Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Entenda por que o funk é o ritmo brasileiro mais ouvido no exterior

Batida, feat e versatilidade fazem com que o estilo musical seja ouvido pelo mundo

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“Eu parado no bailão, no bailão | Ela com o popozão | O popozão no chão”.  A letra que fica na mente e contagia é de Parado no Bailão, funk de Mc L Da Vinte e Mc Gury. Além de ter conquistado o Brasil, top 10 do Spotify no país, também é uma das mais ouvidas no mundo, ao lado de outros sucessos de artistas, como por exemplo, Anitta,  Mc Zaac e Mc Yuri Martins.

Em resumo: além de conquistar o mercado musical brasileiro, o funk tem ultrapassado fronteiras internacionais e se estabelecido em diversos países ao redor do mundo, tornando-se o gênero brasileiro mais ouvido em países estrangeiros na atualidade. Muita gente tem responsabilidade nisso, claro! Entre os embaixadores do funk no exterior está Daniel Haaksman. Ele era um dos convidados do mês no Circuito Municipal de Cultura, mas a vinda precisou ser cancelada em função das medidas de segurança para conter o surto do coronavírus.

Ele é DJ, produtor, jornalista e chefe de gravadora alemã com sede em Berlim. Foi ele quem mostrou a música das favelas do Rio de Janeiro para uma audiência internacional pela primeira vez. Isso quando lançou o álbum de compilação Rio Baile Funk Favela Booty Beats em 2004. Em  2013 lançou “Toma Que Toma” (Man Recordings, Man 081), também em homenagem ao Brasil.

Foto: Ricardo Muniz / Divulgação

Dados confirmam

No fim de 2019, o Spotify divulgou um  levantamento sobre as 200 músicas mais ouvidas na plataforma em 51 países. O resultado: o funk é o gênero brasileiro que, ao mesmo tempo em que é escutado no Brasil, consegue ter sucesso internacional. Estados Unidos, Portugal e Argentina são os países que mais ouvem o gênero musical.

Entre os cantores que têm músicas ouvidas lá fora, Anitta é a mais bem-sucedida. Seguida de MC G15, MC Kekel e outros, como MC L Da Vinte. “Nunca imaginei ser ouvido aonde moro, imagina fora do país. Fico bem feliz com isso. É só uma prova de que quem sonha, realiza”, conta o mineiro L Da Vinte.

 

Sucesso mundial

Outro levantamento feito pelo Spotify, em 2018, já apontava o sucesso do funk no mundo.  De 2016 a 2018, o consumo de playlists de funk brasileiro aumentou 3.421% fora do país. O crescimento global – incluindo o Brasil – foi de 4.694% desde 2016. Sendo assim, o estouro do Funk no mundo tem vários fatores. Segundo o Carlos Palombini, professor de musicologia da UFMG, membro permanente do programa de pós-graduação em música da Unirio e estudioso do funk, é difícil responder por que o funk é o ritmo brasileiro mais ouvido no exterior.

“O fator que mais pesa seria em função da originalidade. O funk tem mais de 30 anos e nesse período desenvolveu uma linguagem original e que processa tudo. Incorporou o eletro, os gritos de torcida, a capoeira, o pop e outros. Um gênero aberto e desse modo consegue tem perfil global e local , explica Palombini.

Para o MC L Da Vinte, o estilo musical e a batida são o principais fatores do sucesso internacional do funk. “Onde toca, todo mundo mexe. Ainda mais que está em outra língua, os estrangeiros não entendem a letra, então fica mais fácil de aceitar a música. O funk toca na balada e o pessoal gosta mesmo”, explica.

Feat

Além disso, outro fator importante é a explosão de parcerias entre funkeiros brasileiros e artistas internacionais. Sendo assim, sem dúvida é um dos fatores que ajudam a explicar a internacionalização. O maior exemplo é Anitta, que já fez feat com Diplo, Madonna e outros. Todo dia surge um novo funkeiro. Muito deles são embalados por produtoras como, por exemplo, KondZilla e The Gang.

 

Daniel Haaksman é uma das figuras importante para difusão do funk no mundo – Foto: Lukas Gansterer / Divulgação

O Funk

O marco do surgimento do gênero no Brasil é setembro de 1989, quando foi lançado o LP Funk Brasil, do DJ Marlboro, pela Poligram. No entanto, os primeiros registros do funk, como um gênero genuinamente brasileiro, foi nos anos 1970, quando nasceram os bailes na Zona Sul carioca inspirados no funk norte-americano de nomes como James Brown e Miles Davis.

“O ritmo e a batida formaram por meio de um longo processo, principalmente nos anos 90 de síntese entre bailes importados. Ao longo da sua história vai incorporando outros gêneros e chega a uma variedade de temas e subgêneros. Em 2004, ganha maior projeção internacional com o Dj Diplo. É um gênero que veio para ficar e mesmo com a expansão de ondas repressoras, vai crescer e ser cada vez mais popular no mundo todo”, salienta Palombini.

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