
Elba Ramalho e Geraldo Azevedo, em novo encontro nos palcos (aqui, antes do show, na coletiva à imprensa)
O show, realizado na noite da quarta-feira, 13 de março, ratificou a sintonia que pauta a relação de Elba e Azevedo desde os anos 1970
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Geraldo Azevedo e Elba Ramalho se conheceram em meados nos anos 1970. A amizade surgiu de pronto, a ponto de, já estabelecidos no Rio de Janeiro, terem dividido um apartamento. Dali em diante, nunca mais soltaram as mãos – tanto que a cantora responde pela voz que mais se colocou a serviço das composições de Azevedo. Dotados de talento e carisma, os dois voltaram a se reunir em um palco belo-horizontino na noite da quarta-feira. O melhor de tudo: em show gratuito, no Sesc Palladium, dentro do projeto Mesa Musical. A disputa para conseguir os bilhetes de acesso ao Grande Teatro, como costuma acontecer na iniciativa, foram disputados. Aliás, disputadíssimos, e de pronto se esgotaram.

Em função de os lugares não serem marcados – muito justo -, a fila para garantir um bom assento começou a se formar bem antes do horário marcado para o início do espetáculo, na rua Rio de Janeiro. Mas a entrada transcorreu bem tranquila e logo, logo espectadores já se animavam ao som de Elba e Azevedo, esses dois artistas que, saídos de estados distintos do riquíssimo Nordeste, desenvolveram bem sucedidas carreiras.
Entrevista
No entanto, um pouco antes de o show começar, Geraldo Azevedo e Elba Ramalho se reuniram com jornalistas, na Sala de Imprensa do Sesc Palladium, para conversar sobre os laços que os unem. Confira, a seguir, alguns trechos!
Sólida amizade
Desde que a a gente se conheceu, sempre acontece coisa pra gente fazer junto. Esse ano, inclusive… A Elba tem um trabalho em Trancoso do qual eu já participei várias vezes, e, assim, ela novamente me requisitou para lá. Depois a gente fez a Marina da Glória…
Elba: Ou a gente está junto, os dois, ou ele está com o show dele, eu com o meu em seguida.. Ou eu estou com meu show e ele com o dele, em seguida…
Azevedo. Sim! Daqui eu já vou para um show, que vou fazer sozinho, ela também já vai fazer outro show… Mas esses encontros nossos (no palco )são muito importantes, eu acho agradável demais, porque a gente reforça esse tipo de integração que a gente tem.
Elba: Esse laço
Azevedo: Essa musicalidade. Elba, você sabe, ela é maior intérprete da minha canção. Além de ser minha irmã, minha comadre. Aliás, ela já batizou uma filha minha, de forma que a gente tem essa ligação afetiva, emocional, musical, cultural, profissional.
Elba. Que acontece mais belamente no palco, né? Daqui a pouco a gente sobe, a gente nem sabe direito, a gente nem viu o roteiro inteiro ainda, mas a gente sabe que vai acontecer.
Azevedo. A gente tem muita confiança um no outro. A gente sabe o que vai rolar.
Elba. Essa confiança é tudo. Aliás, confiança é tudo.
O início
Geraldo Azevedo e Elba Ramalho se conheceram por meio do teatro, e também falaram sobre esse período. À época, Elba dava mais vazão ao lado atriz, enquanto Azevedo atuava como diretor musical.
Elba. Isso, 40 anos atrás (risos).
Azevedo. Olha, o teatro sempre foi importante pra mim. Desde quando eu morava em Recife, eu fiz direção musical de várias peças. Quando eu vim para o Rio de Janeiro, aconteceu essa ligação com o Elba. De forma que a interação com o teatro… Bem, já faz algum tempo que eu realmente não faço mais trabalho com o teatro.
Elba. O tempo também, né, Geraldo? A gente está tão ocupado com a música que…
Azevedo. Mas há de convir… Essa semana eu tenho uma reunião pra gente fazer um musical com a minha obra! De forma que eu vou voltar ao teatro através de um musical.
Elba. Vai ser maravilhoso, vai ser uma surpresa. Vejam, a minha intimidade musical com o Geraldo é um negócio, assim, fantástico. Eu estou em qualquer lugar, ouço um violão e digo: “É Geraldo Azevedo”. Eu reconheço a sonoridade do som dele. E a gente se entende. Ele é muito sofisticado tocando, e um grande compositor, além de cantar tudo. Eu me identifico com a obra dele, então, agora mesmo, na passagem de som, eu falei: “Eu queria voltar a cantar aquela tua canção, e na hora ele já saiu desfilando a canção, e eu já saí com a voz também… Então, a gente se conhece muito bem musicalmente, por isso que acontece. Pode ser de improviso, o que for, bota Elba e Geraldo, vai acontecer, a coisa vai acontecer.
Esteio
Azevedo: Olha, eu a conheci como atriz, mas via a musicalidade dela, de forma que incentivei muito a Elba a passar de atriz para ser cantora, embora eu espero que ela também ainda continue a fazer alguma coisa como atriz, porque ela é uma atriz arretada.
Elba. Ele foi meu esteio musical. É meu esteio musical.
Azevedo. Enfim, é muito mágica, a nossa relação. Independentemente da nossa relação emocional, o pessoal, no palco é muito mágico.
Elba. Ali, se concretiza.
Azevedo. Porque a gente se integra de uma maneira muito fantástica. Eu sempre acreditei na musicalidade dela, na força que ela tem cantando. Isso foi uma coisa que… Ela estava cantando uma música minha e falou: “Ah, você devia cantar comigo”. E falei: vim acompanhar você cantando a minha canção, ouvindo você cantar. Ela disse: “Não, canta também comigo”.
Elba. Sim, aqui existe uma relação de compositor e cantor, que é maravilhosa. Além de ele ser um grande artista. Toca muito e entrega a musicalidade dele. Existe uma coisa que realmente não dá para explicar, gente. Eu acho que é algo realmente mágico.
Mesa Brasil Musical de 2024
O show de Elba Ramalho e Geraldo Azevedo inaugurou a edição 2024 do projeto Mesa Brasil Musical. Vale lembrar que, em 2023, o Sesc Palladium trouxe quatro artistas para a iniciativa, com o intuito de fortalecer as doações de alimentos para o Sesc Mesa Brasil. Assim, promovendo o acesso à cultura mediante doação de 2kg de alimentos, o palco do Grande Teatro recebeu Teresa Cristina, Maria Gadu, Diogo Nogueira e Fafá de Belém, em noites que celebraram a parceria entre arte e solidariedade. Desse modo, em 2023, foram mais de 9 toneladas de alimentos arrecadados. Assim, 92 instituições foram atendidas com o Mesa Brasil Musical.