Jean-Luc Godard é um nome fundamental na construção da história do cinema. No próximo dia 03 de dezembro ele completa 90 anos. O diretor franco-suíço ganhou destaque principalmente por ser o pioneiro na Nouvelle Vague. O movimento tinha como objetivo desafiar e desconstruir as bases do cinema que já estavam estabelecidas. Isso quer dizer que a grande indústria da época privilegiava grandes produções, narrativas tradicionais e formatos pré-moldados, como os filmes de Hollywood, por exemplo. Dessa forma, Godard desenvolveu produções mais experimentais, desafiando as convenções e priorizando o diretor, o chamado filme de autor.
A Nouvelle Vague perdurou durante as décadas de 1950 e 1960. Além de Godard, outros grandes nomes do movimento foram François Truffaut, Claude Chabrol, Jacques Rivette e Eric Rohmer. Vale lembrar que o pensamento da Nouvelle Vague influenciou movimentos no mundo todo. Um deles foi o Cinema Novo, que existiu no Brasil entre 1960 e 1970. Veja aqui cinco filmes para entender o período.
Em resumo, o cinema de Jean-Luc Godard é um dos mais inventivos e influentes. Ele também tratou de assuntos políticos, refletiu sobre a arte e está sempre em busca de inovar esteticamente e nas narrativas. Sendo assim, como a história é complexa, extensa e cheia de nuances, selecionamos cinco filmes para você rever ou começar a embarcar na obra de Godard.
Acossado (1960)
Godard chegou chegando no seu primeiro longa. Acossado é considerado o filme que marcou o surgimento da Nouvelle Vague. Além disso, ganhou o Urso de Prata de Melhor Diretor em Berlim. O longa narra a história de Michel Poiccard (Jean-Paul Belmondo), que após roubar um carro em Marselha, foge para Paris. Durante o caminho, mata um policial que o tentou prender. Já na capital francesa, precisa convencer Patricia Franchisi (Jean Seberg) a escondê-lo.
O desprezo (1963)
O cineasta Fritz Lang interpreta ele mesmo e está dirigindo um longa metragem na Itália. O filme em questão é baseado na Odisseia, de Homero. O escritor Paul (Michel Piccoli) foi contratado para escrever o roteiro por 10 mil dólares. O desprezo, presente no título surge quando a esposa de Paul, Camille (Brigitte Bardot), acha que foi vendida para o produtor. Ela acredita piamente nesse fato quando o escritor insiste para que ela fique sozinha com o homem. Então, uma série de mal entendidos faz a relação do casal desandar. O filme é um dos mais célebres da Nouvelle Vague e está disponível no YouTube.
Week-end à Francesa (1967)
A crítica ao consumo e à sociedade dita o ritmo da produção. Além disso, abre caminho para produções mais politizados de Godard que surgiram a partir desse momento. O enredo acompanha um casal que planeja uma viagem para o interior da França para resgatar uma herança. No entanto, o meio do caminho revela vários obstáculos: engarrafamento, acidentes de trânsito e situações surreais, violentas e apocalípticas. Tudo isso resultado dos problemas sociais da citada sociedade consumista.
Eu vos saúdo, Maria (1985)
Polêmico, o filme relata a vida de Maria, uma jovem que trabalha no posto de gasolina do pai. Ela engravida ainda virgem e é acusada de infidelidade pelo noivo. Dessa forma, surge um estranho chamado Gabriel e tenta convencer o rapaz que toda a confusão faz parte de um plano de Deus. Te lembrou alguma história? Quando chegou ao Brasil, em 1986, o filme foi proibido de estrear nas salas de cinema por razões religiosas. A proibição foi feita no governo José Sarney (1985-1990) e durou quase três anos.
Adeus à linguagem (2014)
Engana-se quem acha que um filme mais recente de Godard não fugiria do tradicional. Adeus à linguagem foi feito em uma espécie de 3D experimental e explora a história de uma mulher casada que vivencia um romance proibido com outro homem. No entanto, a narrativa não é simples assim. É como se ele fosse dividido em duas partes. Senso assim, na segunda, a mesma história é explorada, mas com uma perspectiva um pouco diferente, o que faz com que o espectador tenha acesso a duas versões de uma mesmo relacionamento.
Venceu o Prêmio do Júri no Festival de Cannes, em 2014, e Melhor Filme pela Sociedade Nacional de Críticos de Cinema dos EUA, no mesmo ano.