Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Frida Kahlo inspira espetáculo que chega agora à Campanha de Popularização

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“Frida em Fragmentos e Passos” estreia na 49ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança com três sessões, sempre às segundas

Patrícia Cassese | Editora Assistente

A paixão da atriz Bárbara Oliveira por Frida Kahlo começou nos tempos em que ela estudava Moda na faculdade. “Lá, fizemos um trabalho sobre vestimenta como espécie de linguagem. Para mim, a Frida era uma artista exótica, uma figura mítica. Uma mulher à frente do tempo. Na verdade, via o rosto dela estampado em camisetas, em bolsas, mas não sabia muita coisa além do mito”, confessa ela. Assim, foi naquele momento que Bárbara decidiu se aprofundar na obra e na vida da icônica artista mexicana. “E foi desse modo que o nosso encontro realmente aconteceu. E foi paixão mesmo. Isso foi em 2008 e, desde então, nunca mais parei de estudar a obra de Frida”, confessa ela, que nesta segunda-feira, dia 8 de janeiro, dá início às três apresentações do espetáculo “Frida em Fragmentos e Passos” dentro da 49ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança.

Bárbara Oliveira, que está em “Frida em fragmentos e passos” (Ênio Resende/Divulgação)
Bárbara Oliveira, que está em “Frida em fragmentos e passos” (Ênio Resende/Divulgação)

As demais serão realizadas nos dias 15 e 22 de janeiro, sempre no Teatro de Bolso do Teatro Sesiminas. No espetáculo, Bárbara, que também é dançarina, escritora, dramaturga, poeta, arte educadora e diretora; não está só atuando. Tal qual, assina o roteiro e a direção.

O embrião

Ainda sobre os momentos iniciais da pesquisa sobre Frida, Bárbara Oliveira comenta que a artista a deixa intrigada e, tal qual, instigada. “Primeiramente, a forma como ela transformou a sua dor em arte, as cores das telas que extrapolam os sentimentos. Assim como Frida, eu também uso a escrita como escape, como cura. E, na época, fui escrevendo nos meus cadernos, nos meus diários, frases delas. Rabisquei, pintei, as sensações que tudo aquilo ali estava me causando. E, assim, a gente pode dizer que começou a nascer uma ideia de um espetáculo”.

Bárbara Oliveira, em outra foto caracterizada como Frida (Ênio Resende/Divulgação)
Bárbara Oliveira, em outra foto caracterizada como Frida (Ênio Resende/Divulgação)

Em 2010 e 2011, Bárbara se dividia, no que tange aos estudos de teatro, entre a PUC Minas, a UFMG e o Cefar. “Assim, todas as possibilidades que eu podia ter de trabalhar a Frida e a obra dela, aproveita. Por exemplo, criava esboços de esquetes sobre a artista, mas isso nunca saiu de um sonho, isso nunca foi apresentado para o público. Ficava, assim, comigo. E a inspiração mesmo da peça, ela veio através desse material, de tudo isso que eu já tinha guardado ali dentro de uma gavetinha, desde 2008”.

Mergulho

Foi em 2021 que a peça realmente começou a sair do papel. “Sendo assim, pude finalmente abrir aquela gavetinha na qual estava tudo isso guardado. Esse tesouro, esse sonho sonhado há tanto tempo. Eu revistei minhas anotações, reli livros, a biografia dela e pesquisei obras. Assim, me aprofundei nesse universo da Frida. E aí foram mais ou menos uns cinco meses de estudo até realmente o roteiro nascer.

“Frida em Fragmentos e Passos”, diz ela, é um mergulho profundo na história da Frida Kahlo através de fragmentos da vida e obra da artista. “Das escritas do diário íntimo dela e de passos de dança. A peça faz um passeio em toda a existência dela, e o roteiro, ele externaliza os conflitos internos do universo de Frida através de cinco atos. Eu seguro a narrativa a todo momento, trazendo a Frida em quatro personalidades”, conta a atriz.

“A Coluna Partida”

Inicialmente, a Amiga Imaginária, que é a bailarina. A Madrinha, que é a morte. A mulher, esposa, pintora, o mito, a artista Frida Kahlo, a criança Frida. “Já no ato 1, temos uma personagem na terceira pessoa. E, na primeira cena, o público já se depara com uma referência de um dos quadros mais famosos da artista, que dá nome ao ato, inclusive. É ‘A Coluna Partida’, numa fotografia poética que segue em todos os outros atos”. (abaixo, outra foto de Ênio Resende/Divulgação)

No ato 2, o ator que interpreta o Diego Rivera, prossegue Bárbara, leva para a cena elementos físicos que servem de ponte, na qual a personagem ao cruzá-la, vai se transformando na própria Frida Kahlo. “No ato 3, a Frida está ali presente no palco, a Frida livre, revolucionária, dona de si. É alegre, tem tequila, música, cores, uma interação muito bacana com o público. O grito sufocado das obras vem escancarado no ato 4 e o final da peça é uma viagem nesse ciclo da vida”.

Movimentos no palco

Assim, o roteiro traz a infância da artista, os sonhos, como a arte esteve presente na juventude de Frida e o início do caminho que a levou a ser a artista mais popular e intrigante do século XX. “A beleza do nosso roteiro, penso, é que ele foi escrito assim como a poesia da obra da Frida. Não existe nuances sutis, não tem nada vago. Existe uma linha traçada onde tudo é absolutamente concreto, dinâmico. Tudo se completa, traz sentido, interage”.

Bárbara conta que faz as trocas de roupas em cena, os exercícios de mapeamento no palco. “A personagem ela interage a todo o momento com o cenário, com os objetos de cena. A iluminação e a trilha fazem parte também dessa fotografia belíssima que foi pensada como se fosse um quadro mesmo, referência de quadro da artista. É a história da personagem que segura a narrativa e tem a responsabilidade de buscar a identificação do público”.

Campanha

A atriz entende que quem conhece a história da artista, vai reconhecer quadros, frases, trejeitos e frases de impacto que ela deixou no diário. “E quem não conhece vai sair do teatro intrigado, maravilhado, imerso, mergulhado. E, acredito, com uma vontade enorme de pesquisar mais quem foi Frida Kahlo”.

No frigir dos ovos, Bárbara avalia que iniciar o ano na Campanha é começar com pé direito. “Em 2023, nós conseguimos rodar em alguns lugares bacanas e importantes com uma terceira versão da peça. Tivemos uma resposta muito bacana do público. E já no finalzinho do ano, tivemos umas mudanças técnicas na equipe técnica e na direção de coreografia. “E já nos reunimos no sentido de começar o ano de 2024 na Campanha de Popularização. Era o nosso ideal, o nosso foco, pra gente conseguir levar a nossa obra que é uma obra diferenciada, é poética, para um público que talvez não chegaria até nós sem essa ampla divulgação da Campanha”.

Projetos

Aliás, para 2024, Bárbara conta que já há uma temporada fechada na Funarte MG. “Além disso, um projeto diferenciado também, pedagógico, no qual a gente vai chamar o público para dentro do processo criativo da peça. Peça essa que foi sonhada, escrita, pensada e construída em 11 anos, que já está aí na quarta versão. E que tem um processo criativo muito bonito, muito rico. Então, a gente quer trazer o público para dentro desse processo”. Não bastasse, “Frida em Fragmentos e Passos” está inscrito em festivais de teatro pelo Brasil. “Assim, estamos aguardando o retorno. Temos projeto de lei para rodar cidades históricas do Rio, São Paulo e Minas Gerais. E o nosso objetivo com a peça é voar. Voar mesmo, e tentar alcançar festivais internacionais para o segundo semestre”.

Serviço

“Frida em Fragmentos e Passos” – 49ª Campanha de Popularização do Teatro e da Dança
Dias 8, 15, 22 de janeiro – sempre segundas, às 20h.
No teatro de bolso do Sesiminas (Rua Padre Marinho, 60, Santa Efigênia)

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