Patrocinado pela Stella Artois, evento destaca chefs e subchefs que promovem gastronomia típica da culinária mineira
Aline Gonçalves | Colunista Gastronomia
A culinária mineira, como qualquer outra regional, nasceu e sobrevive diariamente pelas mãos de mulheres, donas de casa, mães e cozinheiras. No entanto, ao homem foi dado o privilégio de ocupar, de maneira majoritária, a liderança de cozinhas profissionais. Tentando reverter um pouco dessa lógica e dar luz a chefs e subchefes mulheres de Belo Horizonte, até domingo, a Stella Artois organiza um circuito gastronômico com 12 estabelecimentos (veja lista abaixo), que participam com pratos tradicionais de Minas Gerais ou releituras a valores entre R$ 30 e R$ 90. O evento integra as comemorações pelo mês da gastronomia mineira – o dia é celebrado em 5 de julho – e tem Bruna Martins, do Birosca S2, como embaixadora.
Entre os pratos disponíveis nos restaurantes até dia 31 de julho, há desde cambito de leitoa com polenta de milho crioulo vermelho (R$ 64), no Capitão Leitão, até Baião de Dois com pernil confitado com quiabo tostado, queijo coalho e couve (R$ 32), no Maturi.
“Escolhemos grandes mulheres da gastronomia mineira aqui de Belo Horizonte, que representam um protagonismo ativo na culinária e que tivessem uma pegada mais regionalista. A gente propôs para que elas criassem pratos inspirados na cozinha mineira com elementos típicos, como quiabo, ora-pro-nóbis, mandioca, carne de panela, entre outros.
Então nossas escolhas foram baseadas nisso. Temos outras chefs sensacionais, mas que são especialistas em comida mexicana, japonesa, por exemplo, que não chamamos porque não se enquadram tanto nessa questão da culinária mineira”, explica Maria Julia Casarini, coordenadora de Marketing da Ambev Minas. “Stella tem uma história super interessante na questão do protagonismo feminino. Foi uma das primeiras cervejarias do mundo a ter uma CEO mulher, Isabella Artois, ela era esposa do fundador da marca. Estamos mudando a ótica para realmente dar visibilidade para as chefs, dando uma luz para essas mulheres, que muitas vezes estão na gastronomia e não são valorizadas ou não são tão vistas quanto os homens”, completa Maria Julia.
Para a chef Naiara Faria, do La Palma, a proposta do evento é significativa. “É importante porque a gente vive em uma cultura machista, com os homens mais valorizados que as mulheres. Nós precisamos batalhar muito mais para sermos valorizadas e reconhecidas. Eventos como este mostram que nós, mulheres, conseguimos fazer um trabalho tão bom, igual e até melhor que alguns homens. A gente merece, por tudo que trabalhamos, que fazemos, que lutamos no dia a dia”, analisa. Não por acaso, Naiara escolheu um prato que homenageia sua avó: a Costelinha da Jorda (R$ 69). “Ela fazia muito angu, carne suína e tem a folha mineira mostarda, sempre no nosso dia a dia”, diz.
Já a chef Samira Sylrio, do Boteco Nada Contra, apresenta um caldinho de surubim com taioba e torresminho (R$ 18), trazendo suas influências capixabas. Ela também celebra a iniciativa: “abre espaço para os temas mais delicados que permeiam os bastidores da mulher na cozinha profissional, e, quando somos apoiadas por empresas direta ou indiretamente, isso nos respalda a falar, confrontar e nos estabelecer cada vez mais”, observa. Por outro lado, Samira reflete que ainda há um longo caminho a ser construído. “Conquistar espaço do ponto de vista profissional é bem maior do que temos visto. Continuamos sendo assediadas, sem equiparação salarial, sem regulamentação e sem direitos. São muitos os pontos ainda a serem discutidos”, ressalta.

Participantes do Circuito
Birosca S2, por Bruna Martins
Vaca Atolada, costela de boi com mandioca e manteiga de garrafa noisete
Rua Silvianópolis, 483, Santa Tereza
Boteco Nada Contra, por Samira Sylrio
Caldinho de Surubim com taioba e torresminho
Rua dos Aimorés, 629, Funcionários
Capitão Leitão, por Ana Beatriz
Cambito de leitoa com polenta de milho crioulo vermelho
Rua Silvianópolis, 364, Santa Tereza
Caravela, por Viviana Miranda
Arroz de Cabidela, arroz caldoso de frango, finalizado com o sangue do mesmo
Av. Prudente de Morais, 202, Cidade Jardim
Confraria da Carol, por Carolina Machado
Jarret de porco com polenta de queijo do Serro
Rua Turfa, 252, Prado
Cozinha Santo Antônio, por Ju Duarte
Saber-sabor de Maria da Cruz (maçã de peito Angus e mandioca, milho, casquinha de queijo e um verdinho do quintal)
(rua São Domingos do Prata, 453, Santo Antônio)
Dona Lucinha, por Marcia Nunes
Mineirinho (tutu com costelinha ao molho de rapadura e agrião d’água)
Rua Padre Odorico, 38, Savassi
La Palma Restaurante, Pizzaria e Cervejaria, por Naiara Faria
Costelinha da Jorda (costelinha ao molho de canjiquinha com polenta frita e mostarda folha salteada)
Rua Professor Jerson Martins, 146, Aeroporto
Las Chicas Vegan, por Gabriela Andrade
Broa de milho crioulo, jaca desfiada e calda de goiabada
Avenida Augusto de Lima, 233, Sobreloja 20, centro
Matula Marmitas: Casa de Vó, por Carolina Fadel
Frango com quiabo, angu de moinho d’água, arroz, feijão e farofa crocante + Broa de Fubá da Maria Clara
Delivery, via Ifood
Maturi, por Regilene Coelho
Baião de Dois com pernil confitado com quiabo tostado, queijo coalho e couve.
R. Mármore, 169, Santa Tereza
O Jardim Restô Bar, por Izabela Rocha
Picolé de costelinha glaceado, com canjiquinha cremosa e couve bem fininha
Avenida Cônsul Antônio Cadar, 117, Santa Lúcia
Curso
Além do Circuito, até dia 31 de julho, Stella Artois patrocina um curso complementar para profissionais do setor de gastronomia, oferecido em parceria com o Sebrae, destinado exclusivamente para o sexo feminino, no qual mulheres do Brasil inteiro poderão se inscrever. Será on-line, com 1.800 vagas. O curso tem até oito módulos de capacitação, sobre marketing na gastronomia. As aulas têm início em agosto e as interessadas podem se inscrever via formulário