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Agenda Cultural

Festival de Fotografia de Tiradentes começa dia 15 de março

Foto: Eugenio Savio

O evento contará com diversas exposições, debates, projeções de fotografias, lançamentos de livros e atividades educativas voltadas para a comunidade local.

por Caio Brandão | Repórter

Ostentando uma programação diversa, o tradicional Festival de Fotografia de Tiradentes, o Foto em Pauta, chegará à 12ª edição em 2023. Estarão expostas na cidade obras tanto de artistas nacionais quanto internacionais. Sendo assim, o evento promete movimentar a icônica cidade mineira com agenda gratuita dedicada à arte e à cultura. O público terá acesso aos trabalhos de mais de 500 artistas, além de nove oficinas, também de graça.

“A fotografia segue como uma linguagem contemporânea, cada vez mais presente na vida das pessoas. Nossa programação não é apenas para profissionais da fotografia, mas sim para quem gosta de imagens, arte e cultura. É um encontro democrático com uma programação bem diversa”, conta Eugênio Sávio, idealizador e organizador do festival.

A cidade como palco

Um dos grandes trunfos do evento é a relação simbiótica do projeto com o espaço da cidade em si. Assim, toda a bagagem histórica de Tiradentes, a atmosfera que se constrói a partir da ocupação de um ambiente tão especial incrementa a singularidade dessa celebração da fotografia. 

“Ocupar Tiradentes é muito importante para nós. O Festival de Fotografia não acontece em um local específico, mas sim na cidade inteira, principalmente no centro histórico. Acolhemos e adaptamos ao que o espaço urbano nos propõe, seja um café, uma livraria, uma pousada. Esses espaços culturais todos se dedicam a isso. O que é muito rico tanto para nós da organização quanto para quem visita a cidade”, conta Eugênio. 

Pluralidade de concepções

Um dos aspectos fundamentais do Festival de Fotografia de Tiradentes é o destaque dado aos pensamentos e visões particulares de cada artista. Sendo assim, a variedade de perspectivas presentes no espaço reforça o compromisso com a proposta de ser um encontro de mentes que edificam o ato de fotografar, cada uma à sua maneira.

“As outras produções tem o seu próprio tipo de pensamento relacionado à arte fotográfica contemporânea, e todas passam pelo nosso controle de qualidade. Temos 15 produções no festival sendo que apenas duas (“Outros Outros” e “Moradores”) são nossas. Isso mostra a força que o Festival de Fotografia de Tiradentes tem para receber pessoas de outros estados e países que querem usar essa reunião que a gente promove com grandes pensadores da fotografia em Tiradentes”, acrescenta Eugênio.

Para além das exposições e das oficinas, também haverá o lançamento de 40 fotolivros. Os autores estão espalhados por todo Brasil, expandindo ainda mais o escopo de produções presentes.

A expansão das fronteiras do festival

A consolidação do Festival de Fotografia de Tiradentes como tradição do cenário brasileiro fez com que o olhar internacional notasse o evento. Pela primeira vez, artistas de outros países foram selecionados para compor as exposições, tendo como destaque a criadora visual argentina Gisela Volá. 

Juntando-se à curadora Maíra Gamarra e ao fotógrafo Rafael Vilela, Volá conversará sobre desafios e avanços do fotodocumentarismo contemporâneo independente. Ela também vai falar das experiências de trabalho colaborativo.

Eugênio considera que isso seja uma coisa natural. Fomos convidados para festivais no México e no Uruguai, e a gente tem esse projeto de incrementar nos próximos anos esse relacionamento do Festival de Tiradentes com outros eventos nacionais e internacionais. Esse movimento beneficia Tiradentes e Minas Gerais como um todo, já que pessoas do mundo inteiro irão passar a ter mais interesse nas nossas produções.”

O intercâmbio de perspectivas em “Outros Outros”

Fotografar é registrar. Desde os primórdios, a primeira impressão que se tem de uma foto é de que ela seja a captura de um momento, convidando aqueles que interagem com o material a interpretá-lo. 

Consequentemente, cria-se um sentido particular. Ele se relaciona intrinsecamente ao íntimo, ao pessoal, que por sua vez parte da própria mente do observador ou de quem produziu a imagem em si. Isso sem necessariamente se conectar com o que é mostrado na foto. “Outros Outros” é justamente a subversão dessa prerrogativa.

Assim, a abstração do unitário em prol da extrema vulnerabilidade artística é o fundamento desta exposição presente na programação. O olhar do fotógrafo, por si só não basta. Em “Outros Outros”, a construção de sentido dos trabalhos apresentados se dá partindo de uma via de mão dupla. Ou seja: nos instantes que o “eu” transforma o “outro” coexistem com o “outro” transformando o “eu”.

Transcendendo o puramente documental, a iniciativa, que conta com curadoria de João Castilho e Pedro David, busca despir o olhar fotográfico de uma perspectiva singular. Impulsionando uma troca genuína que engloba estética e ética. Assim, “Outros Outros” promete ser um dos pontos altos desta edição do festival.

Foto: Nereu Jr.

Uma década de “Moradores”

O processo de se lembrar de algo é frágil. A afetividade e o carinho compõem um véu que repousa sobre a memória, podendo transformá-la conforme os sentimentos de outrora mudam e se adaptam ao que se apresenta no presente. Contudo, é justamente essa carga emocional que estabelece as lembranças como um fenômeno tão valoroso.

A preservação dessa dinâmica é o que norteia “Moradores”, exposição que, no momento em que completa 10 anos, retorna ao local de origem: Tiradentes. Após passagem por quase 30 territórios no Brasil convidando pessoas a compartilharem suas recordações afetivas, o projeto volta ao Festival de Fotografia consolidado nacionalmente e carregando toda a maturidade adquirida ao longo de uma década.

“Moradores” explora a importância do território para a formação de uma memória. Deste modo, convida aqueles que são fotografados a compartilhar como o entendimento do passado é influenciado pelo local em que uma pessoa vive. Tal associação acaba configurando o ato de morar como uma relação praticamente familiar, em que o espaço físico tem participação ativa na vivência de um indivíduo.

Somando ao evento, será exibido um documentário composto dos relatos utilizados para erguer o projeto. Além disso, será montado um varal fotográfico para que os participantes da atividade possam retirar cópias das fotos nas quais apareceram, oferecendo interatividade ao público presente.

A luz como convite à experimentação

O público presente no festival não estará restrito à observação. As oficinas “Brincando com a Luz” proporcionam uma oportunidade de imersão no universo da fotografia. As dinâmicas posicionam a luz em si como elemento central de experimentação e inspiração.

A proposta das oficinas também trabalha o estímulo à percepção e à expressão dos participantes, visando a implementação da perspectiva pessoal dentro das oficinas. Oferecendo desde fotografias via pinhole até a transformação de ambientes inteiros de uma casa em câmeras obscuras, “Brincando com a Luz” promove um engajamento pleno entre público e festival. 

O 12º Festival de Fotografia de Tiradentes – Foto em Pauta, será entre os dias 15 a 19 de março. As inscrições para as oficinas podem ser feitas pelo link http://fotoempauta.com.br/festival2023/oficinas/

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