“Vidas em cordel” reúne histórias de pessoas comuns contadas pela técnica do cordel e integra programação do 2º Fliparacatu
Por Gabriel Pinheiro | Colunista de literatura
Quanto vale a sua história de vida? Para o Museu da Pessoa, esse valor é incalculável, como o de uma obra de arte. Não à toa, esse museu singular coleciona e expõe histórias. Fundado em 1991, o Museu da Pessoa é um espaço virtual e colaborativo, que reúne histórias de vida, aberto à participação de toda pessoa. Assim, o visitante é convidado a visitar, a organizar suas próprias coleções de histórias e a fazer um mergulho tanto no íntimo quanto no coletivo, formando um retrato múltiplo do Brasil. “Essas histórias servem como um grande manancial da história do país”, destaca Karen Worcman, diretora do Museu da Pessoa.
Arte do cordel
Em um passeio pelo Gira Paracatu, circuito cultural promovido pelo Festival Literário Internacional de Paracatu – Fliparacatu no simpático centro histórico da cidade mineira, uma das atrações que saltam aos olhos é a exposição “Vidas em cordel”, uma parceria entre o Museu da Pessoa e o festival. O cordel é um gênero literário popular que remonta ao século XVI, unindo a escrita em versos com o trabalho de ilustração – muitas vezes com a técnica da xilogravura.
Se historicamente a arte do cordel é responsável por contar histórias e eternizar personagens na memória de seus leitores, a exposição do Fliparacatu promove um feliz encontro entre o acervo do Museu da Pessoa, incluindo histórias de personagens marcantes da cidade mineira de Paracatu, à essa arte tão brasileira que é o cordel.
Mapeamento
Numa visita guiada pela exposição, Karen Worcman destacou o trabalho de mapeamento das comunidades de Paracatu, na formação de lideranças e no registro de saberes tradicionais. Foi a partir das histórias encontradas nesse processo que se deu a escolha dos personagens paracatuenses que tiveram suas vidas transformadas em cordel. “Transformar essas histórias de vida em literatura. Uma literatura popular”. É o caso de Dona Benzinha Araújo, conhecida como “A grande mãe de Paracatu”, parteira que trouxe à vida inúmeras crianças residentes na cidade. “Para quem passou a vida/ Fazendo vida emergir,/ Eu arrisco essa homenagem/ Se assim me permitir:/ Dona Benzinha, parteira,/ Faça meu verso fluir!”
Outro ilustre personagem transformado em cordel para a exposição é o homenageado desta Fliparacatu, o escritor e líder indígena Ailton Krenak. “Se a luta é melódica/ Krenak rege orquestra / Caminha e faz palestra,/ mas não de forma metódica.”
Cabine interativa
Além da exposição “Vidas em cordel”, uma cabine interativa foi instalada na cidade. Nela, o público é convidado a contar e registrar as suas próprias histórias, transformando-se, assim, em parte de um valioso acervo.
Serviço
Exposição “Vidas em Cordel” | Museu da Pessoa
Quando: 28 de agosto a 3 de setembro (exceto sábado e domingo), das 8h às 18h
Onde: Biblioteca Municipal René Lepesqueur (Rua Rio Grande do Sul, 1200, Paracatu)
Quanto: Gratuito
Cabine interativa | Museu da Pessoa
Quando: 28, 29 e 30 de agosto, das 8h às 22h; 31 de agosto, das 10h às 22h; 1.º a 3 de setembro, das 11h às 18h
Onde: Casa de Paracatu (Rua Américo Macedo, 19, Centro, Paracatu)
Quanto: Gratuito
De 5 de setembro a 13 de outubro, as duas programações estarão disponíveis ao público na Fundação Municipal Casa de Cultura (Rua do Ávila, s/n, Núcleo Histórico de Paracatu), das 8h às 18h em dias úteis e das 9h às 15h em fins de semana e feriados.