Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Conheça projetos que contribuem para a difusão e acesso ao cinema

Iniciativas levam oficinas e exibição de filmes gratuitamente a população que não tem acesso

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Falar sobre a difusão e acesso ao cinema nunca foi tão importante.  Em tempos em que a cultura sofre com cortes, o tema da redação do Enem 2019 nos aguça ainda mais a refletir sobre assunto. Neste texto, em tom opinativo, registramos as primeiras impressões. Mas o assunto não merece se esgotar.

Mesmo que, para alguns, possa soar repetitivo, para nós é muito importante falar sobre cinema e sua democratização. Por isso – e para cada vez mais contribuir para o debate qualificado – buscamos detalhar as iniciativas que há muito tempo tem a democratização do cinema como norte.

Como você verá adiante, já tem tempo que diversas iniciativas se preocupam em democratizar o acesso aos filmes, brasileiros ou não. A seguir, apresentaremos alguns exemplos feitos – ou elaborados, em Minas Gerais.

Cinema na Praça. Foto: Leo Ayres/Divulgação

Cinema Sem Fronteiras

Quando a Mostra de Cinema de Tiradentes começou, isso há 23 anos, conversar sobre democratização do acesso ao cinema era raridade. Com acesso gratuito, cinema na praça e, naquela época, em uma tenda de circo na pequena cidade do interior de Minas, o tema do Enem já veio no DNA do evento. O tempo provou a relevância.  Assim nasceu o projeto ‘Cinema Sem Fronteiras’, que promove o mesmo em Ouro Preto, com a CineOP e em Belo Horizonte, com a CineBH.

A Mostra de Cinema de Tiradentes é a maior janela do cinema brasileiro. Além das outras duas Mostras, a Universo realiza, ainda, o Cinema na Cidade que leva filmes a municípios do interior. “A ideia é propagar filmes que não tem espaços no cinema comercial e popularizar a arte. Iniciativas como essa é importante para que público possa ter as oportunidades para ver o que produzido, que o cinema é o reflexo da sociedade e que discute temas universais”, conta Raquel Hallak, diretora da Universo Produções e coordenadora do programa Cinema sem Fronteiras.

Por razões óbvias, Raquel acredita que a escolha do tema da redação foi bastante oportuno. “São cinco milhões de pessoas pensando e escrevendo sobre o cinema. As pessoas pararam para pensar como projetos fazem diferença e como contribui para o senso crítico. A gente vê uma paralisação das políticas públicas sobre o cinema. Essa é uma indagação para mostrar que precisamos dar continuidade. Pensar cinema como indústria, geração de renda e emprego. Oportunidade de mostrar o país e as comunidades”, completa Raquel.

Cinema ao ar livre na CineOP
Cinema ao ar livre na CineOP. Foto: Leo Lara/Universo Produção Divulgação

Cinema para todos

Outro projeto apoiado pela lei federal de incentivo à cultura que difunde o audiovisual é o “Cultura na Praça”. Ele surgiu em 2017 e já contemplou mais de 10 mil pessoas. Dessa maneira, leva oficinas e exibição de filmes para praça das cidades do interior do Pará e Maranhão. “Começamos com a montagem de um curta documentário com membros da comunidade e depois de um mês exibimos o resultado, junto a um longa. Muitas dessas pessoas não têm acesso ao cinema. Sendo assim, evento vira um acontecimento na cidade”, conta o cineasta Gilberto Scarpa.

Foi por meio do projeto que o Ayron Pereira, de Igarapé do Meio, no Maranhão, teve acesso ao cinema. Foi graças ao Cultura na Praça que ele pode ter repertório para construir argumentos e redigir a redação do Enem. “Tivemos aula sobre a história do cinema e por meio disso, consegui ter uma base para argumentar e colocar na minha redação”, conta Ayron.

Gilberto fica muito feliz em saber disso. O cineasta acredita que o que impede a difusão do audiovisual é a pouca quantidade de salas e o acesso. “A exibição em espaço público, como o projeto faz, ajuda para reverter esse quadro”, salienta Scarpa.

Inclusão na produção audiovisual

Helder Quiroga, coordenador de audiovisual da ONG Contato vê a difusão do audiovisual como algo muito importante, principalmente para a economia. “É um dos setores  que tem a cadeia produtiva mais complexa. Compreende mecanismos desde a pesquisa até desenvolvimento tecnológico. Além de resgatar a identidade, autoestima e falar sobre a realidade das pessoas”, afirma.

Em meio a esse contexto a Contato ajuda jovens de baixa renda fomentando a inclusão social por meio do audiovisual e produção de conteúdo. Durante os 17 anos de existência, a ONG realizou diversos trabalhos. Dessa maneira, foram contempladas as áreas da formação, capacitação, intercambio, geração de conteúdo, informação, pesquisa e políticas públicas. Em resumo: tudo isso de forma gratuita por meio de palestras, oficinas, exibições, cursos, capacitação e pesquisa.

“Nossa participação é fomentar o interesse e a capacitação dos agentes para complexidade e a importância que o audiovisual tem na economia. Defendemos a difusão e a inclusão. Hoje as barreiras que o setor encontra são barreiras de cunho ideológico”, salienta.

 

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