Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

‘Eu, Tonya’:  drama familiar mais pesado que uma biografia esportiva

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Eu, Tonya começa como se fosse um documentário. Apesar de se basear em fatos reais, é um longa de ficção que comete pequenas ousadias na forma como conta a história da patinadora Tonya Harding.

Além dos falsos depoimentos, em alguns momentos da narrativa, no meio da cena, os personagens se distanciam da ficção e fazem pequenos comentários sobre aquele ocorrido diretamente para a câmera. Esse vai e vem na forma de contar a trama se prolonga nos 120 minutos de projeção. Achei interessante! Explica a indicação recebida na categoria montagem.

Mas não acho que esse formato o melhor do longa indicado ao Oscar 2018. A intensidade do drama familiar que marca a vida da campeã de patinação no gelo dos Estados Unidos nos anos 1990 me emocionou mais. Tonya é vitoriosa não pelas conquistas nas pistas de gelo mas por ter suportado a própria mãe.

 

Atrizes

Isso significa dizer que as performances dos atores são um ponto forte. Allison Janney como LaVona Golden, a mãe de Tonya tá uma coisa. A mulher tem a indiferença fixa ao semblante o tempo inteiro. Margot Robbie está bem como a protagonista mas visivelmente se intimida nos encontros com Janney. Isso faz muito bem ao filme.

A direção de Eu, Tonya é do australiano Craig Gillespie. Ele fez bem em deslocar o foco do longa do exporte para a vida pessoal de Tonya. O longa narra a trajetória dela desde a infância, o relacionamento abusivo e violento com Jeff Gillooly (Sebastian Stan), até o escândalo envolvendo a também patinadora Nancy Kerrigan (Caitlin Carver).

 

 

Passado

É curioso como todos os acontecimentos históricos, para mim, acabaram ficando em segundo plano. As dificuldades da protagonista de enfrentar todas as relações parasitas que a acompanham desde a infância são mais fortes.

Ao falar sobre as origens da patinadora e o que ela precisou enfrentar até alcançar a fama, o filme faz pequenas críticas ao mundo que valoriza tanto as aparências. Sobretudo à valorização de uma imagem comum, ou a expectativa de que as pessoas se encaixem dentro de padrões para vencer. Essa era uma tarefa árdua demais para Tonya Harding.

Eu, Tonya recebeu indicações ao Oscar 2018 nas categorias atriz principal (Margot Robbie), coadjuvante (Allison Janney) e montagem.

 

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