
Grupo Galpão se reúne com professores em frente à Prefeitura de Belo Horizonte. Crédito: Carolina Braga
Grupo Galpão tem mais de 35 anos de carreira e continua surpreendendo.
Os professores da educação infantil terminavam a vigília do dia em frente a Prefeitura de Belo Horizonte. Portanto, era o fim de mais uma aula pública. De repente, ouviram um som diferente. “Abre as asas sobre mim/ Oh senhora liberdade”, diz a canção que os atores do Grupo Galpão cantavam no meio da rua.
Carregavam uma mesa. Montaram ali mesmo, no cenário do triste confronto violento entre a truculência da polícia e profissionais da educação que protestavam por mais dignidade no trabalho. Por alguns minutos, no fim de uma sexta-feira, arte e política se juntaram. Em síntese: os professores falavam e os atores do Grupo Galpão ouviam. Atentamente. Foi forte.
Esse foi um dos tantos encontros relevantes que os artistas presenciaram desde que saíram da sala de ensaio e foram buscar nas ruas elementos para a nova montagem. Em resumo: o Galpão quer tirar das ruas, dos encontros material para mais uma peça da carreira.
No entanto, pouca coisa se sabe sobre ela. O espetáculo que deve estrear no segundo semestre será o segundo trabalho consecutivo da companhia de BH com o diretor Márcio Abreu. Foi ele quem propôs ao Galpão performances junto aos moradores de BH. Qualquer um, sem importar a idade, a classe social, a cor, a orientação sexual.
Confira no vídeo como a performance do Galpão reverberou em quem foi atravessado por ela.
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“Toma um café com a gente?”
Na penúltima semana de abril cada ator foi para um canto diferente da cidade com uma ação que destoou do ritmo urbano. Por exemplo, Inês Peixoto se pôs a fazer concertos de roupa na Afonso Pena. Julio Maciel convidava para um papo e um café no meio do viaduto de Santa Teresa. Além deles, também participam do processo os atores Beto Franco, Simone Ordones, Eduardo Moreira, Paulo André, Lydia Del Picchia, Fernanda Vianna e Antonio Edson.
Os registros das performances eram compartilhados nas redes sociais do próprio grupo.
“Olha, são vocês! Que ótimo”. Disse a moradora de BH anônima sem reduzir o passo em plena Avenida Afonso Pena. Do mesmo modo, diversos outros passantes do centro da cidade observavam curiosos. O olhar era de surpresa, afinal, pessoas cantando, carregando uma mesa e convidado para um cafe no centro da cidade é mesmo uma raridade.
Itinerário
A performance coletiva encerrou a temporada de processo coletivo na rua no dia 27 de abril. A ação começou na praça da Rodoviária, seguiu para a Praça 7, com paradinhas depois no Café Nice, Igreja e São José, Mercado das Flores, Prefeitura e Palácio das Artes. Havia uma rotina. A reação das pessoas também era parecida. Muitos passaram reto, outros olhavam curiosidade, e alguns aceitaram o convite. Se sentavam à mesa e ali ficavam, um bom tempo, compartilhando a vida.
Até agora, o que tudo isso revela é o quão rico pode ser um processo criativo. E sempre que possível, vamos acompanhar e compartilhar com vocês.
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