
Foto: Phillipe Guimarães - BS Fotografias / Divulgação
Não adianta ir a um show no drive-in com as mesmas expectativas do passado. É diferente. Muito. Dependendo de onde – e de como – você estaciona o carro a visibilidade fica comprometida, por exemplo. O tamanho do veículo e sua respectiva carroceria também são aspectos a se considerar. O palco é menor. Não dá para dançar, claro. No máximo uma sacudida. Apesar disso tudo, tem encontro. Até vale repetir: tem encontro, minha gente!
De verdade. Mesmo com distanciamento, ele existe no mundo real e faz toda diferença em uma vivência cultural. Com todo respeito às lives, a saudade de um show de verdade era grande. Se você anda ressabiado com a experiência do drive-in, quebre esse preconceito. Mas aceite: é outra coisa.
Primeira experiência
Nossa estreia foi durante o show da dupla Clara x Sofia, no Go Dream Drive-in em BH, no sábado, 15 de agosto. Quem gosta de música pop e está ligado na renovação da cena de Belo Horizonte já deve conhecer Clara x Sofia. Se ainda não está, posicione seu radar na direção da dupla. Clara Campara e Sofia Lopes se conheceram em um happy hour, se tornaram amigas e desde 2017 constroem uma carreira cheia de personalidade.
Com respectivamente 23 e 21 anos, elas fazem parte de uma geração de prescinde de disco. O negócio delas é single, clipe direto no YouTube. O ano de 2020 tinha tudo para ser o mais importante da carreira delas, já que o ritmo de lançamentos se intensificava. Enfim, tudo teve que parar. As canções foram lançadas nas plataformas de streaming mas ficou faltando show, encontro, presença. O palco ensina muito ao artista. Confira a nossa invasão ao camarim delas e veja como a energia do encontro ao vivo fez diferença.
A performance
O repertório de Clara x Sofia ainda está em construção. Dessa maneira, no show de pouco mais de uma hora teve todas as autorais, com destaque para Seu fim em mim, que já é sucesso, Vamos falar mais de amor, Em par, Corrente do bem, Aonde está você e a novíssima Falei demais, lançada no dia 14 de agosto. A gravação tem participação de Marcelo Tofani (Rosa Neon) e Sest.
O setlist teve também versões para canções conhecidas nas vozes de Duda Beat (Bichinho), Florence and the Machine (Dog Days ar Over), Fat family (Jeito Sexy) e muitos outras. O diferencial de Clara x Sofia é esse: elas cantam as músicas de outras pessoas e mesmo os grandes sucessos ficam com a cara delas.
A espontaneidade é uma característica que a dupla deveria cultivar e cuidar para nunca perder. Clara e Sofia se complementam. Vocalmente e no palco também. Já havia percebido isso na forma como elas dão entrevista. Confira o podcast que fizemos com elas em parceria com o Jornal Estado de Minas. No palco é a mesma coisa.

Foto: Phillipe Guimarães – BS Fotografias / Divulgação
Particularidades do Drive-in
No drive-in o palco pequeno se compensa com a experiência audiovisual do telão. Sendo assim, o modo como as imagens são trabalhadas complementam o show em si. O mais difícil – realmente – é ficar dentro do carro. Isso porque a música cativa, dá vontade de sair. Mas não pode. Sendo assim, o que as pessoas fizeram foi transformar os tetos dos carros em mesas ou mesmo em palco paralelos. Sim, teve gente que ficou de pé no capô. No nosso caso, nos permitimos a porta aberta.
O serviço oferecido é de qualidade. Em resumo: todos os pedidos de comidas foram feitos pelo aplicativo e por lá também foram pagos. Não tem bebida alcoólica para vender. No tempo certo as comidas chegaram no carro com toda a segurança possível. Aliás, vale dizer, ninguém entra no drive-in sem medir a temperatura. O recolhimento do lixo também é feito via aplicativo. Você chama e logo chega alguém para dar o devido fim.
Se desejar ir ao banheiro também deve informar pelo aplicativo. Na sua vez da fila, receberá o alerta para evitar aglomerações nas redondezas da “casinha”. Tá aí uma tecnologia que poderia ser adotada para sempre. Ops, tem gente que gosta de fila de banheiro. Eu detesto.
Enfim, embora não seja a mesma coisa do passado, a experiência do show do drive-in foi aprovada. No início rola uma ansiedade. É um ritual muito novo e isso gera curiosidade. Fato é: estamos construindo outras maneiras de estar mais perto da arte que nos faz tão bem. O momento, então, é de descoberta e readaptação. Abra o seu coração.