Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Saiba como foi o show de Gal Costa no Palácio das Artes

Cantora passou por Belo Horizonte com a turnê do disco ‘A Pele do Futuro’, lançado em 2018

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Uma característica de Gal Costa que sempre me chama a atenção é a leveza dela. Da pessoa, não necessariamente das canções. Os arranjos, marcados pela guitarra e letras sobre amores – correspondidos ou não – na maioria das vezes, ofereceram o peso para o equilíbrio do todo.

No show‘A pele do futuro’, que apresentou no Palácio das Artes no dia 16 de fevereiro, não foi diferente. Gal, quando fala, tem um ritmo diferente de quando canta. É leve. Deixa aparecer o bom sentido da malemolência baiana. É bom ouvi-la falar. Mas é melhor ainda ouvir o canto dela.

Aos 73 anos de idade é óbvio que a voz mudou. A movimentação no palco também. Ou seja, a cantora permanece quase o tempo todo no centro, sem caminhar ou dançar. Mas isso não interferiu em nada na performance do todo.

Gal Costa
Gal Costa no show 'A Pele do Futuro'. Foto: Camila Alcantara/Divulgação

O show

Foram quase duas horas de show. Gal estava acompanhada da banda formada por Pupilo (bateria) Chicão (teclado), Lucas Martins (baixo), Hugo Hori (sax e flauta) e Pedro Sá (guitarra e violão). Nem vi o tempo passar. Dessa maneira, embarquei total em todas as fases. As menos conhecidas, principalmente as do disco lançado em 2018, despertaram curiosidade. As mais antigas, saudade.

Gal começou literalmente fatal. Ao todo foram 25 canções. Abriu com Dê um rolê, de Moraes Moreira e Galvão, gravada em Fatal (1971). Seguiu com Mãe de todas as vozes, composição de Nando Reis para o disco mais recente. É um tributo à voz. A vibe Tropicália continuou com Mamãe Coragem (1968).

Vaca Profana, do álbum de 1984, ganhou novos e belos arranjos de Pupilo, quem divide a direção do projeto com Marcus Preto. Destaque também para as roupagens diferentes para London, London e As curvas da estrada de Santos.  Foi a primeira vez que ela incluiu a canção de Roberto e Erasmo em um show.

 

Gal Costa. Foto: Camila Alcantara/Divulgação

 

Fossa chique

Que pena, de Jorge Ben, de certa forma, abriu o set romântico. Foi seguida por Volta, de Lupcínio Rodrigues e gravada no LP Índia, de 1973. Abre-alas perfeito para Sua estupidez, canção de Roberto Carlos que, como a própria Gal lembrou, foi gravada inúmeras vezes por ela. Dessa vez o arranjo valorizou a dobradinha voz e violão. Em resumo: ficou um arraso!

Antes de cantar Palavras no Corpo, o primeiro single lançado de A pele do futuro, a cantora contou curiosidades sobre a composição. Por exemplo, quem fez a letra foi o capixaba Silva. Segundo ele, ninguém diz “Eu te amo” como Gal. Isso explica – e bastante – contagiante o refrão da música “com pegada Amy Winehouse”. Bem, é isso que diz Gal.

Outras histórias

Antes de finalizar o set “dor de cotovelo”, teve mais histórias de bastidores. Gal contou que teve um caso com Fábio Jr e, pela primeira vez, resolveu cantar uma composição dele. O que é que há virou outra coisa na voz dela. Ou seja, acompanhada somente de um piano, mostrou como uma boa intérprete é capaz de se apropriar de uma canção.

O único momento em que Gal se movimenta no palco é quando abre uma caixinha de espelho, que fica no canto esquerdo. Chuva de Prata e seu “chalalala” inaugurou o set mais dance do show. Sendo assim, fizeram parte dele Sublime, de Dani Black e Cuidando de Longe, de Marília Mendonça. Ou seja, dois nomes da nova geração que conquistaram a veterana.

Carnaval

O show de A pele do futuro termina em clima de nostalgia e alegria. Sendo assim, Gal Costa emenda quatro clássicos de carnaval: Bloco do prazer, Balancê, Massa Real e Festa do interior. Dessa maneira, dá a dimensão ao público do quanto a travessia musical dela tem sido diversa, moderna, romântica, política e leve. Assim como ela.

 

 

 

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@galcosta obrigada pelo lindo show em BH. Que seu compromisso, conosco e com a música, seja sempre renovado! Parabéns! #galcosta #bh #show

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