Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Com mais de 400 atrações, Festival de Curitiba começa com Grupo Corpo

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Qual o papel que um festival de teatro desempenha hoje? A pergunta é uma das tantas que orienta o pensamento do diretor e dramaturbo Márcio Abreu desde que assumiu a curadoria do Festival de Teatro de Curitiba. A edição que começa nesta terça, 27 de março, e vai até 08 de abril é a terceira consecutiva que ele faz o trabalho em parceria com o ator Guilherme Weber.

 

Há três anos eles tentam estabelecer um conceito curatorial que deve durar no máximo mais dois. Aceitaram o desafio com data de validade. “Não é uma ideia nova a cada ano. É algo que vai se desdobrando, aprofundando ao longo destas edições”, detalha Márcio Abreu.

Foto: José Luiz Pederneiras / Divulgação

 

No alto de seus 27 anos, o Festival de Curitiba continua sendo o maior realizado no Brasil. Na edição de 2018, serão 400 atrações divididas entre a Mostra Oficial, Fringe (que é a gigantesca mostra paralela), MishMash, Guritiba, Risorama, Interlocuções e Gastronomix.

 

Márcio Abreu e Guilherme Weber respondem diretamente pela escolha das atrações da Mostra Oficial assim como do Interlocuções, uma criação deles.

 

Márcio Abreu (foto) divide a curadoria do Festival de Curitiba com Guilherme Weber. Credito: Annelize Tozzeto/Divulgação

 

Eixos curatoriais

 

O projeto curatorial da dupla tem pelo menos quatro eixos norteadores: legado, atualidade, inclusão e interlocução. Com a assinatura de Abreu e Weber, por exemplo, o Festival de Teatro de Curitiba deixa no passado a tradição de ser apenas grandes mostras de espetáculo.

 

Junto com a escolha de cada nome participante há um desejo construir um legado para a cidade. Seja na forma de um espetáculo impactante, em encontros para trocas de experiências, etc.

 

“Como as questões do nosso tempo, aquelas que são indesviáveis, são absorvidas e transformadas no pensamento do Festival. Quais as conexões que o pensamento do festival cria. Que diálogos propõe com o nosso tempo. Isso é uma outra perspectiva”, explica Márcio Abreu.

 

Entre os 29 espetáculos convidados para integrar a Mostra Oficial, por exemplo, tem performance, musical, drama, dança. Sempre há risco envolvido. Em 2018, por exemplo, sete montagens são estreias e, portanto, inéditas para todos. São elas: “Inoah”, “Denise Stoklos em Extinção”, “Domínio Público”, “Tristeza e Alegria na Vida das Girafas”, “A Ira de Narciso”, “Se o Título Fosse um Desenho Seria um Quadrado em Rotação” e “Cabaret Macchina”.

 

“O teatro é um lugar de convergência de experiências artísticas. Pensamento e linguagem. Queremos pensar o teatro na expansão de sua própria linguagem. São tantas possibilidades. Queremos ampliar e não restringir”, afirma Márcio Abreu.

 

Domínio Público é uma das co-produções do Festival de Teatro de Curitiba. Crédito: Divulgação

 

Programação

 

O diálogo do teatro com outras linguagens fica explícito na escolha do Grupo Corpo para a abertura. A companhia Mineira leva ao Guairão o programa com Dança Sinfônica e Gira. Segundo Márcio Abreu, o ineditismo do trabalho deixou de ser um critério para eles. O que importante é como a obra faz sentido dentro de uma perspectiva do festival.

 

A grade é bastante variada. Tem desde uma ópera rock com os Titãs até outro espetáculo que também tem o estilo musical protagonista com direção de Gabriel Villela.

 

 

Polêmica

 

Uma das montagens mais esperadas de 2018 é Domínio Público. Faz parte da cota de co-produções do evento. A ideia é que a produção seja uma resposta à onda de protestos que envolveram as artes em 2017. Estarão juntos Wagner Schwartz (popularmente conhecido como o homem nu do MAM), Renata Carvalho (travesti que interpreta Jesus), Maikon K (o homem nu da bolha) e Elizabeth Finger ( a mulher que permitiu que sua filha tocasse o homem nu do MAM).

 

“Não dá pra fazer um festival sem refletir sobre essas coisas e sem que o festival se coloque como um ente ativo nessa questão”, defende Abreu. Segundo ele, os quatro artistas se reuniram em uma residência não apenas para elaborar uma resposta mas uma ação artística capaz de iluminar o espaço da arte. “A importância da preservação desse lugar da arte”.

 

Como Abreu destaca, fazer isso é uma forma do Festival de Curitiba se colocar em movimento. Além disso, são quatro artistas bastante permeáveis, transitam entre diversas artes, o que deve gerar um encontro bastante singular. “São artistas que viveram censura, violência e recusa do espaço deles de modos muito diferentes”. 

 

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Interlocuções

 

“O espaço Interlocuções tem pra gente o mesmo status, a mesma dimensão da mostra”, afirma Márcio Abreu. São oficinas, encontros críticos, filmes, palestras e lançamentos de livros organizados com o objetivo de ampliar a experiência e a integração entre o público, estudantes e artistas a fim de estimular o pensamento crítico. As 20 atividades da proposta reúne diretores, artistas e profissionais diversos das artes cênicas.

 

Fringe

 

O Fringe, a Mostra paralela e totalmente independente do Festival de Curitiba, é o que dá volume para a programação. Não tem curadoria. Serão 372 espetáculos, muitos organizados em 20 mostras específicas. Os participantes vem do Brasil, Portugal, Chile, Uruguai e Colômbia, totalizando quase 1.500 apresentações.

Em 2018 serão 13 montagens de Minas Gerais na programação. São eles: As Sementes de Aço; Café Conversa: meu corpo é um campo de batalha: performance e feminismo com Nina Caetano; Cinco ou Seis Graus; Danação; Distopia; Ela não é Simone. Ele não é Ninguém; Espaço do Silêncio; Espécie; Esquecidos Recordados; Essa estranha sensação de família; Hyenna; Mulher de Juan e Prólogo Canino-Operístico.

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