Três cantoras – Paula Morelenbaum, Roberta Sá e Áurea Martins – prestam tributo a Clara Nunes em projeto do produtor Pedrinho Alves Madeira
Patrícia Cassese | Editora Assistente
Paula Morelenbaum, Roberta Sá e Áurea Martins. Em dias diferentes, mas neste final de semana, as três cantoras vão subir ao palco do Centro Cultural Unimed – BH Minas para homenagear a saudosa Clara Nunes. Trata-se do projeto “Clara 40 Anos Luz”, idealizado pelo produtor Pedrinho Alves Madeira. O ponto de partida acontece nesta sexta, com o show “O Avesso de Clara”, que reúne Paula Morelenbaum e Jaques Morelenbaum Quarteto. No sábado, é a vez de Roberta Sá e Duo (Samara Líbano ao violão e Paulino Dias na percussão) apresentarem “Clara À Flor da Pele” – As canções de Paulo César Pinheiro”. Já no domingo, o projeto se encerra com “Clara: O Canto de um Povo”, com Áurea Martins + Caio Prado + Jaime Alem Trio.
Além dos shows, haverá, ainda, convidados que vão falar sobre o legado de Clara Nunes. Assim, nesta sexta, antes do show de Paula Morelenbaum, o público poderá assistir a um bate-papo com o jornalista especializado em música Mauro Ferreira. Na apresentação deste dia, a tônica recai para um repertório pouco associado à voz de Clara Nunes. São canções de Antônio Maria, Dolores Duran, Caetano Veloso, Chico Buarque, Tom Jobim, Noel Rosa e Dorival Caymmi. Algumas foram extraídas de dois históricos shows realizados na década de 1970. Primeiramente, “Poeta, Moça e Violão”, com Clara, Vinicius de Moraes e Toquinho. Do mesmo modo, “Brasileiro, Profissão Esperança”, que a juntou ao ator Paulo Gracindo.
Roberta Sá
No domingo, o bate-papo, marcado para as 18h, será com o maestro Jaime Alem e a cantora Nair Cândia. O sábado é o único dia em que haverá apenas o show, com Roberta Sá. O título – “Clara À Flor da Pele” – As canções de Paulo César Pinheiro” – já sinaliza o repertório, dedicado às composições do marido e parceiro de Clara Nunes. Ao Culturadoria, Roberta Sá conta que aceitou o convite para integrar o projeto “com muita alegria e responsabilidade”. “Fui incumbida da difícil missão de cantar as canções que um marido fez para sua mulher cantar. E esse marido é simplesmente um dos maiores letristas do país. Assim, precisa de uma abordagem muito respeitosa e delicada”, explica ela.
Para além desse recorte, Roberta Sá comenta que, sempre que ouve Clara, pensa: é a maior do mundo. “Pelo timbre belíssimo, técnica e afinação perfeitas, repertório primoroso – além de muita personalidade. Em tempos de tanta intolerância religiosa, ainda nos dá, até hoje, uma lição de fé e coragem”. Já dentro da peneira de sua apresentação, ela cita duas músicas como referência. “Forças da Natureza” e “Minha Missão”. “A primeira aborda de forma apocalíptica a questão climática, que é algo que me preocupa muito. E a segunda é o antídoto dessa angústia. Essas duas descrevem sentimentos que frequentam minha alma”.
Áurea Martins
Alegria foi também o sentimento que invadiu Áurea Martins quando recebeu o convite para integrar o projeto. “Ao mesmo tempo, uma certa insegurança, por nunca ter frequentado o mundo de Clara Nunes. Só olhava de longe, com admiração. Esta é uma oportunidade que estou tendo de ampliar o meu conhecimento musical no trabalho grandioso dessa artista que marcou o mundo musical brasileiro, o samba, o forró, as canções, a bossa, a MPB em geral”.
Aos 83 anos, Áurea Martins lembra que conheceu Clara Nunes no início da carreira, quando veio a BH pela primeira vez. “Aliás, Minas foi o primeiro estado no qual fui já cantando profissionalmente”. A carioca conta que sempre foi fã do timbre da mineira, mas a admiração por Clara se estendia também à escolha do repertório, ao visual, à beleza e à simpatia. “Na verdade, uma grande referência para qualquer cantora, portanto, para mim também”.
Jaime Alem
Já no que tange às músicas que se eternizaram na voz de Clara Nunes, Áurea conta que é difícil destacar uma, em particular. No entanto, ao fim, acabou optando por “Ave Maria dos Retirantes” ((Alcyvando Luz / Carlos Coquejo). “Fico impressionada com a beleza harmônica do texto desta música”, exalta. No show de Áurea, no domingo, a primazia recai para sambas, jongos e canções com as temática nordestina e afro-brasileira. Assim, “Clara: O Canto de um Povo”, que também conta com o cantar de Caio Prado, terá o maestro Jaime Alem na direção musical, arranjos, vocais e violão.
Em tempo: criada pelo videomaker Nelio Costa e Pedrinho Alves Madeira, uma vídeo instalação apresentará, nos três dias do projeto, um perfil cronológico da cantora, através de fotos e vídeos. A exibição acontece no foyer do Centro Cultural Unimed- BH Minas.
Serviço
Projeto “Clara 40 Anos Luz”
Onde. Centro Cultural Unimed – BH Minas (Rua da Bahia, 2244, Lourdes)
Paula Morelenbaum & Jaques Morelenbaum Quarteto – Show “O Avesso de Clara”
Conversando sobre Clara Nunes – Mauro Ferreira (jornalista e crítico musical)
Sexta, dia 29 de setembro, às 20h.
Roberta Sá & Duo (Samara Líbano ao violão e Paulino Dias na percussão) – Show “Clara à Flor da Pele” – Canções de Paulo César Pinheiro
Sábado, dia 30, às 20h
Áurea Martins + Caio Prado + Jaime Alem Trio – Show “Clara: O Canto de um Povo”
Conversando sobre Clara Nunes – Maestro Jaime Alem e Nair Cândia (cantora) – 18h
Domingo, 1 de outubro, 18h
Ingressos para cada show
R$ 50 (inteira) / R$ 25 (meia). À venda nas bilheterias do teatro e no site eventim.com.br
Outras informações: (31) 3516-1360 / minastenisclube.com.br/cultura
Classificação: Livre
Criação e Direção Artística: Pedrinho Alves Madeira