Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Encontro Internacional de Palhaços aposta na comunhão e interação

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Um evento de comunhão e não apenas de exibição. Ao completar dez anos o Encontro Internacional de Palhaços – Circovolante, em Mariana, mostra que o essencial é a troca e a interação com a comunidade. Nesta edição, que foi realizada entre os dias 5 e 9 de setembro, o evento discutiu a arte da palhaçaria em um encontro feito de palhaço para palhaço e comunidade. São mais de 50 apresentações quase ininterruptas e que misturam diversas técnicas do clown. Todas com entrada franca. Sendo assim, é alegria garantida para os cidadãos de um município.

O ponto auge foi quando todos os participantes se reuniram para o cortejo, já tradicional no Circovolante. Algo que fica evidente no evento é a aproximação com a comunidade. “Fomos em muitos festivais e observamos que neles haviam muitos palhaços e pouca comunidade. Quando criamos o encontro, em 2008, fizemos questão de envolver os moradores da cidade. Dessa forma, me sinto comprometido de ter os artistas locais na programação e, também, moradores na plateia. É preciso se importar com todos”, explica Xisto Siman, um dos diretores do evento. Junta-se a ele nesta empreitada João Pinheiro.

 

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Legado

Dessa forma, eles estão inseridos na programação e prestigiam em peso as atrações. No cortejo, por exemplo, a família do Leonardo Moreira entrou no clima e todos saíram pelas ruas com trajes semelhantes. Há dez anos a família é presença confirmada no evento. Maria Geralda Pires, de 68 anos, é nascida e criada em Mariana. Há oito trabalha como costureira do Circovolante e “salva” quem aparece no ponto de apoio do encontro com algum ajuste a ser feito. Dedicou a vida ao artesanato e à costura. “Trabalhar com palhaço é uma maravilha. Muita alegria. Quando o evento toma conta da cidade é mais lindo ainda. Fico emocionada”, conta.

O evento ainda é um espaço para discutir e trocar saberes sobre a palhaçaria. “Estamos discutindo agora tudo dentro da arte der ser palhaço, como por exemplo, a política. E claro, o amor e a alegria. A arte sempre está em mudanças”, explica Xisto. Luciano Antinarelli, o palhaço Gimba da cia circunstância, veio em todas as edições do Encontro e aponta algumas mudanças na arte. “Os tempos mudaram. Piadas que as pessoas usavam, como por exemplo negão e bichinha, não são mais usadas. Não há mais espaço para esse tipo de piada. Se o ser humano evolui, o humor e a arte também. E essa evolução é percebida”, comenta.

A maior riqueza do evento, segundo Xisto, é que as pessoas se encontrem, assistam os espetáculos uns dos outros, deem feedback e circulem. Dessa forma, é possível tomar um café, almoçar ou até mesmo jogar papo fora com os palhaços convidados. Um sentimento de estar próximo e acessível ao artista. Entretanto, o evento poderia apostar mais em rodas de conversa e bate-papo para se discutir a arte.

 

Foto: Lincon Zarbietti / Divulgação

 

Intercâmbio da arte

Estiveram na programação os palhaços Atawalpa Coello (DF), Beto Chameguinho (SC), Biribinha (AL), Chacovachi (Argentina), François Bouille (França), Guga Morales (SP), Maku Jarrak (Argentina), Martin Martinez (Argentina), Mauro Bruzza (RS), Mauro Cosenza (Uruguai), Umberto Rosichetti (Itália) e Viralata (MG). O evento também recebeu as companhias Circo Irmão Simões (MG), Circunstância (MG), Los Circo Los (SP), Lunática (MG), Namakaca (SP), Pé de Chinelo (SP), Sapato Velho (RJ) e Suno (PR). E, por fim, ainda os grupos Cabaré Gamarra (MG), Coletivo Nopok (RJ) e Trampulim (MG).

As atrações neste ano expandiram e ocuparam as praças da Sé e Gomes Freire (Jardim), a rua Frei Durão, a Praça Minas Gerais, além de asilos, hospitais assim como alguns distritos de Mariana. Setenta e uma pessoas foram envolvidas na produção. “Assim, o evento vem se fortalecendo a cada ano. Já é considerado um dos mais importantes da região. Atrai pessoas de pessoas de vários cantos do Brasil”, pontua Xisto.

Gente como a contadora Claudia Márcia Antunes, que saiu do Espírito Santo a fim de de aprendizado e aprimoramento na arte da palhaçaria. Ela, e mais outros 70 amigos, fazem parte do Instituto Alegrar. Uma ONG de palhaços que faz visitas em orfanatos, hospitais e asilos. Após descobrir o evento pela internet percorreu junto com alguns amigos 395 km até Mariana. “Estamos achando um evento maravilhoso para divulgar a palhaçaria. Uma arte que por um tempo foi discriminada, e que, agora está sendo aceita sem preconceito”, afirma.

 

Foto: Naty Torres / Divulgação

 

O Encontro

Encontro Internacional de Palhaços surgiu em 2018. Em resumo: todos os anos recebe de mais de uma centena de palhaços brasileiros e estrangeiros, com variados formatos de espetáculos, shows musicais e rodas de conversa. O evento é fruto do grupo Circovolante que está na cidade há 18 anos. A cada edição o evento homenageia um palhaço tradicional do circo. Sendo assim, neste ano foi a vez do palhaço Baiaco.

 

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