
Banda Lagum. Foto: Julia Amaral/Divulgação
Pedro Calais, o vocalista da banda Lagum, é um rapaz de frases curtas. Uma objetividade que serve para esconder certa timidez. Isso, no entanto, não significa que ele tenha pouco a dizer. Muito menos quando o assunto se relaciona diretamente com quem faz parte da mesma geração que ele.
Tanto é que Coisa de geração, a faixa que dá nome ao novo disco da banda, norteia também o conceito do álbum. “Fala bastante sobre os meus sentimentos, da vida que estamos levando agora, temas que são atemporais e que acabam sendo tratados como a visão da nossa geração”, comenta Calais.
Este é o segundo CD da carreira da banda formada em Belo Horizonte em 2014. O primeiro, “Seja o que quiser”, saiu em 2016 e, rapidamente, colocou Lagum entre as revelações do cenário pop brasileiro. Como hoje em dia o que dita a popularidade de uma banda são views e streams, Pedro, Otávio Cardoso, Francisco Jardim, Tio Wilson e Jorge tem marcas relevantes.
Deixa, o single gravado em parceria com Ana Gabriela, atingiu 9 milhões de visualizações no YouTube. Entre os fãs famosos de Lagum, por exemplo, está Neymar. Do disco novo, faixas como Detesto despedidas e Andar sozinho (com participação de Jão), já tem, respectivamente, três e dois milhões de streams no Spotify.
14 faixas
“Tem muita gente ouvindo o disco inteiro”, se surpreende Pedro. O retorno que tem recebido do público chama a atenção porque o disco produzido por Paul Raphs tem 14 faixas. Vamos combinar que na era dos singles e dos EPs, surpreendentemente pouca gente tem o hábito de ouvir um disco inteiro.
“Isso para mim era uma coisa um pouco surreal. Achava 14 faixas muito. Cheguei a propor tirar algumas para a galera digerir melhor”, conta. Pelo visto, não foi necessário.
Coisa de geração foi gravado em Belo Horizonte no estúdio do Jota Quest. O quinteto começou o trabalho com oito letras prontas e todas as outras foram criadas ao longo dos três meses em que estiveram por lá.
O nome de Paul Raphs, que tem no currículo com bandas como Kid Abelha, por exemplo, foi uma sugestão da gravadora. “Ele tem uma organização fenomenal. Soube usar as qualidades de cada um”, lembra Pedro.

Banda Lagum. Foto: Julia Amaral/Divulgação
Composição
Calais é também o letrista do Lagum. Ele conta que chegava ao estúdio com “neuras” – normais de quem lida diretamente com criação – e logo acalmava. “Paul vinha com umas referências que me ajudavam. As ideias iam evoluindo”, completa.
Em resumo, a sonoridade do Lagum mistura referências que vão do reggae ao pop. As letras são simples e dizem muito sobre o cotidiano dos jovens. Neste segundo disco, Pedro fala sobre romance, viagem, inquietações de quem parece mudar de fase na vida. “Até os meus amigos dizem que eu sumi / Assumo, essa é a vida que eu escolhi / A gente não tá perto, mas tô longe de esquecer / Então vê se me atende”, canta em Oi.
Pedro Calais diz ser um compositor que gosta de falar do cotidiano, de criar personagens e, principalmente, histórias para eles. “É um pouco a maneira como eu falo as coisas. Tem amor, tem raiva e o meu jeito de falar”.
Vida agitada
De uma maneira geral, as letras revelam que a rotina anda bem movimentada. Ou melhor, não existe rotina. “É uma vida que eu sempre quis: fazer música, estar com os meus amigos, conhecendo lugares diferentes. O que eu mais gosto é justamente não ter a rotina”, conta Pedro.
Lagum segue viajando bastante. Dessa maneira, antes da pausa para a gravação do disco, passaram por cidades do estados Ceará, Pernambuco, Bahia, Paraná, Santa Catarina, Rio de Janeiro e São Paulo com a turnê de Verão. Em cada parada, Pedro diz dar atenção especial para o público. “Gosto muito de perceber que as pessoas estão entendendo o que eu quero dizer”, afirma.
Nova turnê
O show em Belo Horizonte, no próximo dia 29 de junho, marca início da turnê do novo disco. Sendo assim, Pedro Calais é discreto na revelação dos detalhes. Conta que Jão estará na capital para participar da música Andar sozinho, a mesma que gravou no álbum. O vocalista da Lagum também fica feliz em anunciar que a abertura será da banda Daparte, amigos/músicos da mesma geração.
“O show desse disco acaba colocando um ponto final no conceito que a gente pensou”, revela. Isso significa, por exemplo, que o público pode aguardar uma extensão daquilo que eles cantam para a parte estética do espetáculo. E tem mais: “cada música tem um vídeo diferente. É no show onde tudo se amarra. É a cereja do bolo”. Sem dúvida, assim os fãs também esperam.