Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Grupo Galpão abre comemorações de 40 anos no Festival de Curitiba

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Remontagem de Till, a saga de um herói torto é a peça escolhida pelo Grupo Galpão para iniciar a festa

Por Carol Braga | Editora

A história do Festival de Curitiba está bastante conectada com a trajetória do Grupo Galpão. Todos os espetáculos da companhia mineira passaram pelo evento e, assim, nesta que é a 30ª edição, não faltam motivos para comemorar. Principalmente porque a trupe também tem efeméride em vista. Afinal, em 2022, o Galpão completa 40 anos. Merece festa!

Bastidores Grupo Galpão. Foto: Carol Braga
Bastidores Grupo Galpão. Foto: Carol Braga

A remontagem de Till, a saga de um herói torto, é a primeira delas. A peça com texto de Luís Alberto de Abreu e direção de Júlio Maciel estreou na rua em 2009. Cumpriu uma linda trajetória até 2017 e, agora, volta aos palcos com modificações. Ou seja, o cenário se simplifica para que a produção se adeque aos novos tempos. 

Remontagem

“A gente volta um pouco a origem do Galpão que era pé no chão”, diz o diretor Júlio Maciel. A estrutura de Till, de fato, era grandiosa. A peça era encenada em uma grande plataforma. Agora, basta a lona no chão, os atores, os instrumentos musicais e a potência da história que a peça conta.

“É um espetáculo muito popular e que estabelece um contato muito grande com o espectador. Diminuímos a estrutura do espetáculo mas mantendo a potência. Isso deu um gás muito grande pra gente”, conta Júlio. 

A atriz Inês Peixoto, que interpreta o protagonista, lembra que quando escolheram a peça de Luís Alberto de Abreu para levar para a cena, olhavam para o texto com a esperança de estar deixando aqueles temas para trás. Mas, infelizmente, não. “Tinha uma ilusão de que o mundo estava em uma fase melhor. É uma coisa da idade média, com roupagem cômica mas que traz questões sociais. Essa dimensão ética e poética do espetáculo é muito forte”, pontua. 

Till, a saga de um herói torto conta a história de um anti-herói que usa de diversas artimanhas para sobreviver na Alemanha medieval. De acordo com a atriz, ela tem se sentido muito afetada pelo reencontrar com essa história e também com esse sujeito. “A gente ri, mas há um retrocesso. Talvez Till seja muito mais impactante hoje”, acredita.

Para o ator Eduardo Moreira, com Till, a saga de um herói torto, o grupo cumpre um de seus propósitos: fazer teatro popular. “Coloca em em prática aquilo que o Jean Vilar falava: o melhor teatro, acessível a todos”. 

Grupo Galpao por Annelize Tozetto
Grupo Galpão. Foto: Annelize Tozetto

Comemorações

Embora o momento que a cultura brasileira esteja enfrentando seja muito difícil, com bloqueio de verbas da Lei de Incentivo à Cultura por parte da Secretaria da Cultura, o Grupo Galpão planeja comemorar os 40 anos. Inicialmente estão previstas mostras com três espetáculos do repertório em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo. Além de Till, também devem ser apresentados os espetáculos ‘De tempo somos’ e ‘Nós’. Uma nova montagem com direção de Eduardo Moreira e Júlio Maciel está nos planos, mas isso ainda depende das questões burocráticas envolvendo os bloqueios federais. 

“Estamos sendo perseguidos e bombardeados há dois anos. O primeiro sonho é conseguir atravessar esse 2022. Vamos ver o fôlego que a gente tem”, diz Inês.”É uma comemoração menor, mas o simples fato de estar podendo voltar ao palco, pra gente, é um motivo enorme de festa”, acrescenta Júlio. 

De fato, a alegria de estar em um festival de teatro está estampada no rosto dos atores. Para Inês Peixoto, o momento agora é de batalhar para que o teatro realmente faça parte do cotidiano e do desejo das pessoas. “Está lindo ver os bares cheios. Mas vá ao teatro antes de ir para o bar. É o público que vai fazer o teatro estar vivo”, completa.

Carol Braga viajou a Curitiba a convite do Festival de Teatro.

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