Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

12ª Mostra Ecofalante de Cinema entra em cartaz no Cine Santa Tereza

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Belo Horizonte recebe, pelo segundo ano consecutivo, uma itinerância da mais recente edição da Mostra Ecofalante de Cinema

Entre os dias 16 e 23 de novembro, Belo Horizonte recebe, pelo segundo ano consecutivo, a itinerância da mais recente edição da Mostra Ecofalante de Cinema. A iniciativa é tida como o mais importante evento audiovisual da América do Sul dedicado às temáticas socioambientais. As exibições serão no Cine Santa Tereza, com entrada franca. Assim, a programação conta com 15 filmes. São curtas e longas premiados em festivais nacionais e internacionais e que foram destaques da 12ª Mostra Ecofalante, ocorrida em junho, em São Paulo.

A sessão de abertura da Mostra Ecofalante traz “Amazônia, a Nova Minamata?”, de Jorge Bodanzky. O filme acompanha a saga do povo Munduruku para conter o impacto destrutivo do garimpo de ouro em seu território ancestral. Do mesmo modo, revela como a doença de Minamata, decorrente da contaminação por mercúrio, ameaça os habitantes de toda a Amazônia hoje. A sessão será comentada podr instrutores e alunos do curso de Documentário do Núcleo de Produção Digital/Escola Livre de Artes – NPD/ELA.

Cena do filme "Amazônia, a Nova Minamata?", último longa de Jorge Bodanzky (Frame)
Cena do filme "Amazônia, a Nova Minamata?", último longa de Jorge Bodanzky (Frame)

Virada Climática de BH

A itinerância da Mostra Ecofalante de Cinema em BH acontece no mês em que se organizam as ações do evento 1ª Virada Climática de Belo Horizonte. Trata-se de uma iniciativa da sociedade civil acolhida pelo Plano de Ação Climática de Belo Horizonte. Apesar de acontecer durante todo o mês de novembro, a programação da Virada está concentrada nos dias 24 e 25/11.

Destaques da programação

Entre os destaques da programação da itinerância da 12ª Mostra Ecofalante em Belo Horizonte está o premiado “A Invenção do Outro”, de Bruno Jorge, que obteve os prêmios de júri e de público na 12ª Mostra Ecofalante. O documentário retrata a maior expedição das últimas décadas na Amazônia, realizada pela Funai e liderada pelo indigenista Bruno Pereira. A missão tem o objetivo de encontrar e estabelecer contato com indígenas isolados e em estado de vulnerabilidade da etnia dos Korubos.

Outro sucesso da última edição do festival é “Exu e o Universo”, de Thiago Zanato, escolhido como o melhor filme da Competição Latino-Americana pelo público da 12ª Mostra Ecofalante. Do mesmo modo, premiado no Festival do Rio e na Mostra Internacional de São Paulo. Assim, o documentário desfaz preconceitos em torno da figura de  Exu, divindade presente em religiões de matriz africana. Desse modo, se coloca contra os ataques à liberdade de culto e ao racismo sistêmico no Brasil.

Ruth de Souza

Assim como “Exu e o Universo”, “Vento na Fronteira”, de Laura Faerman e Marina Weis, também integrou a Competição Latino-americana da 12ª Mostra Ecofalante. Desse modo, ele acompanha a luta do povo Guarani-Kaiowá pelas terras deles, na região do Mato Grosso do Sul, e que são objeto de disputa de grandes proprietários rurais. 

"Diálogos com Ruth de Souza", outro filme que será exibido em BH (frame)
“Diálogos com Ruth de Souza”, outro filme que será exibido em BH (frame)

Outro filme que fez parte da seção competitiva do festival e que poderá ser visto em Belo Horizonte é “Diálogos com Ruth de Souza”, de Juliana Vicente (diretora de “Racionais MC’s – Das Ruas de São Paulo pro Mundo”, 2022). O documentário traz ao público a trajetória de Ruth de Souza, pioneira entre as atrizes negras em palcos, televisão e cinema no Brasil. Segundo o filme, Ruth carrega em si a gênese de parte importante das conquistas para as mulheres negras ao longo de quase um século de vida. 

Aliança de povos indígenas

O documentário “Escute, a Terra Foi Rasgada”, que teve a estreia mundial na 12ª Mostra Ecofalante, também está na programação de Belo Horizonte. Dirigido por Cassandra Mello e Fred Rahal Mauro, retrata uma aliança histórica entre três povos indígenas pela defesa de seus territórios, frente à destruição causada pelo garimpo.

“Mulheres na Conservação”

Outro filme que estreou na Mostra Ecofalante é “Mulheres na Conservação”, que aborda o protagonismo das mulheres na ciência. A obra, assinada pela jornalista Paulina Chamorro e pelo fotógrafo João Marcos Rosa, retrata sete mulheres pesquisadoras que lutam pela conservação da biodiversidade no país. Participam as pesquisadoras Barbara Pinheiro, Beatriz Padovani, Flavia Miranda, Marcia Chame, Maurizélia de Brito e Silva, Neiva Guedes e Patricia Medici. Compondo a sessão, está o curta-metragem “Chão de Fábrica”, de Nina Kopko. 

James Baldwin

Parte do panorama histórico da edição deste ano da Mostra Ecofalante, o documentário “I Heard it Through the Grapevine” (foto abaixo), dirigido por Dick Fontaine e estrelado por James Baldwin, acompanha uma viagem do escritor pelos Estados Unidos. Do mesmo modo, faz um balanço das lutas pelos direitos civis e do estado das condições de vida das comunidades negras em seu país.

Filmes internacionais recentes também compõem a programação da Mostra Ecofalante em Belo Horizonte. Em “O Sonho Americano e Outros Contos de Fadas” (foto abaixo), dirigido por Abigail Disney e Kathleen Hughes, é abordada a profunda crise de desigualdade nos Estados Unidos. Abigail Disney usa o legado da própria família como um estudo de caso para explorar criticamente a intersecção entre racismo, poder corporativo e o sonho americano.

Curtas-metragens

A Mostra Ecofalante conta, ainda, com curtas-metragens que estiveram na seção competitiva da última edição do festival. Além de “Chão de Fábrica”, compõe a sessão, para citar um exemplo, “A Febre da Mata”, de Takumã Kuikuro. Trata-se de, uma denúncia contra as queimadas na Amazônia. Do mesmo modo, o premiado “Mãri hi – A Árvore do Sonho”, de Morzaniel ?ramari. Nele, as palavras de um xamã conduzem uma experiência onírica envolvendo poéticas e ensinamentos dos povos da floresta.

O gaúcho “Um Tempo para Mim” trata da transformação de uma jovem mbya guarani, que acontece no mesmo dia em que ocorre um eclipse da Lua. Já o vencedor do prêmio de melhor curta da Mostra Brasília no Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, “Levante pela Terra”, de Marcelo Cuhexê, registra o acampamento ocorrido em Brasília em 2021. Na ocasião, lideranças indígenas de todo o Brasil se reuniram para lutar contra o projeto de lei que ameaça a autonomia do territórios e processos de demarcação.

Público infantojuvenil

Para o público infantojuvenil, a Mostra exibe “A Viagem do Príncipe”, animação dirigida por Jean-François Laguionie e Xavier Picard. A narrativa traz as aventuras e os preconceitos enfrentados por um príncipe numa terra estrangeira de cultura e hábitos diferentes e que se construiu em oposição à natureza. 

Realização

A itinerância da Mostra Ecofalante de Cinema em Belo Horizonte é viabilizada por meio da Lei de Incentivo à Cultura. O evento tem patrocínio da Taesa e da BASF e apoio da Drogasil e IHS. Tem apoio institucional da Prefeitura de Belo Horizonte, por meio da Secretaria Municipal de Cultura e da Fundação Municipal de Cultura. Tal qual, da Embaixada da França no Brasil, do Programa Ecofalante Universidades e do Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima. A produção é da Doc & Outras Coisas e a coprodução é da Química Cultural. A realização é da Ecofalante e do Ministério da Cultura.  

Serviço

Mostra Ecofalante de Cinema – Itinerância Belo Horizonte

Quando. 16 a 23 de novembro

Onde. Cine Santa Tereza (R. Estrela do Sul, 89, Santa Tereza – Fone: (31) 3277-4699)

Quanto. Gratuito. Retirada de ingressos em sympla.com.br/cinesantatereza ou na bilheteria, 30 minutos antes da sessão.

Saiba mais em  ecofalante.org.br

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