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Agenda Cultural

Galpão Cine Horto festeja 25 anos de atividades com uma série de projetos

Foto da fachada do Galpão Cine Horto, que, no momento, está sendo revitalizada Foto Frederico Rocha

Localizado na rua Pitangui, no Horto, o icônico espaço Galpão Cine Horto abriu, recentemente, três editais voltados a artistas

Por Patrícia Cassese | Editora Assistente

O slogan escolhido para balizar um novo marco da história de um dos espaços artísticos mais queridos da capital mineira, o Galpão Cine Horto, diz muito sobre os pilares que o mantiveram de pé, não obstante as intempéries características a quem empunha a bandeira da cultura: “25 anos de sonhos, resistência e coragem”.

Foi em março de 1998 que o espaço situado no número 3.613 da rua Pitangui abriu as portas para a comunidade por meio da iniciativa do Grupo Galpão, que ansiava por dotar a cidade de um  espaço comprometido com a pesquisa, a formação, o fomento e o estímulo à criação em teatro.

Internamente, um novo espaço expositivo foi modelado – aliás, será apresentado no próximo dia 30. “Havia, no Galpão Cine Horto, um corredor na entrada no qual eventualmente a gente improvisou exposições, mas, agora, resolvemos fazer um projeto de uma galeria mesmo”, conta o diretor e coordenador-geral do espaço, Chico Pelúcio, acrescentando que o espaço também ganha, a partir de agora, uma nova identidade visual, inspirada na constelação de artistas e espectadores que já passaram por ali.

Vale dizer que, no curso do tempo, o Galpão Cine Horto já recebeu mais de 3 mil apresentações. Como atrai uma média de mais de 10 mil espectadores por ano, mesmo com uma pandemia no meio do caminho, as contas apontam que mais de 200 mil pessoas já pisaram ali, com destino não só ao teatro, mas também à sala de cinema e vídeo e às salas de aula.

Editais com inscrições abertas

Dentro da programação especial de 25 anos, o Galpão Cine Horto lançou três editais para artistas das áreas de teatro, performance, circo e dança.

Um deles marca o retorno do Oficinão, que vai resultar na criação de um espetáculo cênico-musical a ser apresentado na rua. “O Oficinão é um dos nossos principais projetos e estava parado já há quatro anos. Quanto ao fato de ser encenado na rua, faz parte de uma opção artística, mas também tem o objetivo de democratizar o acesso (das pessoas ao teatro), de ocupar o espaço  público”, explica Chico Pelúcio.

A direção será de Marina Viana e Chico Pelúcio, enquanto a dramaturgia, de Andréa Rodrigues. O processo de montagem vai consumir o período de maio a outubro deste ano. Importante: as inscrições seguem até o dia 25 deste mês.

O icônico Cenas Curtas, chega à sua 24ª edição, com inscrições até 1º de maio, para as categorias Cenas de Palco e Rolês. O evento acontecerá de 13 a 16 de setembro. “É um projeto para o qual temos inscrições de praticamente toda a região sudeste. “Esse ano, a gente dá sequência ao festival no mesmo espírito com o qual ele foi criado, que é um encontro de diferentes pessoas, para uma convivência muito sadia, permeada pelo afeto”.

Chico Pelúcio - Galpão Cine Horto - Foto: Guto Muniz / Divulgação
Chico Pelúcio – Galpão Cine Horto – Foto: Guto Muniz / Divulgação

Temporada das Mais Votadas

O ano de 2023 também marca o retorno da Temporada das Mais Votadas, no  Wanda Fernandes. Assim, as quatro cenas mais votadas pela plateia farão duas noites de reapresentação na semana seguinte ao festival.

A cena escolhida ganha uma premiação em dinheiro para a montagem de um espetáculo com temporada no Galpão Cine Horto – no caso, em 2024.

“Ao longo dos anos, muito bons espetáculos foram criados a partir do Cenas Curtas, e muitos grupos se estabeleceram a partir dessa experiência”, analisa Chico Pelúcio.

Não menos importante, ele cita as parcerias do Galpão Cine Horto com outros espaços culturais da região, que envolvem música, performance e artes plásticas, formando o corredor leste de cultura, que tem início na avenida Silviano Brandão.

O outro edital tem vistas à 5ª Mostra de Monólogos – e as inscrições seguem até 28 de abril. A realização está prevista para o período de 19 a 29 de outubro de 2023, também no Wanda Fernandes e na sala solo.

No cômputo geral, o objetivo é incentivar o exercício da criação e da produção de trabalhos solos de estudantes de teatro em processo de formação.

Sabadão Especial

Chico Pelúcio não esconde a animação na voz ao falar de um outro projeto na mira, no caso, o Sabadão Especial, que, em agosto, vai convidar o renomado diretor (e ator e professor) Amir Haddad, hoje com 85 anos. Junto à filósofa Viviane Mosé, Haddad vem apresentando “Zaratustra: uma transvaloração dos valores”.

Outra atração é o Galpão Convida, que vai homenagear o Centro de Construção e Demolição do Espetáculo ( CDCE), iniciativa de Aderbal Freire Filho (atualmente afastado da cena, por sequelas do AVC hemorrágico que sofreu em maio de 2020) que entrou em cena ocupando o Teatro Glaucio Gil, em 1989, encerrando suas atividades em 1994 (já no Teatro Carlos Gomes).

“Quando nós, do Galpão, fomos pela primeira vez ao Rio de Janeiro, foi justamente o CDCE que nos influenciou a criar o Galpão Cine Horto”, diz Pelúcio, lembrando que alguns dos atores que integraram o Centro devem participar. “A gente quer esquentar um pouco essa ideia do coletivo, dos encontros”.

Outra novidade é a realização, pelo Centro de Pesquisa e Memória do Teatro (CPMT), do documentário sobre os 25 anos do Galpão Cine Horto, previsto para o segundo semestre deste ano. Neste ano, o CPMT realizará, ainda, o webnário Espaços Culturais, assim como o lançamento da 18ª edição da Revista Subtexto.

Olhar para o entorno

Ao Culturadoria, Chico Pelúcio também falou sobre a potencialização de uma tendência que já vinha sendo fomentada pelo espaço, que é a de aguçar o olhar para a área social. “Essa tendência vai ser reforçada. Há vários projetos novos, como a primeira edição dos Núcleos Juventudes (de acesso gratuito) e cursos específicos para população em situação de rua, em parceria com a Káritas. E daremos sequência ao trabalho com idosos, que já vem sendo desenvolvido há uns 5 anos, em parceria com a Unimed”, lista ele.

25 anos de resistência e resiliência

Do alto de seus mais de 40 anos de atuação no teatro e em políticas públicas, Chico Pelúcio lembra a importância de se dar continuidade a projetos na área cultural, um dos nortes do Galpão Cine Horto. “É fundamental para que as coisas aconteçam. Então, no caso do Galpão Cine Horto, a gente está falando desse esforço de se manter constante nas parcerias, no apoio, no fomento, na formação nesta área”.

O diretor enfatiza que uma diretriz do espaço é sempre evitar o cancelamento de projetos. “Diante das dificuldades, a gente muda, aperfeiçoa, cria outros, mas nunca deixa de estar presente. Estamos sempre provocando. Criamos movimentos que se tornaram nacionais, por isso sabemos como é importante a persistência”.

Aliás, Chico Pelúcio pontua que a continuidade dos projetos é fundamental até para a coleta de dados e avaliação das iniciativas. “Se faz uma edição só, a gente não sabe se melhorou ou piorou”.

Em meio a tudo isso, sonhar é sempre uma força motriz. “E sonho é o que a gente mais faz. Sentar e falar de todos os projetos que a gente quer fazer ainda. Tem dezenas de possibilidades”.

Um sonho de anos é ter uma sede própria. “O endereço do Galpão Cine Horto é alugado. Já fizemos várias tentativas com estado ou município, de permutarem, firmar um comodato, mas em vão. Houve uma época em que até tivemos a oferta de um terreno, mas não conseguimos construir. E ali, temos um cinema de rua, com 80 lugares, além do teatro”.

No meio do caminho, algumas pedras

A pandemia do novo coronavírus e a interrupção de uma série de políticas culturais, que marcaram os últimos anos, constituíram-se um dos piores momentos para o teatro, na avaliação de Chico Pelúcio. “Este período foi, digamos assim, hors concours entre os mais difíceis da história do Galpão Cine Horto”.

Mas outros perrengues, claro, ficaram registrados na memória. Como, ainda no final dos anos 1990, quando o antigo banco Credireal, que iria patrocinar o espaço, encerrou suas atividades, sendo vendido ao grupo Bradesco. “A gente já estava com a sede, com uma equipe grande, uma folha de pagamento pesada. Foram tempos difíceis”.

Atualmente, além da expectativa do retorno de políticas públicas direcionadas ao fomento e à difusão da cultura e de restabelecer diálogo com todas as esferas, Pelúcio anseia pela retomada de uma sociedade “mais tolerante, mais educada, mais generosa, mais colaborativa”. “E que se cumpra a constituição”, diz, falando, em particular, do direito do cidadão ao acesso à cultura.

Atualmente, o Galpão Cine Horto tem o patrocínio do Instituto Cultural Vale e do Instituto Unimed-BH, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, e da Cemig, por meio da Lei Estadual de Incentivo à Cultura de Minas Gerais.

Conheça parte da atual equipe gestora do Galpão Cine Horto

Direção e Coordenação Geral: Chico Pelúcio
Gerência Executiva: Laura Bastos e Samira Ávila
Conselho Executivo: Beto Franco, Chico Pelúcio, Júlio Maciel, Lydia Del Picchia e Simone Ordones
Coordenação de Produção: Bernardo Gondim
Coordenação de Planejamento: Roberta Prochnow
Administrativo-Financeiro: Maria José dos Santos
Operacional e Programação: Marina Arthuzzi
Técnica: Orlan Torres (Sabará)

Serviço
Informações sobre os 25 anos do GCH e os editais do Oficinão, do Festival Cenas Curtas e da Mostra de Monólogos, que seguem com inscrições abertas, estão no site  www.galpaocinehorto.com.br e no Instagram @galpaocinehorto. 

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