Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Exposição coletiva evoca sentidos para a memória

Gostou? Compartilhe!

Com abertura neste sábado, 3 de agosto, exposição traz obras de Darks Miranda, Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes, Patrick Arley e Pedro Kalil

“Seis Sentidos Para a Memória”, exposição que entra em cartaz no Espaço Comum Luiz Estrela a partir do próximo sábado, 3 de agosto, surge a partir de uma colaboração natural que os seis artistas convidados desenvolvem em seus respectivos trabalhos. É o que conta Pedro Kalil, um dos artistas e organizadores da iniciativa. “Somos artistas que trabalham contribuindo entre si. E, em determinado momento, percebemos que tínhamos um trabalho que investigava a memória, ainda que com linguagens e abordagens distintas”, situa. Neste sentido, tanto a partir de um lugar mais pessoal, como seria o seu próprio caso, até uma reflexão mais político-social, aos moldes de Darks Miranda.

“Ou projetada com um aspecto do luto, a exemplo das fotos do Patrick Arley”, complementa. Além dos profissionais citados por Pedro Kalil, também integram, a mostra, Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes. Vale lembrar que a abertura contará com uma extensa programação, a partir das 10h. Haverá, por exemplo, show de Orlando Scarpa Neto, participação do DJ Supololo e lançamento do livro “O Desaparecimento dos Peixes“ (Cas’a Edições), de Júlia Moysés.

Foto da série “Os que vão morrer aos mortos”, de Patrick Arley, que propõe uma análise sobre como a metrópole lida com a morte e a perdas de entes queridos (Patrick Arley/Divulgação)
Foto da série “Os que vão morrer aos mortos”, de Patrick Arley, que propõe uma análise sobre como a metrópole lida com a morte e a perdas de entes queridos (Patrick Arley/Divulgação)
Na foto, a capa do livro "O Desaparecimento dos Peixes" (Cas'a Edições/Divulgação)
Na foto, a capa do livro “O Desaparecimento dos Peixes”, de Júlia Moysés (Cas’a Edições/Divulgação)

Tal qual, roda de conversa com o tema “Arte, memória e esquecimento”. A entrada é gratuita. A exposição seguirá aberta à visitação do público até dia 31 de agosto.

Darks Miranda

Na exposição no Espaço Comum Luiz Estrela, a multiartista Luisa Marques, ou Darks Miranda, apresenta o filme “Maldição Tropical”, definido como uma “ficção científica do passado”. Assim, a obra reflete sobre a remoção de pessoas realizada no Aterro do Flamengo na preparação para as Olimpíadas de 2016, no Rio. Desse modo, faz uma ponte sobre esse processo com o imaginário tropical desenhado para o Brasil na figura de Carmem Miranda, junto ao sonho de desenvolvimento da capital carioca.

Frame do trabalho de Darks Miranda (captura de tela)
Frame do trabalho da multiartista Darks Miranda (captura de tela)

Patrick Arley

Também partindo das imagens – no entanto, de fotografias – o trabalho “Os Que Vão Morrer aos Mortos”, de Patrick Arley, propõe uma análise sobre como a metrópole lida com a morte. Assim, o projeto registra o Cemitério do Bonfim, o primeiro de Belo Horizonte (inaugurado em 1936), com seus túmulos grandiosos e obras que remetem à belle époque, à art déco e ao modernismo brasileiro.

Foto da série "Bonfim", do fotógrafo Patrick Arley (Patrick Arley/Divulgação)
Foto da série “Bonfim”, do fotógrafo Patrick Arley (Patrick Arley/Divulgação)

Gibran

Em “Desacontecendo”, os poemas que o artista e produtor cultural Gibran escreveu durante o isolamento imposto pela pandemia da Covid-19 ganharam ilustrações, pinturas, músicas e vídeos, produzidos com parceiros. Desse modo, a obra sugere percepções plurais sobre a constituição de memórias em um período no qual as construções coletivas e as relações e trocas entre corpos foram drasticamente cerceadas.

Alexandre Tavera

O artista, que tem trabalhos desenvolvidos com fotografia, artes visuais, cenografia e figurino, expõe a instalação “O tempo das coisas”. A proposta é experienciar as lentas e constantes mudanças da luz solar ao longo do dia e, tal qual, o seu impacto sobre o tecido, como metáfora para a corrente mudança da realidade e, consequentemente, da memória.

Kenny Mendes

Nascido em Capivari dos Eleutérios, no Centro-Oeste mineiro, o artista autodidata Kenny Mendes apresenta ao público “Paus de força”. O trabalho reúne peças novas e antigas, ritualizadas em carnavais de rua de BH desde 2015.

Pedro Kalil

Fechando a exposição, o escritor, pesquisador e professor Pedro Kalil parte de um episódio pessoal, o suicídio de seu irmão, para compor o filme “Homenagem à Hollis Frampton (ou Thiago)”. O trabalho é inspirado na obra “Nostalgia” (1971), do cineasta americano Hollis Frampton, que consiste em várias imagens distintas sendo queimadas enquanto uma história é contada. Na obra de Kalil, uma mesma imagem se repete sobre o fogo. Enquanto isso, familiares e amigos narram a história, capturando a memória não só como um aspecto individual, mas como algo intrínseco aos afetos mais próximos.

O escritor, pesquisador e professor Pedro Kalil parte de trágico episódio pessoal para compor o filme “Homenagem à Hollis Frampton (ou Thiago)” (Frame do vídeo/Divulgação)
O escritor, pesquisador e professor Pedro Kalil parte de trágico episódio pessoal para compor o filme “Homenagem à Hollis Frampton (ou Thiago)” (Frame/Captura de tela)

Traços particulares

Pedro Kalil analisa aspectos inerentes ao trabalho de cada um dos artistas. Assim, lembra que Darks Miranda tem uma obra que mistura elementos de fantasmas, natureza e metamorfose dos corpos para falar sobre memórias apagadas. “Já o Alexandre Tavera, a partir de abstrações, apresenta uma reflexão sobre como nossa memória é uma elaboração constante, sempre em movimento”. Gibran, por sua vez, parte da poesia para investigar o isolamento e os efeitos desse período pandêmico na formatação de memórias.

Enquanto isso, Kenny Mendes explora estruturas que sustentam passado, presente e futuro. “No entanto, não como processos distintos, mas se juntando”. Patrick Arley propõe uma reflexão sobre como a cidade lida com os mortos. “Quanto a mim, também parto da morte, de um episódio pessoal, para investigar a constituição da memória a partir de uma posição mais coletiva”, analisa ele.

Serviço

Exposição “Seis Sentidos Para a Memória”

Quando. Abertura: 3 de agosto, sábado, às 10h | Visitações: de 6 a 31 agosto – terças-feiras, das 17h às 20h; quartas -feiras, das 9h às 12h; quintas-feiras, das 18h às 21h; sextas-feiras, das 14h às 17h; sábados; das 10h às 16h

Onde. Espaço Comum Luiz Estrela (Rua Manaus, 348 – São Lucas)

Quanto. Gratuito, sem retirada de ingressos

Mais informaçõesInstagram Napele Produções

Programação da abertura da exposição – 3/8, sábado

10h – Abertura

12h – Almoço Comum

14h – Roda de Conversa: “Arte, Memória e Esquecimento”, com Alexandre Tavera, Gibran, Kenny Mendes, Patrick Arley e Pedro Kalil

15h – Lançamento do livro “O Desaparecimento dos Peixes”, com Júlia Moysés

16h – DJ Pedro Kalil

17h – Show de Orlando Scarpa Neto

18h – DJ Supololo

Gostou? Compartilhe!

[ COMENTÁRIOS ]

[ NEWSLETTER ]

Fique por dentro de tudo que acontece no cinema, teatro, tv, música e streaming!

[ RECOMENDADOS ]