Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Em casa: músicos lançam produções colaborativas

Clipes contam com vídeos de fãs e músicos. Cantores como Roger Deff, Barulhista, Lô Borges e César já experimentaram o novo jeito

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Roger Deff e Barulhista produzem na cozinha e na sala de casa. César Lacerda recebe mensagens otimistas do mundo inteiro. Lô Borges interage com várias pessoas nas janelas. O maestro Felipe Magalhães rege a Orquestra Sesiminas por chamadas de vídeo. Essas são imagens de clipes produzidos nos dois últimos meses. Um reflexo de que as produções musicais, sobretudo os videoclipes, mudaram.

As produções são caseiras, gravadas em celulares e com a colaboração de diversas pessoas. Todos em casa. Contudo, a criatividade aflora. Um experimento que muitos músicos adotaram.

A frase “Olhe pro céu respire e não pire” é parte o refrão de Reflexões do Isolamento, de Roger Deff e Barulhista. Lançada em meados do mês de maio, foi toda produzida dentro de casa e com ajuda da internet. “Já queria fazer um trabalho com Barulhista e rolou durante a pandemia. Não conseguia falar de outro tema a não ser o isolamento social. Dessa forma, veio a coisa de querer refletir o momento. Depois da música pronta tivemos a ideia de pegar imagens de pessoas em casa para montarmos o clipe”, conta Deff.

Foto: Frame do vídeo da canção Da Janela Lateral de Lô Borges

As cenas foram feitas por pessoas convidadas pelo artista. Sendo assim, cada um gravou de casa com o celular. Em trechos de 15 segundos se mostraram ou filmaram coisas que inspiram. “Foi uma forma que encontrei para superar o individualismo e mostrar que seguimos conectados. Além disso, as cenas mostram realidades distintas que estão em conexão. Não é uma canção para romantizar, e sim, para mostrar que ninguém está sozinho”, acrescenta.

 

Colaboração do mundo todo

Mineiro, residente em São Paulo, o músico César Lacerda foi um dos pioneiros a lançar esse tipo de clipe, com cenas enviadas por pessoas em isolamento. Em abril, decidiu produzir um conteúdo audiovisual com a ajuda dos fãs para a canção Isso também vai passar, lançada há três anos. Segundo consta no material de divulgação do projeto, a ideia surgiu de comentários dos fãs sobre a semelhança da canção com o atual momento.

Sendo assim, o músico decidiu criar novo clipe para a canção e fez um chamamento nas redes sociais para receber vídeos. O resultado foram mais de duzentas cenas de 21 países. Nelas, as pessoas dublam trechos, desenham e soltam a criatividade. O clipe foi lançado no final de abril no Youtube.

Outro artista que também abriu as redes sociais para receber vídeos, para a produção de um clipe, foi o mineiro Lô Borges. No vídeo de Paisagem da Janela, lançado no dia primeiro de maio, o cantor interage com pessoas de todo o mundo. As cenas chegaram por meio da hashtag #dajanelalateral, depois de um convite feito pelo músico.

Lô Borges recebeu mais de mil fotos e vídeos, de pessoas de todos os estados do Brasil e de 22 países. Registros do que as pessoas viam da janela de suas casas, cantando trechos da canção ou buscando novos ares. Além de anônimos, a produção conta com artistas como Zeca Camargo, Aline Calixto e Rogério Flausino.

 

Foto: Frame do vídeo da canção Tico Tico no Fubá da Orquestra Sesiminas

Cada um na sua casa

Outra forma de realizar clipes durante o isolamento social, adotados pelos artistas, foi a gravação de clipes com cada músico em casa e depois a junção em vídeo. Jota Quest e Pato Fu são exemplos. A banda liderada por Rogério Flausino lançou o clipe da Canção A Voz do Coração. Nela, cada um dos integrantes, em casa, gravou com celular sua participação, seja tocando ou cantando. Depois, as filmagens foram colocadas lado a lado no clipe.

No da música Tribunal de Causas Realmente Pequenas, do Pato Fu, as cenas foram gravadas da mesma forma, contudo a edição ganhou mais dinamismo e os vídeos aparecem conforme a participação do músico. Ivete Sangalo, Marília Mendonça e Kim Petras são outros exemplos. Até o maior canal de vídeos do Brasil, o Kondzilla, adotou a nova forma de experimentação.

Por fim, a música clássica também se reinventou. Sendo assim, o que parecia ser impossível, reger uma orquestra por meio da internet, Maestro Felipe Magalhães conseguiu fazer com a Sesiminas Musicoop. Dessa forma, no fim de março o grupo divulgou um clipe da canção Tico Tico no Fubá, de Zequinha de Abreu, com cenas gravadas pelos músicos em casa. Todos usaram o celular para realizar o registro.

“Vi um vídeo na internet de um grupo da China e decidimos fazer algo parecido com nossa orquestra. Cada músico gravou as canções em casa e depois juntamos tudo. Mesmo com a distância deu para passar um entrosamento e foi como se estivéssemos juntos”, revela diretor artístico da Orquestra. Ele que também foi responsável pela direção do vídeo.

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