Na AML, a escritora mineira Conceição Evaristo vai ocupar a cadeira de número 40, tendo sido eleita com 30 votos, entre 34 votantes
A Academia Mineira de Letras elegeu nesta quinta feira, dia 15, a nova ocupante da cadeira de nº 40. Assim, ela será ocupada por Conceição Evaristo, ficcionista e poeta mineira, e um dos nomes mais importantes da literatura brasileira contemporânea. Desse modo, segundo a comissão de apuração, formada pelos acadêmicos Antonieta Cunha, J. D. Vital e Luis Giffoni, a escritora disputou a vaga com outros cinco candidatos. Contudo, dos 34 votantes, Conceição recebeu a maioria dos votos: 30. A cadeira de número 40 foi fundada por Pinto de Moura e tem como patrono Visconde de Caeté. Desse modo, já foi ocupada por Affonso Penna Júnior e, depois, pela professora doutora, ensaísta, romancista, poeta e crítica literária Maria José de Queiroz, falecida em novembro passado.
Comemoração
De acordo com Jacyntho Lins Brandão, presidente da Academia Mineira de Letras, a chegada de Conceição Evaristo à Academia Mineira de Letras é motivo de comemoração. “A par do reconhecimento de sua trajetória como professora, romancista e poeta, com justiça celebrada no Brasil e no exterior, (a eleição tem também o sentido de impregnar esta casa com suas qualidades e história de vida, essa prática da literatura por ela denominada escrevivência. Uma vivência, aliás, profundamente marcada por Minas e por Belo Horizonte”, pontua.
Ainda sobre Conceição, a acadêmica Maria Esther Maciel, adiciona o fato de a mineira ser uma das escritoras mais notáveis da literatura brasileira contemporânea. Tal qual, “poderosa representante das mulheres negras em nosso país”. “Conceição Evaristo vem trazer, para a Academia Mineira de Letras, a força da negritude, da diversidade e dos saberes afro-brasileiros”. Desse modo, complementa, a eleição dela é “um grande acontecimento literário e político-cultural para Minas e o Brasil”.
Conceição Evaristo
Nascida na favela do Pindura Saia, na região Centro-sul de BH, Maria da Conceição Evaristo de Brito teve a primeira publicação lançada em 1990. Foi na série “Cadernos Negros”, antologia coordenada pelo grupo Quilombhoje, coletivo de escritores afro-brasileiros de São Paulo. Daí, a Mazza Edições publicou as primeiras obras individuais, “Ponciá Vicêncio” (2003) e “Becos da Memória” (2006). Elas foram seguidas por “Poemas da Recordação e outros movimentos” (2008) e “Insubmissas Lágrimas de Mulheres (2011)”, ambas chanceladas pela Editora Nandyala. Tanto a Mazza quando a Editora Nandyala, vale lembrar, são editoras mineiras sediadas em BH.
As obras foram reeditadas: “Ponciá Vicêncio” e “Becos da Memória” pela Pallas, e os dois outros, pela Malê. Atualmente, além dos livros já citados, tem publicados os livros “Olhos d’Água” (Pallas), “História de Leves Enganos e Parecenças” (Malê), “Canção para Ninar Menino Grande” (Pallas) e “Macabéa: Flor de Mulungu” (Oficina Raquel).
Antologias
Conceição Evaristo também participou de várias antologias nacionais e estrangeiras. Entre elas, a já citada “Cadernos Negros” (Quilombhoje, 1990). Do mesmo modo, “Schwarze prosa” e “Schwarze poesie”, (Alemanha, 1993) ou “Moving beyond boundaries: international dimension of black women’s writing” (1995). Tal qual, de “Women righting – Afro-brazilian Women’s Short Fiction” (Inglaterra, 2005); “Finally Us: contemporary black brazilian women writers” (1995) e “Fourteen female voices from Brazil” (Estados Unidos, 2002). Completam a lista “Chimurenga People” (África do Sul, 2007) e “Callaloo” vols 18 e 30 (1995, 2008), entre outras.
Além disso, a mineira tem parte da produção – poemas, contos, romances e ensaios – traduzida, no caso, para idiomas como o inglês, francês, árabe, espanhol, eslovaco e italiano. Em 2015, Conceição Evaristo recebeu o Prêmio Jabuti, na categoria contos e crônicas, por “Olhos D’Água”. Em 2017, recebeu o Prêmio Cláudia na categoria Cultura. Já em 2018, o Prêmio Revista Bravo na categoria Destaque. E, ainda, o Prêmio do Governo de Minas Gerais pelo conjunto da obra; o Nicolás Guillén de Literatura pela Caribbean Philosophical Association e o Mestre das Periferias pelo Instituto Maria e João Aleixo.
Em 2019, Conceição Evaristo foi a grande homenageada do 61° Prêmio Jabuti, como personalidade literária. Em 2023, ganhou o Prêmio Juca Pato como Intelectual do Ano. Não bastasse, foi laureada com o prêmio Elo no Festival Internacional das Artes de Língua Portuguesa.