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Cuidar de si e do outro: os ecos do Festival Path

Festival Path realizou em São Paulo dezenas de palestras sobre empreendedorismo, inovação, criatividade, diversidade sexual, cannabis e muitos outros temas

Lançamento do #OrgulhoFamilia pelo Instagram. Foto: Val Luna/Divulgação

O Festival Path é aquele tipo de experiência que demanda tempo de decantação. O evento realizado em São Paulo nos dias 01 e 02 de junho mexe com quem está em busca de novos desafios ou pelo menos está tentando entender alguma coisa do que está rolando no mundo. Sendo assim, mexeu comigo.

É por isso que é preciso tempo, descanso e resiliência. O que foi possível perceber por lá é que realmente estar nesse mundo não está fácil. Dessa maneira, temas como mindfulness, empatia, compaixão, economia do compartilhamento, respeito às diferenças reverberaram no Path.

A seguir, organizo alguns comentários e percepções que marcaram os dois dias de maratona de palestras.

Como as pessoas estão pensando?

Atrair a atenção dos consumidores, conquistar a confiança deles, encantar. O Path dá sinais de que os marketeiros estão pirando com tanta tecnologia, tanto dado e mesmo assim tanta dificuldade das marcas se conectarem com os humanos.

É o insight que fica depois de ouvir Lígia Gonçalves que tem mais de 20 anos de experiência em marketing. Ela me apresentou um tema novo, muito conectado à neurociência. Você sabia que tem gente contratada como arquiteto de decisões? Pois é!

A figura é paga para tornar os processos de decisão de compra dos consumidores mais simples e assim controlar o que, como e o quanto se vende. É claro que é preciso considerar uma dimensão ética para isso.

De toda forma, essa nova “ciência” das escolhas navega na onda do poder do hábito. Ou seja, a maior parte de nossas escolhas são irracionais e o lance é você entender que o humano age de forma previsível para, a partir daí, traçar os planos para as escolhas que são interessantes para você!

 

Lígia Gonçalves falou sobre Economia Comportamental: como arquitetar decisões. Foto: Samy/Divulgação

 

Apesar da patrulha ideológica o audiovisual brasileiro vai bem

“Este filme gerou 980 empregos”. A frase, bastante certeira e objetiva aparece após os créditos finais de Bacurau. O filme dirigido pelos Brasileiros Kleber Mendonça Filho e Juliano Dornelles venceu o Gran Prix no festival de Cannes em 2019. A escolha por divulgar essa informação não deixa de ser um protesto. Ou melhor, um alerta.

Kleber e Juliano chamaram a atenção para o fato do cinema movimentar a economia. É isso vai além de ajudar a pensar o Brasil. O caso de Bacurau traduz na prática um dos temas também discutidos na recente edição do Festival Path.

A jovens diretoras Alice Riff e Paula Sacchetta foram convidadas a estimular uma discussão em torno do tema O poder do audiovisual em redesenhar a realidade brasileira. A mediação foi de Taina Muhringer. Pelo menos entre elas – e eu estou totalmente de acordo – é um assunto tão óbvio que nem deveria levantar questões.

O que rolou de curioso? A informação de que a indústria audiovisual brasileira já é maior do que a farmacêutica! Tá, meu bem! Beleza, mas diante disso, o que a gente precisa fazer para ter mais público, mais investimento e a compreensão mais ampla do tanto que o cinema importa para ajudar a pensar o Brasil? Vácuo….

Alice defende a ideia de que toda a cadeia de realizadores precisa criar pequenas células.

O negócio é que toda essa patrulha ideológica que está rolando tem feito com que cineastas independentes procurem novos espaços para exibir seus filmes. “Vamos montar nossas células como as igrejas tem”, disse Alice Riff. Ou seja: entre as sugestões para mudança fica a provocação de que precisamos repensar a distribuição. Mas esse, é assunto para um festival inteiro.

 

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Ainda há muito o que se debater e aprender sobre a sexualidade humana

O tema diversidade sexual pautou muitas mesas no Festival Path. Uma delas, em especial, se concentrou na letra A da sigla LGBTQI+. Ou seja, pessoas que lidam como o desejo sexual de maneira secundária na vida. Falar sobre isso é um tabu enorme. Como enfrentar uma sociedade que tem o sexo como um imperativo?

Arunã Siqueira e Cris Vakulja encaram essa batalha há um tempo foram bem didáticos. Explicaram as diferenças entre as orientações allosexuais (hétero, homo, bi, pan) e assexuais (estritos, demi, gray-A). “Assexualidade é uma orientacao, ou seja, não se escolhe. Nasce assim”, explica Cris Vakulja.

Os participantes da mesa estavam acompanhados da psicanalista Cristina Dias. Ela reconheceu que há pouca literatura acadêmica sobre o tema assexualidade. Mas, alguns trabalhos começam a surgir. Entre os exemplos citados está o artigo “Assexualidade: um olhar psicanalítico para o futuro”, de Eduardo Rozenthal. Quem quiser baixar para ler aqui está o link.

O autor defende a ideia de que, sob a perspectiva da psicanálise, é possível, estabelecer a assexualidade como “singularidade do sujeito”. “Valorizar a assexualidade como singularidade nos remete afinal para o futuro de uma verdadeira democracia sexual na qual se inscreveria a multiplicidade infinita de sexualidades: a cada sujeito, uma identidade sexual singular”. Enfim, outro tema que rende um festival inteiro.

 

Arunã Siqueira e Cris Vakulja explicam sobre assexualidades. Foto: Samy/Divulgação

 

#Orgulhofamilia

Também dentro da trilha de diversidade sexual, o Instagram aproveitou o Path para gravar mais um episódio da série Orgulho Família apresentada por Matheus Mazzafera. No mês do Orgulho LGBTQIA+ eles lançaram uma série de vídeos sobre a relação com as famílias. Durante o festival, no caso, ele gravou uma entrevista com Dione Freitas. Ela é transfeminista e militante da causa trans, intersexo. Ou seja, ainda tem muita coisa para gente aprender. O importante é defender o respeito acima de tudo.

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