
Foto: Luiz Saad / Divulgação
De 25 a 28 de março, o público tem encontro marcado com a história e ancestralidade das atrizes e pesquisadoras Joana Marinho e Claudia Ribeiro. O espetáculo Constância, fruto de memórias das atrizes, nasceu no Ateliê de Pesquisa do Ator, no Sesc Paraty, e tem orientação cênica de Stephane Brodt, do Amok Teatro. O espaço permitiu que Joana e Claudia se debruçaram sobre as próprias memórias, explorando o corpo e a voz. Sendo assim, estreou nos palcos em 2019 e agora foi readaptado em uma mescla entre linguagem teatral e audiovisual.
Representação do boi
Para falar dos povos negros que vieram para o Brasil, viveram e passaram pelo sertão, Joana e Claudia se dedicaram à representação do boi. “O boi é um animal mitificado em várias culturas. No Nordeste é tema central de narrativas tradicionais e rimas populares passadas oralmente. Então, ele representa o próprio homem do sertão”, explica Joana, que também é diretora e dramaturga da peça. Dessa forma, ao retratar a saga do boi e as suas proezas para escapar dos vaqueiros, o sertanejo está contando a sua própria história. Em resumo, é isso que é feito em Constância. Ou seja, o resgate da saga do homem pela liberdade.
Para construir a dramaturgia, as atrizes se inspiraram em obras da literatura, do cinema e da tradição oral. Só para exemplificar, algumas delas são Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, Miradas sertanejas, poema de Daniel Fagundes, Aboio, a poesia do vaqueiro, documentário de Tárcio Araujo, e Carro de bois, de Humberto Mauro. “Queríamos falar desde a vinda do povo negro para o Brasil, a sua passagem pelo sertão, até os dias de hoje, que somos filhas dessa diáspora negra no Brasil. Constância vem do nosso desejo de falar sobre nós mesmas. Quando a gente fala do sertão a gente tá falando da gente”, resume a atriz.
Relação entre o teatro e o cinema
Apresentada presencialmente pela primeira vez em 2019, Constância recebeu aporte financeiro da Lei Aldir Blanc para ser remontada em meio à pandemia. De acordo com Joana Marinho, o apoio ampliou a equipe e permitiu a materialização de uma poética que já estava presente na peça. Para a apresentação online, a produção conta com uma equipe de poesia visual, responsável pela fotografia cenário, figurino e iluminação, equipe de produção, equipe de audiovisual e outra de comunicação.
“O espetáculo que vai ser apresentado na tela faz parte de uma pesquisa ainda maior, de como artistas podem, de dentro das suas casas, em isolamento social, se afetarem e construir, juntos, uma obra que é um híbrido entre a linguagem do teatro e a do cinema. Além disso, não podemos ignorar que a câmera vai mediar o olhar do espectador”, completa Joana. Dessa forma, o resultado em 2021 é mais uma pesquisa sobre como artistas e público se adaptam em momentos tão difíceis.
Confira aqui o curta documental Guardados de Constância, filme que faz parte do projeto.
[O QUE] Espetáculo Constância [QUANDO] 25 a 28 de março, 20h [ONDE] o [QUANTO] Gratuito com retirada de ingresso pelo Sympla.

Foto: Luiz Saad / Divulgação