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Cinema

Cinema Negro é tema do 20º Festival Internacional de Curtas de BH

Foto: Thais Faria / Divulgação

O Festcurtas chega à sua 20º edição consolidado não apenas como espaço de exibição, mas, sobretudo, como um evento voltado para a reflexão sobre as relações entre cinema, estética e política. Nesta edição o Festival se volta para o cinema negro. “É hora de mostrar que com o tempo o negro sai de objeto de representação, vai aos poucos assumindo suas narrativas e fazendo o cinema acontecer”, explica Ana Siqueira, coordenadora de programação e curadoria do evento.

O Festival promovido pela Fundação Clóvis Salgado, será realizado até o dia 19 de agosto. Assim, ocupará o Cine Humberto Mauro, na Sala Juvenal Dias e no jardim interno do Palácio das Artes. Além das sessões de cinema, a programação contará com seminário, oficinas e show. Em dez dias serão exibidos 138 filmes de 70 países e doze estados brasileiros.

O evento surgiu em 1994 do fruto do pensamento incessante do programador do Cine Humberto Mauro, José Zuba Junior. O intuito era mostrar a produção de curtas e fazer com que eles circulassem.  Dessa forma, identificar o papel dos filmes no lugar de formação de público, a busca da valorização da produção em seus diversos contextos, abordagens e reflexões.

“O que muda desde a primeira edição é o momento da produção de cinema, a forma de circulação e a chegada de pessoas novas pessoas fazendo filme. A essência continua a mesma, um festival de todos”, pontua Ana. Em 24 anos o evento ficou quatro edições sem acontecer. Parou em um período de doença e morte do idealizador, mas em seguida foi retomado. Hoje se consolida como um dos mais importantes do tipo para o cinema.

Cinema Negro em foco

Nesta edição o Festcurtas volta olhar para o cinema negro. O curador Heitor Augusto é um dos poucos pesquisadores e críticos de cinema no Brasil especializados nesta vertente. Dessa forma, o Festival apresentará três mostras especiais. A primeira, por exemplo, denominada “Cinema Negro: Capítulos de uma História Fragmentada”, será voltada para a produção brasileira com a exibição de 25 curtas realizados entre 1973 e 2018. Ela será dividida em cinco programas: ‘Família’, ‘Genocídio’, ‘Raízes’, ‘Diáspora’ e ‘Corpo’.

As duas outras permitirão ao público conhecer a obra de duas cineastas negras de diferentes países e gerações, cujos trabalhos serão exibidos pela primeira vez no Brasil. A Mostra Akosua Adoma Owusu apresentará nove filmes da premiada cineasta e produtora ganesa-americana. Já a Mostra Tributo a Safi Faye será dedicada à diretora de cinema e etnóloga senegalesa, que foi a primeira realizadora negra africana a dirigir filmes e lançá-los comercialmente.

 

Safi Faye será uma das homenageadas da mostra especial – Foto: arquivo pessoal

 

Mostras competitivas e paralelas

O Festcurtas ainda conta com já tradicionais Mostras Competitivas Minas, Brasileira e Internacional. Elas trarão curtas de produções recentes e premiarão os melhores filmes com prêmios em dinheiro e o Troféu Capivara. Ainda na programação há a exibição de curtas nas Mostras Paralelas. São elas: ‘Atravessamentos – memória da matéria, acessos alterados’ e ‘Extravasamentos – torções do artifício, maneiras de saltar e Mulher – Corpo Político’. Por fim, o público poderá conferir ainda as mostras ‘Juventudes’, ‘Animação’ e ‘Infantil’, com curtas voltados para o público infanto-juvenil e ‘Maldita’.

“Nesta edição foram inscritos 2.518 curtas, sendo 405 brasileiras e 2.113 estrangeiras para as mostras competitivas e paralelas. A curadoria do evento é composta por duas comissões. A internacional com sete integrantes e a nacional com cinco. São cinco meses de trabalhos para escolher os filmes. Selecionamos as produções que consegue lidar com o cinema de alguma forma inventiva e que proponha algo conforme o tema da edição. Já os filmes das mostras especiais foram escolhidos pelo curador Heitor.

Formação e música

Uma preocupação do Festival é trabalhar com atividades de formação. Dessa maneira, serão ofertadas as oficinas de cinema experimental e crítica de cinema. “Queremos consolidar o Festival como um lugar de debate e construção de pensamento. Que esses pensamentos aqui discutidos possam reverberar para além dos dez dias de eventos”, ressalta Ana.

Por fim, o Festival ainda contará com programações musical. Na abertura nesta sexta-feira, dia 10, o grupo Bala da Palavra se apresentará às 22h30, no Jardim Interno do Palácio das Artes. Toda a programação do evento é gratuita e os ingressos podem ser retirados 30 minutos antes de cada sessão. A programação completa do evento você confere clicando aqui.

 

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