Menu
Teatro

Cinco curiosidades sobre GIL, novo balé do Grupo Corpo

Nova coreografia presta homenagem a Gilberto Gil. A estreia será no dia 07 de agosto, em São Paulo.

GIL, Grupo Corpo. Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação

Ao longo dos 44 anos do Grupo Corpo, o diretor artístico Paulo Pederneiras já se acostumou com a pergunta que todos os compositores convidados para a trilha sonora fazem. Então, “existe algum norte conceitual para a criação”? A resposta é sempre a mesma.

“Normalmente a gente prefere ter a influência do compositor. Ele vem com a carga musical e emocional. Isso, pra gente, é muito importante”, conta Paulo. Ou seja, cada novo trabalho é, portanto, duplamente um desafio. Para quem faz a música a partir do zero e depois para quem vai traduzi-la em movimentos, no caso, Rodrigo Pederneiras e os bailarinos. Não há como negar o quanto essa dinâmica tem dado certo.

GIL, o novo balé, estreia no próximo dia 07 de agosto no Teatro Alfa em São Paulo, com temporadas também em BH (27/08 a 01/09) e Rio (10 a 15/09). No dia de mostrar a primeira prévia para a imprensa, Paulo contou que inicialmente surgiu o desejo de trabalhar com Gilberto Gil. Só depois que aceitou é que apresentou a ideia de batizar a coreografia com o nome dele, em caixa alta, para dar a dimensão do artista que é. Pronto, era o norte que todo mundo esperava.

O novo Gil

Quando o compositor se entendeu também como fonte de inspiração, escolheu revisitar a própria obra. Obviamente se reinventando. Mas se você pensa que isso facilitou a vida do coreógrafo, se enganou.

“É um negócio completamente abstrato”, resume Rodrigo Pederneiras. Justamente por isso ele assume ter tido muito trabalho para traduzir no corpo o que a obra de Gilberto Gil representa aos nossos ouvidos e almas. Sendo assim, o caminho foi buscar inspiração. O candomblé, por exemplo, foi uma das fontes já que o homenageado é filho de Xangô. Já na trilha as referências são variadas. Inclusive, há um belo revisitar de canções bem conhecidas como Aquele abraço, Realce, Tempo Rei, Andar com fé, Toda menina baiana, Sítio do Picapau Amarelo e Raça Humana. Já dá para apostar que serão estes os momentos em que o público mais vai se identificar.

Confira outras curiosidades sobre a montagem:

 

GIL, Grupo Corpo. Foto: José Luiz Pederneiras/Divulgação

 

Homenagem ao compositor

Gilberto Gil não é o primeiro compositor a ser homenageado por uma coreografia do Grupo Corpo. Antes dele, Johann Sebastian Bach, Ernesto Nazareth e o cubano Ernesto Lecuona também deram nomes a importantes montagens do repertório da companhia. Mas o baiano é sim o primeiro compositor vivo a batizar uma montagem. A trilha sonora dá sinais do quanto Gil tinha consciência disso. O convite do Corpo parece ter sido uma oportunidade para ele revisitar a própria obra e mostrar a todos nós pelo menos duas coisas. Primeiramente, o quanto o que ele criou é atemporal. Depois, como sabe se revisitar, se modernizar, se eternizar.

 

Coletivo

Diferentemente de Gira, que realmente era uma proposta nova dentro da trajetória do Corpo, GIL tem movimentos do DNA da companhia facilmente reconhecidos. No entanto, Rodrigo Pederneiras apresenta algumas novidades. Uma delas: sabe aqueles tradicionais pas-de-deux do Grupo Corpo? Pois é, não tem. Em toda a coreografia, que dura 40 minutos, tem apenas um duo masculino. Mesmo que seja, de fato, um balé mais coletivo, há que se destacar, porém, belos momentos solos, mais rápidos. Curiosamente, a única coreografia de Rodrigo Pederneiras que também não tem pas-de-deux é Sete ou oito peças para um ballet, que fará dobradinha com GIL no programa de estreia.

 

 

Moving Light

Talvez seja este um dos trabalhos mais complexos no que se refere à criação de luz de toda a carreira do Grupo Corpo. Para também fazer uma conexão com o universo do qual Gilberto Gil faz parte, a ideia de Paulo e Gabriel Pederneiras, os criadores da iluminação, foi trabalhar com moving light, equipamento característicos dos shows. A diferença é que, em geral, a banda fica parada e a luz se movimenta. No caso de GIL, tudo vai se mexer. “A minha proposta é que essa luz dançasse junto com os bailarinos”, comenta Paulo.

Ele diz que foi um enorme desafio técnico para alcançar o objetivo. “Uma experiência totalmente nova para mim. A luz não para nenhum minuto. Cada segundo de uma cena tem uma luz própria”, detalha Paulo. De acordo com o diretor artístico, para se ter uma ideia do que isso significa, somente para gravar a programação da iluminação foram necessárias dez horas para sete minutos de espetáculo.

 

Minimalista

O cenário de GIL é apenas um tapete em linóleo amarelo que vem do alto e vai até o proscênio. É um sinal de reverência. É como se o Corpo estendesse um tapete para Gilberto Gil. Ele só não é vermelho porque, no entendimento de Paulo Pederneiras, o amarelo tem a ver com a luminosidade que as canções de Gilberto Gil inspiram. Ele diz que todo o cenário tem um conceito minimalista. “Sempre tento fazer o mais limpo possível. A simplicidade é que é a dificuldade”. O figurino de Freusa Zechmeister segue mesma linha. É composto por uma malha preta com desenhos da artista plástica pernambucana Joana Lira. Como o trabalho dela destaca “a vivacidade da cultura popular brasileira”, tem tudo a ver com GIL.

 

Grupo Corpo cai no samba

“Você tem na trilha o Gil que a gente reverencia e um que é completamente novo. Essa mistura deu uma força grande”, comenta Rodrigo Pederneiras. Para o coreógrafo, um dos desafios da coreografia foi lidar com tantos ritmos trabalhados por Gilberto Gil. Como muitas influências baianas estão na trilha, é claro que tinha que ter samba. No entanto, isso não ficou restrito à música. “Aquele samba levinho, deslizado, suave. Quem trouxe mesmo foi o Gil. Ele foi abrindo e eu fui atrás”.

 

Conteúdos Relacionados