando. A ideia foi sair do ambiente da pista de dança e ir para o teatro, o espetáculo, fazendo trabalhos para as pessoas assistirem, prestarem atenção. É um clima bem diferente do da festa, da pista”, comenta Henrique, que tem uma pá de projetos em andamento.

Logicamente, os avanços tecnológicos fizeram com que ele evoluísse como artista. “Principalmente na parte visual, já que a evolução do áudio não foi tão grande quanto a da imagem. Quando comecei como VJ, eu trabalhava com vídeos numa resolução baixa. Hoje, a resolução é quatro, cinco vezes maior. Com isto, as imagens são mais elaboradas.”

A maioria dos trabalhos que Henrique faz é ao vivo, ainda que de vez em quando ele também produza performances. “O processo é todo em tempo real, é gerado na hora.” E cabe tudo: música eletrônica, experimental e até erudita, como mostram os projetos abaixo.

Foto: Eduardo Magalhaes / Divulgação.

HOL

É hoje o principal projeto autoral de Henrique, que já o levou a participar de festivais em 15 países. Foi criado para mostrar a relação entre arte e tecnologia. Grosso modo, ele cria som e imagem ao vivo – cada performance é única. Mas a coisa não é tão simples quanto parece. “É um trabalho em que misturo tudo que sei sobre música, artes visuais, design, programação. Não uso vídeos pré-gravados, é o computador que gera a imagem na hora”, comenta. E estas imagens dialogam com o som que ele também produz na hora, a partir de instrumentos que ele próprio criou.

“Tenho instrumentos físicos e outros, criados a partir de software, que tocam de forma autônoma. Há inclusive alguns que geram imagens, que chamo de instrumentos audiovisuais.” Como cada performance é única, Henrique parte de um tema para criar o trabalho. Synap.sys, por exemplo, trata das sensações e sentimentos que ativam a memória.

 

 

Foto: Divulgação.

1MPAR COLOR MUSIC

Música eletrônica ao vivo, é seu projeto mais dançante. Sem computador – ele só utiliza hardware de áudio, como sintetizadores, samplers e sequencers – ele apresenta suas composições, que variam do IDM (estilo mais experimental, que mistura diferentes gêneros) até o techno. Acompanhando as batidas da música, está a luz. “A luz está sempre em sincronia com o som através de um instrumento que criou que converte a parte sonora em luz”, explica.

Foto: Danielle Curi / Divulgação.

LUMIA

Música erudita com projeções. Ao lado da pianista Joana Boechat, Henrique mostra que é possível água e óleo se misturarem. “O repertório é de música erudita, mas de compositores do século 20”, conta. À medida que ela executa uma peça, ele apresenta imagens que dialogam com a música. Música e imagem acabam formando uma unidade, um dos princípios da chamada Visual Music (o tratamento da imagem de forma musical). O projeto, ao contrário do que possa parecer, não é “difícil”. “A música que a Joana toca é mais tradicional, tranquila. Fizemos esse projeto para um público mais leigo”, acrescenta.

O Lumia se apresenta no dia 25 de abril, às 20h, no teatro de bolso do Sesc Palladium. Ingressos: R$ 25

CLUBE DO SYNTH

Este projeto é super novo, foi criado no início do ano. Quatro produtores/músicos – Fabiano Fonseca (do Amateuur), Daniel Nunes (Lise e Constantina) e André Thitcho, além de Henrique – apaixonados por sintetizadores resolveram se unir para, de forma descompromissa, promover encontros e apresentações. “Na verdade é grupo de improvisação com sintetizadores”, conta. As performances são totalmente livres, criadas a partir do zero e sem nenhum ensaio. Mas há uma regra única: não se pode usar computador.

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