Curadoria de informação sobre artes e espetáculos, por Carolina Braga

Cinco pontos que chamaram a atenção no Oscar 2019

‘Green Book: o guia’ conquistou o Oscar de Melhor filme de 2019. Alfonso Cuarón levou o prêmio de direção por ‘Roma’

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Se existisse um Oscar do Oscar, ou seja, um prêmio para o melhor momento da cerimônia, Lady Gaga e Bradley Cooper teriam sido os campeões em 2019. Com todo respeito ao show do Queen, com Brian May, o baterista Roger Taylor e o Adam Lambert, mas a performance de Shallow juntou tudo o que uma festa desse tipo precisa. Celebridades, ótima relação com o público, excelência técnica e, principalmente emoção.

Afinal, Oscar, gente, é um show de televisão. Tudo o que vier além disso é lucro. Sendo assim, tivemos uma linda – e forte – presença negra nos palcos. Algo bastante diferente dos últimos anos.

Mas, voltando à dupla de Nasce uma estrela, eles formam o não casal mais lindo de Hollywood. E com direito a declaração fofa. “Bradley, não há uma única pessoa no planeta que possa ter cantado essa música comigo além de você. Obrigado por acreditar em nós”, disse Gaga ao receber o Oscar de melhor canção por Shallow.

Lady Gaga e Bradley Cooper no Oscar. Foto: Aaron Poole/Divulgação

Sobre amar

Aliás o afeto se sobressaiu também no último – e mais esperado – discurso da noite. Ao receber o prêmio de melhor filme do ano por Green Book: o guia, Peter Farrelly falou sobre o que mais importa. “A história toda é sobre amor. É sobre amar uns aos outros apesar das nossas diferenças”. Quem anunciou a última estatueta foi Julia Roberts, elegantérrima em um vestido rosa pink.

Roma, que tinha dez indicações, terminou a noite com três (fotografia, estrangeiro e direção). A derrota para Green Book na categoria principal também deixa um recado à Netflix do quanto os acadêmicos ainda são tradicionais. Foi um duplo ‘calma aí’ para um filme que inova em sua forma de distribuição e criaria um recorde ao ser o primeiro em língua não inglesa a conquistar o prêmio. Ou seja, por esse ponto de vista, o resultado foi convencional.

O melhor desempenho da noite foi de Bohemian Rhapsody, que conquistou quatro das cinco categorias as quais foi indicado. Confira outros destaques que chamaram nossa atenção durante a cerimônia.

 

Spike Lee recebe o Oscar de melhor roteiro adaptado. Foto: Academy/Divulgação

 

Negros no palco

O sinal da importância do movimento #Oscarsowhite é a transformação, não apenas da temática dos filmes, mas a presença negra entre os indicados e os apresentadores da cerimônia. Spike Lee reconheceu isso em entrevista. Ainda falta muito para a igualdade, mas os organizadores da cerimônia demonstraram escuta. Foi o diretor quem levantou a bandeira do protesto e o próprio foi um dos agraciados com a estatueta de melhor roteiro adaptado por Infiltrados na Klan.

No discurso, Lee foi feliz ao falar sobre ancestralidade. “Se todos nós nos conectarmos com nossos ancestrais, teremos amor, sabedoria, recuperaremos nossa humanidade. Será um momento poderoso. A eleição presidencial de 2020 está chegando. Vamos todos mobilizar. Vamos todos estar do lado certo da história. Faça a escolha moral entre amor versus ódio. Vamos fazer a coisa certa!”, disse.

 

As mães e avós nos discursos

Regina King foi a primeira a subir ao palco para pegar a estatueta de melhor atriz em papel coadjuvante em Se a rua Beale falasse. Abriu a série de discursos de maneira afetiva, com homenagens à mãe, bastante emocionada na plateia. “Obrigada por me ensinar que Deus está sempre inclinado, sempre esteve inclinado em minha direção”. Ruth Carter, que conquistou o Oscar de melhor figurino com Pantera Negra, começou agradecendo Spike Lee e também citou a mãe. “Minha carreira é construída com paixão para contar histórias que nos permitem conhecer a nós mesmos melhor. Isto é para minha mãe de 97 anos assistindo em Massachusetts. Mãe, obrigada por me ensinar sobre as pessoas e suas histórias. Você é o super-herói original”, disse. Da mesma forma, Spike Lee e Marhershala Ali dedicaram atenção às avós.

 

Cuarón e a costumeira elegância

Alfonso Cuarón é muito elegante. No porte e no que fala. Sendo assim, sempre tem uma contribuição. Ao receber o Oscar de melhor diretor de 2019, fez questão de chamar atenção para os aspectos políticos presentes em Roma. “Quero agradecer à Academia por reconhecer um filme centrado em torno de uma mulher indígena, uma dos 70 milhões de trabalhadores domésticos no mundo sem direitos trabalhistas, um personagem que historicamente tem sido relegado ao fundo no cinema. Como artistas, nosso trabalho é olhar onde os outros não olham. Essa responsabilidade se torna muito mais importante nos momentos em que estamos sendo encorajados a desviar o olhar”, alfinetou.

 

Olívia Colman surpresa com o prêmio. Foto: Phil McCarten/Divulgação

 

A atriz sem palavras

Olívia Colman pareceu de fato sem palavras quando ouviu seu nome na categoria melhor atriz pela performance no filme A Favorita. “É realmente estressante estar aqui. Isso é hilário. Eu tenho um Oscar”, suspirou com a estatueta nas mãos. Glenn Close era a favorita e realmente foi uma surpresa. Dessa maneira, nas breves palavras cheias de emoção, Colman confessou que no passado imaginou como seria viver a situação de ganhar um Oscar. “E quando eu costumava trabalhar como faxineira, e amava esse trabalho, passava muito do meu tempo imaginando isso”, lembrou.

 

Gaga e a luta pelo sonho

A postura dela na hora do anúncio do prêmio de melhor atriz deu a entender que ela acreditava em uma vitória. Ou seja: sinal do otimismo e da obstinação de Lady Gaga. Característica, aliás, que ela sempre deixou muito clara ao longo da carreira. Dessa maneira, ela vai mesmo atrás das coisas que acredita e faz da melhor forma possível. Ao receber o Oscar por Shalow fez questão a importância de se lutar pelos seus sonhos.

“E se você está em casa e está sentado em seu sofá e está assistindo isso agora, tudo que tenho a dizer é que isso é um trabalho difícil. Eu tenho trabalhado duro por um longo tempo e não é sobre, você sabe, ganhar, mas o que é sobre não desistir. Se você tem um sonho, lute por isso. Se há uma disciplina para paixão, e não se trata de quantas vezes você é rejeitado ou cai ou você é espancado. É sobre quantas vezes você se levanta e é corajoso e continua em frente”.

 

 

 

 

Confira a lista de vencedores:

Melhor Atriz Coadjuvante: Regina King – Se a rua Beale falasse

Melhor Documentário: Free Solo

Melhor Maquiagem: Vice

Melhor Figurino: Pantera Negra

Melhor Desenho de Produção: Pantera Negra

Melhor Fotografia: Roma

Melhor Edição de Som: Bohemian Rhapsody

Melhor Mixagem de Som: Bohemian Rhapsody

Melhor filme em língua estrangeira: Roma

Melhor montagem: Bohemian Rhapsody

Melhor ator em papel coadjuvante: Mahershala Ali – Green Book: o guia

Melhor animação: Homem-Aranha no Aranhaverso

Melhor curta em animação: Bao

Melhor curta documentário: Period. End of Sentence.

Melhor efeitos visuais: O primeiro homem

Melhor live action: Skin

Melhor roteiro original: Green Book

Melhor roteiro adaptado: Infiltrado na Klan

Melhor trilha sonora: Pantera Negra

Melhor canção: Shallow – Nasce uma estrela

Melhor ator: Rami Malek -Bohemian Rhapsody

Melhor atriz: Olivia Colman – A Favorita

Melhor diretor: Alfonso Cuarón – Roma

Melhor filme: Green Book: o guia

 

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