Orquestra Filarmônica de Minas Gerais é ovacionada após concerto comemorativo de 10 anos. Crédito: Rafael Motta/Divulgação
Já se passaram quase 24 horas. O domingo foi intenso e nem por isso os acordes da Sinfonia nº 9 de Beethoven (1770-1827), apresentada pela Orquestra Filarmônica de Minas Gerais na noite de sábado, se apagam na minha memória.
Salve, salve! A Orquestra terminou a apresentação merecidamente ovacionada.
Quem me dera ter todas as habilidades para analisar o concerto de forma técnica. Como não tenho, vou me concentrar em considerações emocionais mesmo.
É nesse lugar que a Nona Sinfonia fala comigo. Quem me apresentou Beethoven foi meu querido avô Vítor, um homem sensível e de gosto refinado. Frequentemente ele se emocionava ao ouvir o Ode à alegria. Foi impossível não se lembrar dele a cada minuto.
Pois bem, vamos a algumas observações sobre a noite.
Os músicos
Não sou muito familiarizada com a música sinfônica. Isso significa que quando vou a um concerto como este, são muitos pontos a observar. Que maravilha é se encantar com a movimentação de cada músico e seu instrumento. Se nunca fez isso, te convido a simplesmente observar. Vai se surpreender.
O programa
Embora a Sinfonia nº 9 em ré menor op.125, Coral (1822/1824) fosse a obra mais esperada da noite, especialmente os 15 minutos apoteóticos finais, a combinação com Suíte Vila Rica (1958), de Camargo Guarnieri (1907-1993) foi interessante. Curiosa também. De certa forma, reflete o que a Filarmônica se tornou: grandiosa, internacional mas sem perder a identidade brasileira.
Maestro Fabio Mechetti na regência do concerto que comemorou os 10 anos da Orquestra Filarmônica. Foto Rafael Motta/Divulgação
O maestro
É bonito perceber quando o profissional tem prazer com o que faz. O semblante de realização estava claro no rosto do discreto maestro Fabio Mechetti. Apesar de toda seriedade, era perceptível a alegria. Principalmente nos minutos finais da Nona Sinfonia. Gente, o maestro cantava junto com o coro. Aliás, que bela participação do Coro da Osesp e do Concentus Musicum de Belo Horizonte. Eram mais 80 cantores. Foi emocionante. Logo no início, ainda na execução do Hino Nacional Brasileiro, rolou um clima descontraído quando o maestro se virou para reger a plateia. Bravo, Mechetti, bravo!
A Orquestra
Já são dez anos de Orquestra Filarmônica. Entrar na sala Minas Gerais, se deparar com uma plateia tão diversa, inclusive em uma noite comemorativa, ajuda a dar a dimensão sobre o que este projeto significa para as pessoas, para a cidade, para o Estado e para o país.
A repetição do programa de estreia deixa claro o crescimento e a excelência da Filarmônica. Críticas sempre existirão. O que não se pode negar é que um projeto cultural bem sucedido. Que continue em ascendência.