Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Jacques Fux lança biografia ilustrada de Dona Ivone Lara para crianças

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O evento de lançamento do livro de Fux contará com pocket show da cantora Júlia Rocha, bate-papo com o autor, mediado por Camila de Ávila

Patrícia Cassese | Editora Assistente

A programação de 2024 do projeto Literatura no Palladium será concluída nesta quarta-feira (13/11), às 19h30, com o lançamento do livro “Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar”, do escritor, psicanalista, professor e pesquisador Jacques Fux. O evento também vai contar com um show da cantora e compositora Júlia Rocha. O bate-papo com o autor será mediado pela jornalista e produtora editorial Camila de Ávila e, ao final, haverá sessão de autógrafos. Os ingressos custam de R$ 2,50 (meia) a R$ 5,00 (inteira) e estão disponíveis pela plataforma Sympla, neste link.

O escritor Jacques Fux, que lança o livro Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar" (Patrick Arley/Divulgação)

Ao Culturadoria, Jacques Fux conta que foi na pandemia do novo coronavírus que se aventurou primeiramente em escritas biográficas voltadas para jovens. “Na verdade, são biografias tão profundas e completas como as outras, só que com uma escrita um pouco mais lúdica, leve”, especifica. Assim, Fux assinou “Maria Anning e o Pum dos Dinossauros” (Companhia das Letrinhas, com ilustrações de Daniel Almeida e arte de capa de Daniel Justi) – sobre a paleontóloga britânica que chegou à origem dos dinossauros, mas que teve as descobertas “roubadas” por homens. “Desse modo, o livro também fala sobre o machismo na ciência”. Logo em seguida, o escritor colocou em repasse a trajetória de João Guimarães Rosa, no livro “As Fábulas do Fabuloso Fabulista Joãozito” (Editora ÔZé). E, agora, vem à tona o livro sobre Dona Ivone Lara, que também sai pela Companhia das Letrinhas, com ilustrações de Flávia Borges.

Admirador confesso

Fux conta que, ao se debruçar sobre a vida de Yvonne Lara da Costa, vários aspectos de pronto começaram a lhe chamar a atenção. “E uma coisa muito bonita na vida dela é que foi uma das primeiras mulheres negras a ter dois cursos superiores: Enfermagem e Assistência Social. E, como trabalhou com a (médica) Nise da Silveira, se envolveu com a luta antimanicomial e defendeu o uso de técnicas como a musicoterapia, a arteterapia”, ressalta, lembrando, por ter um irmão com paralisia cerebral, desde sempre percebe os efeitos dessas terapias.

A capa do livro sobre Dona Ivone Lara (Companhia das Letrinhas/Divulgação)

“Então, além da admiração que tenho pelo talento artístico dela, tenho a admiração especial pela atuação de Dona Ivone Lara nessas áreas”. A carioca atuou durante mais de 30 anos na área da saúde. Só depois de se aposentar, passou a se dedicar exclusivamente à música. Compôs músicas icônicas, como “Sorriso Negro”. Aliás, perguntado sobre qual a música de Dona Ivone que lhe fala mais ao coração, ele cita “Sonho Meu”, gravada também por Gal Costa e Maria Bethânia em 1978. O álbum em questão ultrapassou o marco de um milhão de cópias vendidas.

Próximos volumes e projetos

Ainda de acordo com Fux, o projeto de escritas biográficas ao qual o livro de Dona Ivone Lara integra, prevê, para breve, volumes sobre Clementina de Jesus, sobre a obra “Guernica”, de Pablo Picasso, e sobre Clarice Lispector. “O norte é justamente pegar histórias reais, bonitas e emocionantes, biografá-las e, assim, revelá-las ao mundo de uma forma lúdica”. Perguntado sobre outros projetos nos quais está envolvido neste momento, Fux conta que já assinou contrato para publicar um novo romance pela mesma editora que chancelou “Nunca vou te perdoar por Você ter me Obrigado a te Esquecer” (Editora Faria e Silva). “E, em breve, também virão livros mais juvenis”.

Outro projeto que envolve Jacques Fux, neste momento, diz respeito ao irmão dele, Benny. “O livro vai ter a mesma pegada que este, sobre a Dona Ivone Lara. Ou seja, poético, literário. Vai se chamar ‘Benny, O Inventor”, porque o meu irmão é um inventor de linguagens, de mundos, de sorrisos. E é uma publicação destinada também ao público neurodivergente, portanto, tem uma escrita mais cuidadosa. Na verdade, neste momento, o livro já está sendo ilustrado”.

Finalista do Jabuti

Recentemente, o nome de Jacques Fux foi confirmado como um dos finalistas do Prêmio Jabuti – e, claro, este assunto não ficaria de fora da entrevista. “É uma enorme alegria e uma honra estar na lista dos cinco finalistas na categoria principal do Jabuti, que é a de romance literário”, diz ele, que já foi vencedor do Prêmio São Paulo, quando iniciava a carreira (por “Antiterapia”). “Desse modo, sei como é importante (esse reconhecimento). Eu acho que eu só estou aqui escrevendo e continuando, seguindo esse sonho de ser escritor porque eu ganhei o Prêmio São Paulo”.

Fux relata que, a partir dali, sua carreira começou a, em suas próprias palavras, “ganhar a vida”. “Apesar de ser uma carreira sempre muito difícil, sempre em busca de publicações, de recepção da obra, enfim. Ano passado, fui finalista também, entre os cinco na categoria juvenil do Jabuti. Neste ano, acho que a minha alegria ainda é maior porque é um romance. Eu tenho um carinho especial pelos romances, por conta de ‘Antiterapia'”.

Desencontros

“Nunca vou te perdoar por você ter me obrigado a te esquecer”, prossegue Fux, é a história de um amor que se acaba. “O amor entre um escritor, que leva meu nome, Jacques, e uma atriz que carrega o nome de ‘M’. A arte do escritor precisa que o tempo passe para que você volte ao passado e tente entender e elaborar o que aconteceu. Por outro lado, a arte da atriz, essa arte vigorosa na qual o momento é mais importante”.

Neste sentido, o livro de Fux aborda tanto o desencontro amoroso, quanto o desencontro da arte do escrita e da arte da interpretação cênica. “E, enfim, é um livro no qual há muitas referências muito profundas. E é isso. Então, semana que vem, estarei lá, em São Paulo, para a premiação do Jabuti, esperando ser o agraciado, porque, infelizmente, só um vai ganhar”.

Dona Ivone Lara

Conhecida como a “Grande Dama do Samba”, Yvonne Lara da Costa (1921-2018), conhecida como Dona Ivone Lara, tornou-se um ícone da cultura brasileira, criando espaço para que muitas mulheres participassem das rodas de samba. Sucessos como Alguém me avisou eternizaram seu nome.

Apesar de sua notoriedade, várias de suas histórias ainda são pouco conhecidas. Jacques Fux explora essas facetas, revelando aspectos da vida de Dona Ivone, pioneira que desafiou convenções ao nascer mulher e neta de escravizados no subúrbio brasileiro dos anos 1920.

Jacques Fux

Doutor em Literatura pela UFMG e pela Université de Lille 3, Fux foi pesquisador na Universidade de Harvard e é pós-doutor em Teoria Literária pela UNICAMP e pela UFMG. Entre seus 18 livros publicados, destacam-se Literatura e Matemática (Prêmio Capes e finalista do Prêmio APCA) e Antiterapias (Prêmio São Paulo de Literatura). Em 2017, participou da FLIP e foi residente na Ledig House em Nova York. Seus trabalhos foram publicados em países como Itália, Israel, México, França e EUA.

SERVIÇO

Literatura no Palladium homenageia Dona Ivone Lara, com Jacques Fux, Júlia Rocha e Camila de Ávila.

Lançamento do livro “Dona Ivone Lara e o sonho de sambar e encantar”

Quando. Nesta quarta-feira, 13/11, às 19h30

Onde. Grande Teatro Sesc Palladium (rua Rio de Janeiro, 1.046 – Centro)
Quanto. R$ 2,50 (meia) e R$ 5,00 (inteira) pela plataforma Sympla neste link
Classificação: 10 anos

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