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Música

Do RAP ao cinema: as novidades na carreira de Criolo

Crédito: Caroline Bittencourt

Criolo chega a Belo Horizonte esta semana. Além do compromisso no projeto Admirável Música Nova no Centro Cultural Banco do Brasil, na quinta-feira, faz show de graça, sábado (10) na inauguração do Boulevard UniBH. O formato que chegará ao Buritis une o clássico de rap – DJ+MC, relembrando o seu primeiro disco, “Ainda há tempo” lançado em 2006. O rapper estará acompanhado pelos DJs DanDan e Marco. E o repertório?  Canções de “Ainda Há Tempo”, do elogiado “Nó Na Orelha” e do disco “Convoque Seu Buda”.

Versatilidade é palavra de ordem para ele. Além de experimentar encontros musicais inéditos, Criolo se prepara para estrear no cinema. Está confirmado no novo filme do diretor Andrucha Wadington com roteiro assinado por Fernanda Torres.

Os ingressos para o show de sábado estão sendo distribuídos por este link. Novos lotes serão disponibilizados na quinta e na sexta.

Confira as novidades na entrevista a seguir:

 

Crédito: Beto Figueroa

CULTURADORIA – Criolo, você trará a BH um show que relembra seu primeiro trabalho. Como foi relançar o álbum “Ainda há tempo” em 2016, dez anos depois?

CRIOLO: Foi uma felicidade muito grande relançar o disco “Ainda há tempo”. O álbum tem uma história gigantesca que se confunde com tantas outras, com a minha família e o meu bairro. Regravar esse álbum foi um gesto de celebração dos dez anos desse projeto que foi o primeiro da minha vida. Foi uma oportunidade incrível.

 

CULTURADORIA – No ano passado você relançou a música “Vasilhame” por ser considerada uma letra transfóbica. Como foi esse processo de repensar na letra?

CRIOLO: Percebi que cometi um erro. Sem saber, utilizei uma palavra que estava no meu dia-a-dia, como uma gíria e quando me liguei o que ela significava e o que ela causa nas pessoas, eu resolvi mudei. A minha ignorância me levou a um caminho e a luz de aprender com as pessoas me levou para o da correção.

 

CULTURADORIA – Você costuma dizer que acredita muito na música como elemento de mudança social. É considerado um artista politizado, com músicas repletas de análises sociais e econômicas. Qual papel da poesia e da música na transformação da sociedade?

CRIOLO: A música, a poesia e as artes em geral tem o papel que as pessoas quiserem dar a elas. Isso é uma coisa de quem esta vivendo o momento de inspiração e tudo aquilo que esta em em volta. Aquilo que o emociona e que o toca. Vai de cada um. Para mim, a música sempre foi um agente de transformação e de construção. Tenho isso herdado da minha mãe que é uma mulher que luta pela arte e cultura. Peguei esse exemplo e esse olhar de mundo dela. Mesmo se não tivesse envolvido nas artes eu teria esse olhar que ela me passou.

 

 

CULTURADORIA – Suas músicas têm muito de crônica urbana. Como é seu processo para traduzir a realidade em que vive?

 CRIOLO: É um processo doloroso. Somos brasileiros e escutamos um pouco de cada coisa. Nossa manjedoura musical, o samba, é o expoente maior e nos influencia. Não seria diferente comigo, nascido e criado em uma favela no extremo sul da Zona Sul de São Paulo. A música sempre esteve presente em minha vida. Na adolescência ouvi muita cosia e isso tudo veio para minha mente e ficou guardado. Foi o rap que me deu a condição de relembrar tanta coisa que escutei, fazer um pouco dos meus sons, misturar um pouco de cada coisa e tarduzir minha realidade.

 

CULTURADORIA – Você mistura uma série de ritmos em suas canções. Rap, rock e no último disco destaque para o samba. Porque essa escolha?

 CRIOLO: Tive a oportunidade de viver bolero, samba, forró, rap, reggae e balada. A música é um infinito. O que ela nos permitir, a gente vivência. Tenho a felicidade de ter ao meu redor músicos maravilhosos, pessoas de uma experiência muito grande e que fazem com amor o viver música. Isso tudo influencia. Além disso, tem um cara chamado Dj DanDan que sempre me deu uma aula de música. Junta toda essa gente, linda e maravilhosa, e vamos desaguando essas energias totais na música.

 

CULTURADORIA – Como foi o processo de transição do rap para o samba?

CRIOLO: Não diria que foi uma transição, e sim, uma pororoca. Um grande encontro das águas que lá estão.

 

CULTURADORIA – Além de transitar entre vários ritmos, você também se aventura em outras vertentes da arte. Escreve poesias, apoia e participa de movimentos de graffiti e fotografia, dentre outras. De onde vem essa paixão e dedicação pela arte?

CRIOLO: Tudo isso vem de uma mulher maravilhosa. Uma Cearense chamada Maria Vilani. Por minha sorte, quis o destino, que eu fosse filho dela. Isso é total ponto de início e de partida para viver esse olhar e enxergar o valor das artes em todas suas nuanças e suas expressões. Tudo vem da minha mãe. Como ela diz, a gente vai vivendo e vai construindo um bocadinho.

 

Crédito: Marcelo Piu

 

CULTURADORIA – No “Espiral de Ilusão”, nove das onze músicas são de sua autoria e apenas duas de outros compositores. O que uma canção precisa ter para tocar o seu coração a ponto de você interpretá-las?

CRIOLO: A gente vai tentando se achar. Nessa planeta a gente vem mais para aprender. Estou tentando aprender tudo e nada. Mas se na canção tiver arte, ou alguém que abre o sorriso, uma indagação no próprio sorriso ou não, a gente vai tentando se entender enquanto parte dessa raça humana controversa. O álbum Espiral de Ilusão é especial e fala de muita coisa que esta no meu coração, que vivi e vivo. As duas canções que não são de autorias minhas são de dois amigos que cantamos juntos há muito tempo na roda de samba. No contexto de acreditar na energia das canções e no companheirismo de longa data, tudo se misturou e pedi a permissão para poder gravas as duas canções que são lindas e necessárias.

 

CULTURADORIA – Vivemos em uma era em que a linha que separa público e o privado é ténue. Como é sua relação com a tecnologia e essa exposição que ela permite aos famosos? Como você se relaciona com os fãs?

CRIOLO: Eu sou bem devagar com isso. A gente nunca pediu as pessoas para nos seguir nas redes sociais ou fez campanha. Uma vez ou outra, a gente faz uma brincadeira: olha gente, temos isso aqui e você encontra agente aqui e acolá. A gente é bem devagar, tanto que nossos números são pequenos, em relação a tanta gente maravilhosa que esta ai e tem números gigantescos. Mas nossos seguidores e nosso público são sinceros e é isso aí.

 

CULTURADORIA – Rap e Samba, que outras ideias de música você pretende desenvolver? Podemos adiantar alguns planos para o futuro?

CRIOLO: Já, já vem filme aí, O Juízo, com direção Andrucha Waddington, com roteiro de Fernanda Torres. A gente vai devagarzinho tocando as coisas e fazendo a música. Vamo que vamo de arte e cultural em geral que é bom pra todo mundo e luz no caminho.

 

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