Localizado no Prado, o Massa Madre se destaca por um cardápio com sotaque argentino que, claro, inclui as saborosas empanadas
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Foi em setembro de 2015 que o argentino Gáston Almada aterrissou no Brasil – no caso, primeiramente em Brasília. Não demorou um mês para já começar a fazer uma das iguarias mais celebradas de seu país, as empanadas. “Primeiramente, comecei a vender para alguns poucos clientes, por encomenda”, recorda ele, acrescentando que, em pouco tempo, já eram mais e mais unidades saindo do forno. O passo seguinte foi receber encomendas maiores, para eventos gastronômicos. Nascia, assim, o embrião do restaurante Massa Madre, hoje localizado no bairro do Prado, e por Gastón capitaneado.
Foi um ano depois de estar morando em Brasília que ele se mudou para a capital mineira, onde, relata, teve que começar tudo de novo. “Mas a cidade me abraçou muito rápido. Assim, logo comecei a participar de feiras gastronômicas”, rememora. Ao mesmo tempo, Gastón continuava com as encomendas de empanadas, feitas em casa. Foi em setembro de 2017 que o moço abriu a primeira unidade do Massa Madre, então, na avenida Álvares Cabral, em Lourdes. “Lá, o negócio cresceu muito! Fiz muitos clientes, a calçada se enchia de pessoas”.
A Covid
O passo seguinte foi abrir uma loja maior. “Assim, em fevereiro de 2020, ou seja, antes da pandemia, decidi (sempre só) abrir uma unidade no bairro Santa Lúcia, para receber as pessoas mais confortavelmente’. Só que, no mês seguinte, veio o isolamento, por conta do crescente número de casos da Covid-19. “Aí, tivemos que nos virar para atuar no delivery. Felizmente, conseguimos sobreviver à pandemia, ainda que economicamente negativizados”, reconhece.
Mesmo com as dificuldades, Gastón conta que não queria deixar de lado o sonho tão querido de ter o seu Massa Madre. Em agosto de 2022, a unidade Santa Lúcia foi fechada e veio a mudança para o Prado. “Era um desejo pessoal, o de ter uma loja pequena com cadeiras. E com a vontade de continuar crescendo e aprendendo”. Ele entende que o Prado é um bairro tradicional, o que viu como vantagem. “Sempre me senti em casa nesse bairro. Acho que tem muito a ver comigo, com o Massa Madre, com o espírito de se sentir em casa”.
Outros pratos
Gastón reconhece que o forte do Massa Madre são mesmo as empanadas. “Mesmo a casa oferecendo um cardápio para almoço e jantar de massas artesanais, além de pratos tradicionais da gastronomia argentina”, considera. Outro sucesso são as milanesas com as Papas Francisco. Os alfajores também fazem sucesso. “Por sorte, há muita aceitação dos produtos que a gente oferece”, festeja.
Empanadas
No que tange às empanadas, a mais pedida é a tradicional argentina, a Carne Portenha. “Ela tem recheio feito de carne moída, cebola, azeitonas verdes, ovo cozido. Tem o sabor tradicional de uma empanada argentina, com a receita de minha mãe”, revela. Outra que teve ótima aceitação é a Mineira. “Ela tem formato aberta. Traz uma base de queijo mussarela, linguiça refogada na cachaça e um ovo de codorna por cima”.
Ao todo, são 22 sabores. Uma diretriz é estar sempre inovando. “Vou te dar um exemplo. Estamos com uma novidade que, na Argentina, me matariam (risos). Mas me desculpem, a empanada de abacaxi e provolone é muito boa. Toda vez que como essa mistura, realmente me sinto muito feliz. E sei que tem uma nostalgia por um petisco (similar) dos anos 1980”.
Público
Perguntado sobre o perfil de clientes do Massa Madre, Gastón Almada diz que, em sua maioria, o público é feminino. O local acolhe vários encontros de amigas ou de colegas de trabalho, de todas as idades. “Também nos sentimos abraçados pelo jovens e pelos amantes da Argentina em geral. Aliás, quem viaja para Argentina, conta que sempre se lembra de mim. Enfim, temos um público bem variado e diverso”.
A decoração do espaço – que a equipe do Culturadoria achou super fofa – é, segundo ele, simples. “(Feita), com o que realmente consigo pagar para decorar e manter o projeto. É bonito a meu jeito, nas minhas possibilidades”. As paredes trazem quadros feitos por ele. “Na pandemia, era muito importante deixar de pensar muito, para a minha saúde mental (sofro de ansiedade). Então, achei um jeito de me distrair. Decidi começar a pintar. Quando iniciei a reforma da loja, fiz uns quadros para que estejam aqui. Na verdade, sempre troco Mas são bem simples. Aliás, e falo com todo meu respeito aos verdadeiros artistas, eu só quis mesmo colocar um pouco mais de mim na loja”.
Confira, a seguir, outros trechos da entrevista
Me fale também das Papas Francisco. Eu achei demais, incrível, esse nome. De ótimo humor…
Sim, as Papas Francisco são uma criação minha (risos). Na real, uma vez fiz essas batatas com as cascas assadas. E fiz uma maionese de alho, achei uma ótima guarnição e tira-gosto. Só que, para trazer algo de ‘argentinidade’ decidi colocar no nome de Papa. Sendo que, na Argentina, para nos referirmos a batatas, falamos papas, então, coloquei – com todo respeito – Papas Francisco”.
Queria que contasse um pouco de sua história, como veio parar no Brasil….
Eu nasci em Morón, Provincia de Buenos Aires. Me formei em gastronomia aos 20 anos. Logo, comecei a trabalhar na área, mas não foi a minha paixão naquela época. Continuei estudando, mas fui para a área administrativa. Me formei em administração de empresas, mas não me sentia feliz. Daí, fui para comunicação e publicidade. Em 2013, abri um projeto em Buenos Aires, de gastronomia. Ou seja, tudo o que tinha aprendido em outras áreas me levou à paixão inicial.
Assim, abri um restaurante a porta fechadas, fazendo um menu autoral com lembranças de família. Em 2015, conheci o meu companheiro (Leonardo) em Buenos Aires. Ele morava no Brasil. Namoramos à distância um tempo, até que, em setembro daquele ano, decidi deixar Buenos Aires para outro momento. Queria viver a história com Leo e me mudei para Brasília. No ano de 2016, nos mudamos para Belo Horizonte – e continuamos juntos até hoje.
Vou te pedir também para falar sobre a escolha do nome Massa Madre. Sei o que é massa madre, mas acho que seria legal explicar o motivo que o fez batizar assim o restaurante
Na verdade, quando chegou a hora de escolher o nome, quis honrar a minha mãe. Massa Madre é um fermento natural. Eu gosto muito trabalhar com farinhas e massas. Minha mãe, neta de Italianos, criou esse hábito de massas feitas em casa. No dia 2 janeiro de 2015, minha mãe faleceu em um acidente de trânsito, e, desde então, tudo é saudades. Assim, o nome é por minha mãe. Me remeto a como é a minha vida sem ela, fisicamente falando, mas crescendo com a força que ela me deixou.
Serviço
Massa Madre (Rua Rio Negro, 640, Prado)