Vivência pessoais, luta e o documento mimeografado de Carlos Marighella foram as inspirações dos alunos do CEFART – Centro de Formação Artística e Tecnológica – para a criação do ‘Manual dx Guerrilheirx Urbanx’. O espetáculo de formação da turma de 2017 chega ao Teatro Francisco Nunes, no dia 23 de outubro, como parte das ações do Festival de Teatro Estudantil, o FETO. O festival completa sua maioridade e ocupará diversos teatros da cidade de 21 a 26 de outubro. Na programação estão espetáculos de cinco estados brasileiros, oficinas e debates.
Esta é a primeira vez que a estudante de teatro Efigênia Maria participa do evento. No elenco de ‘Manual dx Guerrilheirx Urbanx’ a jovem vê no evento a possibilidade de alcançar novos públicos e de estar em um espaço de referência. “O FETO é muito visado por quem estuda arte. Estamos muito felizes em poder vivenciar e estar com outros trabalhos. O Festival é bem amplo e acolhe os estudantes. Dessa forma, entendemos que essa é uma oportunidade de fazer arte em meio a tempos difíceis”, afirma.
O espetáculo que Efigênia faz parte surgiu ao longo da trajetória de sua turma. O texto, segundo a atriz, foi apresentado em uma das aulas como fonte de inspiração para um trabalho. Desde então, virou base para a montagem do espetáculo de conclusão do curso. “Durante a montagem enfrentamos diversas lutas na instituição. Luta pelo espaço, pela democracia e pelo lugar de instituição pública. Aliado a isso, trouxemos experiências pessoas. Dessa forma, a peça mistura vivências e dramaturgia”.
Com direção de Marina Viana, segundo material de divulgação, a montagem propõe o encontro de nomes históricos que se conectam em um espaço atemporal. Eles se confrontam com diversos discursos, criando, assim, uma revolução suspensa, com um tempo que começa de novo.
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O Festival
Foi sobre a vontade de expressar que o Festival de Teatro Estudantil surgiu em 1999. Ele foi criado por estudantes de teatro que queriam um espaço para apresentar suas experimentações. Em suma, o evento oferece um espaço de valorização, visibilidade e fomento do teatro produzido nas escolas, universidades e cursos livres e técnicos. Em seus cinco primeiros anos foi realizado de maneira independente, com apoio de teatros e grêmios estudantis. Entretanto, desde 2005, ganhou maturidade e nova forma com financiamento via Lei de Incentivo a Cultura.
“O festival dá aos estudantes a oportunidade de criar interlocuções com o teatro. Ainda é uma oportunidade de fazer com que os alunos gostem da arte o e criem coragem de fazê-la como profissão. No Festival os estudantes também criam relações com os profissionais, discutem e, por fim, mostram seus trabalhos. Em resumo, no evento, procuramos trazer para os jovens subsídios e damos a mão para eles que precisam força para continuar lutando”, afirma Rodrigo Soares, um dos organizadores.
Programação
Neste ano, o FETO chega a sua decima oitava edição com roupagem robusta e alicerce calcado na ação formativa. Durante cinco dias, o Festival trará a BH uma programação teatral diversificada, com um total de 10 trabalhos. São grupos estudantis vindos da Bahia, Rio de Janeiro, São Paulo, Goiás e dois da cena belo-horizontina.
Os dez espetáculos foram selecionados de um total 154 trabalhos inscritos. Os grupos estão divididos nas categorias: ‘Escola de Teatro’, peças de estudantes de instituições profissionalizantes em artes cênicas; e ‘Teatro na Escola’, que abriga espetáculos de estudantes de cursos livres ou de quaisquer níveis de ensino. As obras selecionadas para esta edição trazem relevantes debates estéticos e políticos.
“Os espetáculos foram selecionados por um grupo de pessoas da área artística, que trabalham com pedagogia do teatro, por membros da sociedade em geral. A curadoria levou em conta, como por exemplo, estética e amadurecimento do teatro, entre outras”, explica Rodrigo. Além da mostra de espetáculos, o festival oferece ainda atividades formativas gratuitas.
Dessa maneira, são quatro oficinas, 10 debates e um grande encontro dentro do tradicional CaFETO, com discussões sobre o panorama e perspectivas da produção teatral contemporânea. Eles são voltados para professores, atores, estudantes de teatro e interessados na arte.
A abertura do evento, no dia 21 de outubro, no Sesc Palladium, será com a apresentação do espetáculo “Prazer” criado pela Cia Luna Lunera. Grupo mineiro, fundado em 2000 por alunos do CEFAR. Integrantes da companhia também participarão das atividades formativas e de debates após os espetáculos. As oficinas, debates e encontros são gratuitos. Os ingressos para os espetáculos custam R$6. Clique aqui e confira a programação completa do Festival. As inscrições para oficinas já foram encerradas.