Festival Artes Vertentes chega em sua 12ª edição na cidade mineira e segue em cartaz até o dia 26 de novembro
Por Gabriel Pinheiro | Colunista de Literatura
Um espetáculo de dança desenvolvido a partir de uma oficina com a população local, com trilha sonora executada ao vivo e versos de um poema de Ana Martins Marques entoados pelas participantes. Um concerto onde a música clássica encontra a poesia de Felipe Franco Munhoz. Esses espetáculos, que integraram a abertura do Festival Artes Vertentes, são dois exemplos da rica e multidisciplinar programação que o evento oferece de forma gratuita ou a preços populares da histórica cidade mineira desde o dia 16 de novembro. Unindo música, cinema, teatro, dança, artes plásticas, fotografia, performance, literatura e muito mais, o Festival Artes Vertentes segue com sua programação até o próximo domingo, dia 26 de novembro.
Ocupação da cidade
O Artes Vertentes faz um interessante trabalho de ocupação da cidade de Tiradentes. Praças, ruas, igrejas com séculos de história, museus, casarões, centros culturais e cafés. A arte se espalha por todos esses espaços, que recebem atividades como concertos, bate-papos, exposições, sessões de cinema e performances artísticas.
Ao mergulhar na programação no primeiro final de semana, acabei descobrindo espaços que, mesmo frequentando a cidade em diferentes ocasiões, ainda eram desconhecidos. Como, por exemplo, a Igreja de São João Evangelista e o Escritório Técnico do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).
Grandes nomes das mais variadas expressões artísticas
A programação do Festival Artes Vertentes salta aos olhos pela qualidade e pela multidisciplinaridade. Seja na literatura, com Ana Martins Marques, Aline Motta e Felipe Franco Munhoz; na música clássica, com o músico russo Stepan Yakovitch, a solista brasileira Eliane Pinheiro e o compositor Leonardo Martinelli; no cinema, com filmes de cineastas como Chris Marker e Werner Herzog; na música popular, com Kiko Dinucci e Roger Deff; na fotografia, com Walter Firmo e Evandro Teixeira; ou nas artes plásticas, com trabalhos de Pedro Moraleida e Regina Silveira.
Diálogo perene com a cidade
Outro ponto de destaque é o diálogo que o Festival constrói com a cidade de Tiradentes antes, durante e após o evento. É o caso da Ação Cultural Artes Vertentes, projeto que promove a iniciação no universo da arte para a população infanto-juvenil da cidade. Integram a Ação as atividades de Musicalização Artes Vertentes, Pequenos Grandes Violinistas e Coro VivAvoz. A Ação Cultural Artes Vertentes também realizou uma Oficina de Fotografia com mulheres residentes na cidade. O resultado pode ser conferido pelo público em uma exposição no Beco do Zé Moura. No campo da dança, há o Ateliê de Dança da Ação Cultural Artes Vertentes que, entre 2022 e 2023 realizou o processo de criação de espetáculo que foi exibido dentro da programação do festival.
Destaques para os próximos dias
O Festival Artes Vertentes ocupa Tiradentes até o próximo domingo, dia 26 de novembro, e tem muita atração imperdível para o público conferir. Se liga nas dicas que separamos para vocês e programe-se:
23/11 [quinta-feira]
19h – Esse Isso Aqui
(Museu Casa Padre Toledo – Rua Padre Toledo, 190 | Entrada gratuita)
Esse Isso Aqui é um projeto multidisciplinar e colaborativo criado em 2023 a partir do encontro do coletivo de arte-sonora O Grivo, a artista plástica Niura Bellavinha, e o músico Francisco Cesar. O trabalho consiste em uma série de improvisações que ocorrem na intersecção da música experimental e contemporânea, o free-jazz e as pinturas expandidas realizadas ao vivo.
24/11 [sexta-feira]
11h – Vasto mundo vasto: o (des)envolvimento a partir das paisagens que nos envolvem
(Sobrado Quatro Cantos – Rua Direita, 5 | Entrada gratuita)
Uma conversa com Maria Valéria Rezende, Olívio Jekupé e Sônia Ursula sobre as diversas possibilidades de (des)envolvimento a partir das paisagens que nos circundam: dos canaviais do brejo paraibano às aldeias guaranis, das ruas do nosso bairro à aldeia global.
17h – Artes Vertentes visita o Bichinho
(Igreja Nossa Senhora da Penha – Rua José Silva Filho, nº 11, Bichinho | Entrada gratuita)
Os músicos Stepan Yakovitch (violino), Iberê Carvalho (viola), Justus Grimm (cello) e Fabio Zanon (violão) realizam uma apresentação na cidade vizinha à Tiradentes, Bichinho, com obras dos compositores Johann Sebastian Bach (1685 – 1750), Niccolò Paganini (1782 – 1840) e Sergio Assad (1952). Participação especial do Coro VivAvoz da Ação Cultural Artes Vertentes.
19h – Terras móveis
(Palco Canudos – Rua Padre Toledo, 190 | Entrada gratuita)
Com texto de Bruno Latour e direção de Frédérique Ait-Touati, Terras móveis é uma conferência-performance em que a ordem social e cósmica é descrita como “caminhando para um colapso político e ecológico sem paralelo”, por via da crise climática.
25/11 [sábado]
10h30 – Café Literário com Maria Valéria Rezende
(Marcas Mineiras – Rua Senhora das Mercês, 49 | Entrada gratuita)
Bate-papo descontraído com a escritora Maria Valéria Rezende. Lançamento do livro Toda palavra dá samba. (2023)
18h – A tarde de um fauno em paisagens do sul
(Igreja São João Evangelista – Rua Padre Toledo, 242 ! R$40,00 / R$20,00)
Concerto com a participação dos músicos Alexandre Barros (oboé), Stepan Yakovitch (violino), Iberê Carvalho (viola), Justus Grimm (cello), Fabio Zanon (violão), Cristian Budu (piano), Gustavo Carvalho (piano). No repetório, composições de Benjamin Britten (1913 – 1976), Claude Debussy (1862 – 1918), Alberto Ginastera (1916 – 1983), Astor Piazzolla (1921 – 1992) e Radamés Gnatalli (1906 – 1988).
20h – Jerusalém de Nós
(Centro Cultural Yves Alves – Rua Direita, 168 | R$40,00 / R$20,00)
Tendo como pano de fundo o conflito de lados opostos no Estado de Israel, Jerusalém de Nós conta a história de Nurit, uma professora universitária israelense, de cinquenta e poucos anos, que invade uma repartição pública a procura de sua filha desaparecida, logo após um atentado no qual uma bomba explodiu. Assim ela imagina. Mas tudo leva a crer que está confusa quanto a veracidade dos fatos.
26/11 [domingo]
11h – Canções do Mendigo
(Chafariz de São José – Rua Francisco Cândido Barbosa, SN | Entrada gratuita)
Baseado no romance “O mendigo que sabia de cor os adágios de Erasmo de Rotterdam”, as “Canções do mendigo” (2014) é uma ópera de câmara em um ato, com música de Leonardo Martinelli e libreto de João Luiz Sampaio. A partir de uma mistura de teatro de prosa e teatro lírico, no espetáculo mergulhamos na conturbada mente desse personagem ácido e visceral, sua visão de mundo, das pessoas e de seu amor perdido pela misteriosa N.
16h30 – As canções de Felipe Franco Munhoz
(Palco Canudos – Rua Padre Toledo, 190 | Entrada gratuita)
O autor Felipe Franco Munhoz apresenta suas canções autorais em um show solo com guitarra e ukulele.
A programação do Festival Artes Vertentes vai até o dia 26 de novembro, com programação predominantemente gratuita ou a preços populares. Saiba mais no site