Grão Discos celebra música instrumental mineira com shows

A contrabaixista Camila Rocha: o disco "Rama" chega agora ao público em uma versão ao vivo (Foto: Luca Mezzacapa/Divulgação)

A contrabaixista Camila Rocha: o disco "Rama" chega agora ao público em uma versão ao vivo (Foto: Luca Mezzacappa/Divulgação)

Programação gratuita da Grão Discos no Teatro Raul Belém Machado traz nomes como Camila Rocha, Luísa Mitre, Lucas Telles e Davi Fonseca

Das constantes gravações realizadas no Estúdio Macieiras, conduzido pelo flautista Alexandre Andrés em uma fazenda em Entre Rios de Minas, nasceu o selo musical Grão Discos. Focado em ampliar a divulgação da talentosa cena instrumental mineira, a iniciativa celebra, em 2024, quatro anos. A comemoração acontece nesta sexta-feira e sábado, dias 16 e 17 de fevereiro, no Espaço Cênico Yoshifumi Yagi/Teatro Raul Belém Machado. Primeiramente, serão oito shows. Na sequência, nos dias 26 e 27 de fevereiro, haverá uma feira inédita dedicada à música instrumental, com palestras, debates e workshops online. A entrada é gratuita para toda a programação.

Idealizado por um grupo de instrumentistas, compositores e produtores formado por Natália Mitre, Alexandre Andrés, Octávio Cardozzo, PC Guimarães e Lucca Mezzacappa, o Grão Discos objetiva levar a música instrumental de Minas para o Brasil e o mundo. Para tal, se detém em etapas como produção, registro e distribuição – e, agora, um festival. “Estamos colocando no mundo trabalhos de música instrumental de altíssimo nível, que talvez não tivessem sido possíveis se não fosse o Grão Discos. Espero que esse projeto inspire outros agentes culturais a incentivar compositores da cidade a gravar as criações, para que essas obras frutifiquem e fluam”, avalia o guitarrista, compositor e arranjador PC Guimarães.

Sucessos de Minas

Um dos destaques da programação é a pianista, compositora, arranjadora e mestre em performance musical pela UFMG, Luísa Mitre. Entre muitos projetos, ela integra o grupo de choro Toca de Tatu e o duo Mitre, com a irmã Natália Mitre. Luísa se apresenta em um duo com Lucas Telles. No show, a dupla apresenta as músicas do álbum “Primavera” (2024), que será lançado pela Grão Discos. O trabalho funde harmonias de violão e piano, e apresenta quatro músicas que perpassam desde o instrumental da música popular brasileira, com levadas de chorinho, a influências da música de concerto camerística.

A programação da Grão Discos também inclui o show baseado na estreia fonográfica da pianista Igara. Natural de Diamantina, a jovem é a mais recente vencedora do Prêmio BDMG Instrumental. Ela tem, entre as inspirações, o Uakti — tendo realizado um show autoral com participação de Paulo Santos, ex-percussionista do grupo. O EP “O Piano, os Cavalos e o Mar” (2024), previsto para chegar ao mercado em 23 de fevereiro, tem referências ao grupo e traz uma atmosfera que dialoga com a natureza, evidenciando ritmos brasileiros.

Shows inéditos

Além desses lançamentos, outros três trabalhos serão interpretados ao vivo pela primeira vez na programação da Grão Discos. É o caso da parceria entre o piano de Davi Fonseca e os violões, bandolins e o contrabaixo de Paulim Sartori. A dupla lançou um álbum homônimo em 2023, com quatro faixas que percorrem um amplo arco de referências. Assim, indo da música barroca ao jazz, com influências de gigantes da criação musical, como Naná Vasconcelos e Hermeto Pascoal.

Também lançado no ano passado, o disco “Rama”, da contrabaixista Camila Rocha, agora chega ao público em versão ao vivo. Figurinha carimbada da cena independente mineira, a artista gravou participações de contrabaixo em mais de 20 álbuns de bandas e compositores autorais de Belo Horizonte. Tal qual, tocou com artistas do calibre de Mônica Salmaso, Ná Ozzetti, Chico Amaral e Alceu Valença. “Rama” é o primeiro disco autoral de Camila Rocha, que além de passear por diversas ramificações de suas influências, da MPB ao Carnaval, apresenta o uso da voz na música instrumental.

Fecho

Fechando os shows principais promovidos pela Grão Discos, o baterista Gabriel Bruce mostra as músicas do EP “Lugar Longe de Tudo” (2024). Produzido em parceria com Antonio Loureiro, e com participações de Fred Selva, Frederico Heliodoro e PC Guimarães, o álbum é uma ode à bateria, abarcada por experimentações com sintetizadores, percussões e melodias muito envolventes. Este é o terceiro álbum do artista, que tem feito turnês pela Europa e América Latina. Do mesmo modo, gravações de sucesso com as bandas minerais Graveola e Zimum, além de parcerias com artistas como André Mehmari, Renato Borghetti, Samy Erick, Matéria Prima, Mariana Cavanellas, entre outros.

Sessões curtas

Para além desses shows, no dia 17 de fevereiro, o Grão Discos promove três sessões curtas com artistas selecionados, no Teatro Raul Belém Machado, a partir das 20h. As apresentações ficam por conta de Arícia Ferigato (harpa), Daniel Faria (guitarra) e Wallace Gomes (violão). “Selecionamos três artistas de Belo Horizonte que estão crescendo. Assim, a ideia foi trazer compositores que estão gravando as próprias músicas agora, botando o repertório para rodar, para potencializar esses trabalhos”, diz Natália Mitre.

Feira de Música Instrumental

A Grão Discos também irá realizar uma feira de música instrumental do Brasil. Desse modo, no dia 26 e 27 de fevereiro, segunda e terça-feira, com programação inteiramente online, haverá debates, workshops e palestras de temas como produção musical e executiva, agenciamento de shows e gestão de carreira. Entre os convidados estão Bia Nogueira (Festival Imune), João Cabral (OneRPM), Octavio Cardozzo (Peleja Lab), Eddu Porto (Agência Let’s Gig), PC Guimarães (Duo Foz) e Leo Moraes (Autêntica). A programação completa, incluindo todos os convidados e horários, bem como detalhes de inscrições, ainda será divulgada no Instagram da Grão Discos.

“A ideia é trazer o debate para capacitação, tanto para os músicos quanto para os profissionais envolvidos no universo da música instrumental. Acontecem muitas feiras famosas, todas têm um público muito maior de música pop e canção. Então, decidimos fazer algo voltado para a música instrumental”, justifica Natália Mitre.