
Marku Ribas, que tem vida e trajetória artísticas relembradas em musical (Araci Cortes/Divulgação)
O musical, que pode ser visto no CCBB BH, coloca, em repasse, vida e carreira do genial Marku Ribas, que se foi há pouco mais de dez anos
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Um nome icônico das páginas da música mineira 0, mas de modo algum “só” isso. O talento de Marco Antonio Ribas, ou Marku Ribas (1947 – 2013), cruzou fronteiras, e não só as do estado. Também reverberou Brasil afora e, não bastasse, se espraiou pelos círculos de estudiosos e apreciadores da boa música no mundo. Não por outro motivo, “Marku Musical”, espetáculo que entrou em cartaz no CCBB BH no último dia 10, configura-se como uma oportunidade preciosa. Para os mais jovens, de conhecer mais a fundo um artista de potência assombrosa. E para os que tiveram o privilégio de acompanhar a carreira do mineiro – como a autora dessas linhas – uma chance de chacoalhar a memória e render homenagens.
Inicialmente, é preciso pontuar que a montagem mescla elementos ficcionais e documentais. Portanto, como o próprio material de divulgação sinaliza, entrelaça teatro, música e, tal qual, cinema, baseando-se primeiramente na autobiografia inédita de Marku. Mas não só. Do mesmo modo, em memórias familiares, bem como em apreciações estéticas do legado do ícone. “A peça também percorre a trajetória do artista em suas experiências em outros países, especialmente na América Central e no continente africano”, prossegue o texto de apresentação da iniciativa, no site do CCBB.
No palco
Neste percurso, propõe um olhar sobre as concepções de tradição, autoria e criatividade negra, “diante dos estereótipos impostos pelas indústrias fonográficas e de entretenimento”. Importante dizer que as duas filhas de Marku Ribas, Lira Ribas e Júlia Ribas estão envolvidas diretamente na produção. Assim, assinam direção e direção musical, respectivamente, em parceria com Ricardo Alves Jr. e Marcelo Dai. Elas também estão no palco, ao lado da mãe e esposa de Marku, Fatão Ribas. O elenco conta, ainda, com o músico e ator Alexandre Massau e com o músico nigeriano Idowú Akínrúli.
O Culturadoria conversou com Lira Ribas sobre a iniciativa. Confira, a seguir, alguns tópicos!
Início
Quando exatamente surgiu a ideia da encenação e como foi o processo até finalmente chegarem a este formato, que está em cartaz no CCBB BH?
Bem, na verdade, a gente (a família) já tinha vontade de fazer alguma coisa sobre a vida e a obra do Marku, mas sempre pensava que seria um filme… E tinha a autobiografia dele. Eu e o Ricardo (Alves Jr.), a gente é muito amigo. Assim, um dia, fizemos um trabalho que tinha umas coisas do papai. Ali, conversando, a gente falou: “Nossa, ia ser lindo levar isso ao teatro”. E como o Ricardo é também do audiovisual, logo pensamos em misturar as linguagens. Ou seja, audiovisual, teatro e música.
A minha irmã (a cantora Júlia Ribas) topou na hora. E a gente já super entendeu que o espetáculo seria com nós três (esposa e filhas de Marku), sendo que a minha mãe faria a si própria. Então, começamos o processo. Na verdade, já tem um tempinho. No ano passado, começamos os ensaios, com a chegada dos meninos (se referindo a Alexandre Massau e Idowú Akínrúli). Foi um processo longo, intenso. Muito catártico, mas muito lindo, sendo pelo meu pai.
Formato
Para quem ainda não assistiu, queria que contasse como o espetáculo foi estruturado…
A gente está o tempo inteiro no palco, né? É um espetáculo com muitos gêneros misturados. É musical, é documental. Assim, a gente coloca o palco de show com a casa, tudo no mesmo plano, e ficamos o tempo inteiro em cena. A gente conta história, a gente canta… É maravilhoso. É lindo poder ver os artistas, a gente mais o Idowú e o Alê, tão brilhante, encenando, falando a história do meu pai, cantando. E o Gabriel (Mendes, operador de câmera) filmando ali, registrando. Minha mãe, eu e minha irmã fazendo um trabalho juntas, é muito incrível.
Outros projetos
A família tem outros projetos em torno do legado de Marku Ribas sendo desenvolvidos?
Então… A gente sempre tem muita coisa, o papai deixou muita coisa. Ele deixou um livro de poemas, a autobiografia, músicas inéditas… Ou seja, tem muito trabalho ainda para a gente lançar. Mas como somos só nós duas, a gente vai dependendo de apoio, das parcerias, dos amigos, das pessoas em geral. E quando essas oportunidades vão surgindo, a gente vai lançando. Ou seja, tem muita coisa de Marku ainda para nascer no mundo.
Bate papo
No domingo, 19 de maio, data em que são celebrados os 77 anos de nascimento de Marku Ribas, o público terá a oportunidade de participar de um bate-papo com Lira Ribas, Júlia Ribas e Fatão Ribas sobre a vida e a obra do artista. Na conversa, serão discutidos temas e acontecimentos relatados pelo próprio músico em sua autobiografia. Tal qual, outros provenientes de memórias afetivas trazidas pelas filhas e pela esposa. Neste sentido, dando destaque aos enlaces entre a trajetória de vida e a criação artística de Marku. O encontro ocorre às 17h.
Ficha técnica
Direção: Lira Ribas e Ricardo Alves Jr.
Direção musical: Julia Ribas e Marcelo Dai
Dramaturgia: Allan da Rosa e Marku Ribas
Pesquisa dramatúrgica: Rafael Queiroz
Elenco: Alexandre Massau, Lira Ribas, Júlia Ribas, Fatão Ribas e Ìdòwú Akínrúli
Direção de movimento/ Preparação corporal: Fernando Barcellos
Preparação vocal: Júlia Ribas
Direção de arte: Mariana Rocha
Figurino: Luiz Claudio da Silva
Iluminação: Marina Arthuzzi e Tainá Rosa
Operação de câmera: Gabriel Mendes
Produção executiva: Nina Bittencourt
Direção de produção: Sirlene Magalhães
Produção: Nina Bittencourt e Entre Filmes
Serviço
“Marku Musical”
Onde. Teatro I do CCBB BH (Praça da Liberdade)
Quando. Até 10 de junho, de sexta a segunda, sempre às 20h30
Duração: 100 minutos
Quanto. Os ingressos custam R$30 (inteira) e R$15 (meia), e estão disponíveis na bilheteria e aqui. Clientes Banco do Brasil pagam meia-entrada com cartão Ourocard.
Classificação 12 anos
Nos dias 19/05, 26/05, 02/06 e 09/06 haverá sessões com tradução em Libras.