
Na foto, de laranja, à frente, Denise Paz, e, ao fundo, Anair Patrícia, em cena de "Querença", apresentada no FIT BH (Denise dos Santos/Renca Produções/Divulgação)
A Breve Cia levou, para a edição 2024 do Festival Internacional de Teatro Palco & Rua – FIT BH, a montagem “Querença”
Patrícia Cassese | Editora Assistente
O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua – FIT BH 2024 vai caminhando para seus dias finais – a edição em curso termina no próximo domingo, dia 30 de junho. Quem foi ao Teatro I do CCBB BH na noite da quarta-feira, dia 26 de junho, se deparou com uma montagem local que se revelou uma grata surpresa – claro, “surpresa” para quem ainda não tinha tido ainda a oportunidade de conferir in loco uma trabalho da Breve Cia. “Querença”, a peça em questão, tem direção e a dramaturgia de de Amora Tito e convoca, ao palco, Anair Patrícia e Renata Paz – que, aliás, por duas vezes frisou “não ser da paz”.
É pertinente colocar como o próprio grupo apresenta o espetáculo inserido na grade do FIT em seu perfil no Instagram: “Querença” continua o ciclo de histórias e identidades iniciado em “Uma, Outra”, expandindo o universo das personagens e suas jornadas. “Inspirada pela cena apresentada no Festival de Cenas Curtas do Galpão Cine Horto, o espetáculo mergulha na busca por revelar memórias e trajetórias de mulheres negras contemporâneas e ancestrais”. Sob a direção de Amora Tito, o texto, prossegue, ecoa vozes silenciadas, inspiradas pela leitura de feministas negras como Audre Lorde. “Assim, em um contexto onde corpos negros ainda são subjugados e silenciados, a obra confronta questões de invisibilidade e violência, convidando à reflexão sobre amor, memória e resiliência”.
A companhia
Da mesma forma, como a própria companhia se apresenta. Fundada em janeiro de 2016, a Breve Cia é composta por Amora Tito, Anair Patrícia e Renata Paz. Assim, pessoas vindes de regiões periféricas das cidades de Belo Horizonte, Betim e Ribeirão das Neves. “A cia possui trabalhos que desvelam as violências impostas pelo racismo. Ou seja, desde a solidão e hipersexualização de corpas negres femininos a subalternização e apagamento das próprias histórias. Investiga a Dramaturgia Negra, o Teatro de Ocupação, o Épico Dramático”.
“Querença”
No caso de “Querença”, apresentado no FIT 2024 (mas já mostrado em outros espaços da cidade, como o Francisco Nunes) não se trata – e nem parece pretender ser – de uma grande produção. Mas o carisma das atrizes e a forma criativa como o texto chega ao espectador – de maneira fragmentada, o que permite um vaivém de frases – resultaram em uma experiência no mínimo bacana. Com direito a bolinhos de chuva compartilhados com o público (que, por sinal, estavam ótimos).

O que se refletiu nos calorosos aplausos ao final da apresentação. Impossível sair da sessão sem ficar com algumas das frases rondando a cabeça. Em particular, a de que diz respeito ao fato de o voo ser melhor quando (feito) em bando. A perda e a saudade da mãe que se foi também comovem. Parabéns, pois, a todes envolvides.
Serviço
FIT BH
O Festival Internacional de Teatro Palco & Rua – FIT BH edição 2024 prossegue até o domingo, 30 de junho,
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