Nada menos que 40 obras do pintor francês Paul Gauguin podem ser vistas no Museu de Arte de São Paulo até agosto
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Na segunda-feira, o Culturadoria fez a primeira de quatro postagens sobre mostras em cartaz em São Paulo – no caso, abordando “Japão em Miniaturas: Tatsuya Tanaka”. Ela ocupa o andar térreo da Japan House. Assim, na segunda postagem, o foco é “Paul Gauguin – O Outro e Eu”. A mostra pode ser vista até o início de agosto, no Museu de Arte de São Paulo – Masp, na Avenida Paulista.
Aberta no final de abril, a mostra dedicada a Gauguin (1848-1903) reúne 40 obras – 21 pinturas e 19 gravuras. Como curiosidade, apenas uma não pode ser fotografada pelos visitantes. Peça integrante do acervo do Masp, a tela “Autorretrato (Perto do Gólgota)” foi definitivamente apontada como a peça-chave, aqui. Por fim, é preciso ressaltar que a exposição tem curadoria de Adriano Pedrosa (diretor artístico), Fernando Oliva (curador) e, tal qual, Laura Cosendey (curadora assistente).
Para completar o rol de obras expostas, o MASP negociou com 19 instituições, como o Musée d’Orsay, de Paris. Vale dizer que “Autorretrato (Perto do Gólgota)” foi um dos últimos autorretratos de Gauguin. A tela data de 1896, ano em que o artista retornou ao Taiti. Logo, a ilha localizada no oceano Pacífico, e que integra a Polinésia Francesa, ficou definitivamente associada a Gauguin.
Vida no Taiti
Na verdade, o artista francês se mudou para o Taiti em 1891, quando tinha 43 anos. Como salienta o material informativo da mostra, ficou lá praticamente até à sua morte. Nesse ínterim, a exceção foi um intervalo de dois anos, no qual Gauguin chegou a voltar a Paris, para expor e vender obras.
Primeiramente, a mostra “Paul Gauguin – O Outro e Eu”, vale dizer, está inserida no eixo Histórias Indígenas. Portanto, este é o tema que o museu discute este ano. No caso de Gauguin, é que, acima de tudo, o artista se declarava como “primitivo” ou “selvagem”. E, assim, volta e meia falava de seu “sangue inca”, como resultado de a mãe ter nascido no Peru. Como resultado, próprio chegou a viver em Lima, quando criança.
Eixo Histórias Indígenas
Assim, com base neste eixo, a programação 2023 do MASP também inclui, tal qual, exposições como a de MAHKU, que fica em cartaz até 3 de setembro. E, ainda, Sheroanawe Hakihiiwe (em cartaz até 24 de setembro) e Melissa Cody. Além do comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos (até 13 de agosto) e a grande coletiva Histórias indígenas.
A exposição “A Árvore da Vida”, da artista indígena Carmézia Emiliano (Maloca do Japó, Roraima, 1960), também entrou neste bojo. Como resultado, Carmézia representa temas da cultura macuxi. A mostra, porém, já foi encerrada. Por fim, vale dizer que esta mostra apresentou 34 pinturas, quatro delas pertencentes ao acervo do MASP (e que foram produzidas especialmente para o museu). E, ainda, oito trabalhos inéditos, que foram realizados para a ocasião.
Na telona
Paul Gauguin já foi vivido nas telas de cinema em filmes como “Gauguin – Viagem ao Taiti” (2017), de Edouard Deluc, o mais recente. Nele, o pintor é vivido pelo ator Vincent Cassel. O artista francês, é necessário pontuar, tem sido recentemente lembrado por conta dos relacionamentos que manteve com adolescentes nativas do Taiti.
No entanto, matéria publicada pelo site português CM, em 2019, comentou que a própria bisneta do francês, Mette Gauguin, rebate as críticas. Primeiramente, com o seguinte argumento. “No contexto da época, 14 anos era a idade em que a maioria das mulheres se casava na Polinésia”, disse ela. No caso, referindo-se ao fato de, já na faixa dos 40 anos, Gauguin se relacionar com adolescentes.
Sobretudo, de acordo com ela, um homem europeu era visto por lá como uma espécie de “prêmio”. “Antes de mais nada, (é preciso dizer que) era mais excitante viver com um artista do que ser mulher de um pescador”, defendeu.
Serviço
Paul Gauguin: o Outro e Eu
Onde. Masp
Quando: até 6 de agosto. Terça, das 10h às 20h (entrada até 19h), entrada franca. De quarta a domingo, das 10h às 18h, ingressos entre R$ 30 e R$ 60
Mais informações: site oficial do Masp