
Cena do filme "Faça a coisa certa", de Spike Lee. Crédito: Universal Pictures
Tem muita gente por aí precisando parar para pensar e refletir sobre como o racismo está presente. São muitas camadas da sociedade atravessadas pela discriminação velada, explícita, recreativa e “sem intenção”. O assunto vem à tona constantemente, mas prejudica a vida de pessoas negras a todo momento.
O caso mais recente ocorreu no Big Brother Brasil 21, no qual um dos participantes, o sertanejo Rodolffo, comparou a peruca de uma fantasia de homem das cavernas ao cabelo black power de João Luiz. Rodolffo afirmou várias vezes que não sabia que estava ofendendo, não tinha a intenção e se autodeclara como um homem chucro e que não teve acesso a esse tipo de informação.
No entanto, estamos em 2021, ele é um homem rico, famoso e a única coisa que precisa fazer, como disse Camilla de Lucas, outra participante do BBB, é pesquisar. Em uma rápida busca no Google é possível encontrar filmes, livros, vídeos no YouTube, artigos e um leque de informações sobre o assunto. Do básico até em complexidade maior. Após a exposição do caso em rede nacional, muita discussão na internet e intervenção do apresentador Tiago Leifert, a gente resolveu dar uma mãozinha nesse aprendizado. Selecionamos cinco filmes para refletir sobre relações de racismo e entender mais sobre a temática. Confira!
Faça a coisa certa, de Spike Lee
Um filme lançado na década de 1980 e que ainda reflete muito sobre o racismo estrutural que vivemos até os dias atuais. Narra a história de um italiano que é proprietário de uma pizzaria no Brooklyn, um bairro predominantemente negro e um dos locais mais pobre do Nova York. Além disso, o estabelecimento é decorado apenas com fotos de pessoas brancas, o que causa indignação de um ativista local e de outros moradores do bairro. O filme recebeu indicação aos Oscar de Melhor Roteiro Original e Melhor Ator Coadjuvante por Danny Aiello. Além disso, teve excelente recepção e figura em listas de melhores filmes de todos os tempos.
Fruitvale Station: a última parada, de Ryan Coogler
O longa tem base em Oscar Grant, um jovem negro de 22 anos que foi morto pela polícia no primeiro dia de 2009 na estação de Fruitvale, em Oakland na Califórnia. Várias pessoas registraram o fato e a divulgação causou revolta e protesto nos Estados Unidos. Sendo assim, é uma narrativa que convida para a reflexão sobre a violência policial, desigualdade social e sobre o contexto em que vivem as pessoas negras. Ganhou o Grande Prêmio do Júri e o Prêmio do Público no Festival de Cinema de Sundance e o de Melhor Filme de Estreia no Festival de Cannes.
Disponível no Globoplay e na Amazon Prime Video.
Cores e botas, de Juliana Vicente
Toda menina nos anos 1980 queria ser paquita da Xuxa. No entanto, naquela época não existia sequer uma que fosse negra. Em resumo, essa é a história do curta-metragem da cineasta brasileira Juliana Vicente. No filme, Joana (Jhenyfer Lauren) é uma menina de classe média alta que recebe todo o apoio da família para realizar o sonho de ser paquita. Dessa forma, fica evidente como o racismo está presente na vida das pessoas negras desde o nascimento. Outra reflexão é sobre como a mídia e a sociedade criam padrões estéticos que atravessam o corpo, os costumes e a relação entre as pessoas.
Quase deuses, de Joseph Sargent
Uma dica para pensar sobre oportunidade, privilégio e segregação racial a partir de uma história real. Se passa durante a grande depressão americana e narra a vida de Vivien Thomas (interpretado por Mos Def) e de Alfred Blalock (Alan Rickman). Vivien é um homem negro que perde tudo, inclusive as economias para a faculdade de medicina, e vai trabalhar como faxineiro na Universidade John Hopkins. Dessa forma, ao lado do pesquisador Alfred Rickman ele tem a possibilidade de participar das pesquisas e experimentos, conseguindo bons resultados. Aos poucos, Vivien vai conquistando espaço e se torna fundamental na pesquisa e execução de cirurgias cardíacas.
AmarElo: É tudo pra ontem, de Fred Ouro Preto
Por fim, um show de história, contextualização, enaltecimento da cultura negra no Brasil, sociologia, autobiografia e por aí vai. Quer mais? Com muita música junto! O filme faz parte de um projeto transmídia de Emicida que começou em e costura a apresentação do artista no Theatro Municipal de São Paulo com a história do Brasil negro. No documentário podemos conhecer, além dos bastidores do disco AmarElo, as origens do samba, do hip hop e das manifestações antirracistas.
